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Oposição do Fluminense trabalha por impeachment do presidente Horcades

Pedido será apresentado ao presidente do conselho deliberativo até semana que vem. Ação é encabeçada por vice-presidente geral

Cahê Mota
Itu, SP




Em situação desesperadora no Campeonato Brasileiro e vivendo um verdadeiro campo minado no futebol, o Fluminense atravessa um dos piores momentos de sua história também no âmbito político. A oposição ameaça deflagrar em breve o processo de impeachment do presidente Roberto Horcades.

Com base nas ações do dirigente em seu mandato atual, que teve início em 2008, um grupo de conselheiros - encabeçado pelo benemérito Silvio Kelly e com ajuda do vice-presidente geral do clube, José de Souza - tem colhido assinaturas para entrar no Conselho Deliberativo pedindo a saída do atual mandatário. Para que isso seja possível, é necessário um mínimo de 50 assinaturas dos 300 conselheiros do clube (150 beneméritos e 150 eleitos), permitindo assim que o caso seja repassado ao presidente do conselho, Carlos Henrique Mariz.

Os opositores usam como base o item C do artigo 58 do estatuto do clube:

"São motivos para pedir o Impedimento do Presidente (...) ter ele acarretado, por ato ou omissão, prejuízo considerável ao patrimônio ou à imagem do Clube"

O crescimento da dívida entre 2007 e 2008 é a principal alegação do grupo de conselheiros. Neste período, o passivo saltou de R$ 280 milhões para R$ 320 milhões, segundo dados fornecidos pela Casual Auditores Independentes.


Entenda os passos do processo

Uma vez com as assinaturas em mãos, Carlos Henrique Mariz tem até 30 dias para convocar uma reunião extraordinária do conselho. O quorum mínimo para que o tema seja votado é de 151 conselheiros. Caso a pauta seja aprovada, dá-se início ao período de acusação e defesa da ação, até que seja votado em plenário o impeachment. A decisão é tomada por maioria simples de votos.

Se a maioria optar por destituir Horcades do cargo, o vice geral, José de Souza, assume o comando por 45 dias, prazo para a convocação de novas eleições para um mandato tampão até o fim de 2010. Exatamente como aconteceu no Flamengo na época do impeachment de Edmundo dos Santos Silva.

José de Souza garante que as assinaturas devem ser entregues ao presidente do conselho no mais tardar no início da próxima semana. Segundo o vice geral, cerca de 60 conselheiros já aderiram à causa, mas há uma precaução:

- Em cima da hora alguns podem ser convencidos a desistir. Queremos um número maior para que o processo seja aceito pela presidência. O estatuto do clube sempre foi olhado como peça de ficção. Agora estamos agindo com base em alguns ferimentos causados pelo Horcades, como orçamento e desrespeito a normas – disse o vice geral, que descartou qualquer possibilidade de se candidatar à presidência caso aconteça o impeachment.

Nos corredores do clube, circula a informação de que a situação estaria trabalhando para reduzir o número de assinaturas, com a ajuda do presidente do patrocinador, Celso Barros. A informação revoltou José de Souza.

- Que o Celso não extrapole os limites dele, que não é nada além de patrocinador do clube. Caso contrário, vai sobrar para a Unimed.

José de Souza afirmou ainda que conversou com Horcades e o orientou a se afastar do cargo por 120 dias, opção que foi ignorada. Presidente e vice, por sinal, vivem um racha político há um longo período e praticamente não se falam.

Caso o impeachment seja colocado em pauta no conselho deliberativo, há ainda uma outra opção para Roberto Horcades, que é o pedido de um mandado de segurança que o mantenha no cargo.

Procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, Horcades não foi localizado. Seu assessor jurídico, Marcelo Penha, preferiu não comentar o assunto. O único encontrado foi o vice de futebol, Tote Menezes, que saiu pela tangente:

- Meu negócio é futebol .Não tenho nada a ver com isso. Eu já tenho muito problema. Não vou me meter nisso.


Funcionários com dois meses de salários atrasados

Como se não bastassem todos os problemas políticos e com o time de futebol, o Tricolor pode ter uma novidade nada agradável em breve. Incomodados os dois meses de salários atrasados, funcionários do clube cogitam fazer uma greve. O vice geral, Jose de Souza, não se preocupa.

- É só boato.