Na última entrevista em General Severiano, técnico nega mágoa da torcida e diz que sai com dever cumprido: ‘Jamais fecho a porta, a deixo encostada’
Joel Santana se emociona ao iniciar última coletiva
em General Severiano (Foto: Gustavo Rotstein)
em General Severiano (Foto: Gustavo Rotstein)
Após pedir demissão em reunião com a diretoria, Joel Santana concedeu entrevista coletiva, na manhã desta terça-feira, em General Severiano. Acompanhado do presidente Maurício Assumpção e do vice de futebol André Silva, o treinador explicou sua saída do clube depois de 14 meses de trabalho. Emocionado, Joel disse, com a voz embargada, que não dá adeus ao Botafogo, e sim, até breve.
- É difícil... Depois de 14 meses numa casa como essa... Aprendi que às vezes, no futebol, é melhor dizer até breve do que nunca mais. Deixo amigos fiéis, leais. Os números estão aí. Fomos campeões... Deixo o clube em primeiro lugar, e não em último. A vida continua. O Botafogo é maior do que nós todos. Jamais fecho a porta, a deixo encostada. Vou cuidar da minha vida e cuidar do meu futuro.
Durante a entrevista, Joel interrompeu uma resposta para pedir que alguém levasse até ele sua famosa prancheta, que estava no carro. Com ela em mãos, ele mostrou uma foto com Nilton Santos que o acompanhou durante todo o trabalho no clube. Antes de prosseguir seu pronunciamento, o técnico beijou a imagem.
Joel Santana exibe sua famosa prancheta com fotos do ídolo Nilton Santos (Foto: Gustavo Rotstein)
Joel fez questão de explicar que as vaias e xingamentos sofridos na derrota por 2 a 0 para o Vasco, no domingo, no Engenhão, não foram determinantes para a sua decisão de sair do Glorioso. No entanto, ele admitiu que já vinha se desgastando há algum tempo com torcedores que não representam a maioria.
- Alguns (jornalistas) estão colocando que estou com desavença com torcida, mas não estou. É claro que você não agrada a todo mundo. Estou tranquilo. Muitos botafoguenses me ligaram para pedir para eu ficar - contou.
Depois de ter recebido agradecimentos tanto do presidente Maurício Assumpção, quanto do vice de futebol André Silva, Joel Santana destacou o bom ambiente no Botafogo e a amizade com jogadores e, principalmente, com os membros da diretoria.
- Nunca trabalhei tão tranquilo nesses 30 anos com a direção de um clube como aqui. Futebol não é só dentro de campo, é fora também. Tivemos uma união muito grande. Não é fácil chegar como nós chegamos e sair como estamos saindo. Acima de tudo com honra, dignidade e respeito. Não é todo dia que um profissional de futebol consegue fazer o que nós fizemos. Mas quero agradecer ao presidente, ao vice, a todos os jogadores. Falei lá dentro (no vestiário) para eles que se algum dia puxei a orelha deles mais forte é porque quero o melhor para eles, pois os trato como a alguém da minha família. O compromisso nesse momento no Botafogo foi rompido, mas o outro compromisso, o de amizade, continuará para sempre - afirmou.
Ainda sem uma definição sobre o seu futuro daqui para frente, Joel disse que deixa o comando técnico do Botafogo com o sentimento de dever cumprido. O nome do treinador já começa a aparecer entre os cotados para assumir o Fluminense, que vem encontrando dificuldades para contratar um técnico desde a saída de Muricy Ramalho.
- Sei que o Botafogo vai ter um futuro brilhante, pois esta estrela vai estar sempre brilhando. Estou saindo com sentimento de missão cumprida e vamos ver o que o futuro nos espera daqui para frente. Espero que possa trabalhar numa casa que, se não me der igual condições, me dê ao menos uma condição parecida.