Oswaldo rebate Loco Abreu e diz que ninguém o queria de volta ao Bota
Técnico confirma que foi contra o retorno do atacante, ironiza a declaração de amor ao clube e não coloca uruguaio na relação de ídolos alvinegros
Oswaldo de Oliveira não deixou sem resposta as afirmações do atacante Loco Abreu
de que ele seria o responsável por sua saída do Botafogo. O técnico
rebateu e disse que foi contra o empréstimo para o Figueirense, embora
diga que o jogador tenha ficado insatisfeito com a reserva e se recusado
a disputar jogos fora do Rio de Janeiro. Além das críticas, não incluiu
o ex-camisa 13 em uma lista de ídolos alvinegros.
- Não fiz força para ele sair, foi o contrário. Fiz força para ele
ficar. Fui pedir a ele três vezes para não sair, já que iríamos ter uma
carência. Mas acabou que fizemos muitos gols no Brasileiro, o ataque não
era o problema. Ele não me dizia que não queria ficar, só depois fui
saber que ele estava negociando a saída. Da última vez que conversei,
foi no jogo contra o Inter. Ia ficar na reserva e não quis viajar.
Aliás, só jogava no Rio. Não viajou para Paraíba, Campinas, Campos,
Macaé... Eu não quis que ele voltasse. Se bate no peito e diz que é
botafoguense, não pode se recusar a entrar em campo quando o time
precisa - disparou.
Oswaldo afirmou que sua motivação para barrar Loco sempre foi técnica e
acrescentou que não esteve sozinho ao ser contra a volta dele.
- O Abreu é uma página virada no Botafogo. Pode até voltar como
treinador, presidente, porque tem uma representatividade grande no
clube. Todos nós respeitamos. Discordo frontalmente do que ele disse.
Sempre afirmei que não houve problema tático, e sim técnico. Não estava
rendendo, não estava fazendo gols como o Bruno Mendes fez e até o
Seedorf fez. É fácil ir lá para o Uruguai, atrás da trincheira, e falar.
Isso é uma das razões pela qual não voltou. Lá no Figueirense mostrou
que não estava preparado para cumprir seu papel. Quase não jogou. Quando
não quis a volta, não fui sozinho. Diretoria, comissão, jogadores...
todos foram contra. Muitos gostam dele, mas julgam que ele não nos
ajudaria. Pode ser que agora no Nacional (de Montevidéu) ele se
condicione e volte a fazer um bom papel.
Oswaldo pediu para não comentar mais o assunto
Loco Abreu (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
Loco Abreu (Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo)
O treinador acredita que o momento das declarações de Loco foi
inapropriado e avisou que esta foi a última vez que falou sobre o
atacante uruguaio. Oswaldo chegou a contestar o status do atacante,
autor do gol do título estadual de 2010, de ídolo alvinegro.
- Acho que se valoriza demais isso em um momento inadequado, explorando
a sensibilidade da torcida do Botafogo, que tem uma carência. É uma
situação que poderia ser evitada. Peço que não se fale mais isso. É um
assunto constrangedor. Reconheço ídolos como Garrincha, Túlio, Carlos
Alberto, Gottardo, Gonçalves... esses foram grandes campeões. Sempre vou
dizer que ele saiu porque não estava fazendo gols. Inclusive, em seu
último jogo, que foi o nosso primeiro no Brasileiro, contra o São Paulo,
o time fez quatro gols no segundo tempo depois que ele saiu e o Herrera
entrou. Eu lamento é a saída do Herrera.
Loco Abreu chegou ao Botafogo em 2010 e marcou de pênalti, com
cavadinha, no jogo que valeu o título do Carioca daquele ano, contra o
Flamengo. Tornou-se ídolo da torcida, mereceu uma camisa especial (com a
cor da celeste uruguaia e o escudo do Botafogo) e costurou o símbolo
alvinegro na peça que usa por baixo do uniforme. O atacante perdeu
espaço com a chegada de Oswaldo de Oliveira, em 2012, e declarava que
não se encaixava no seu sistema de jogo. Foi emprestado ao Figueirense
no meio do ano, mas teve desempenho apagado e marcado por seguidas
lesões. Na volta, rescindiu seu contrato com o Botafogo, recebendo R$
1,8 milhão, e se acertou com o uruguaio Nacional por dois anos.