Rádio Nacional: fenômeno de massa populariza times cariocas no Brasil
Paulo Roscio, diretor do documentário "Rádio Nacional, o Filme", relembra momentos marcantes: 'Maior veículo de comunicação de todos os tempos'
Apesar de todo avanço da tecnologia na mídia com a chegada da internet, transmissões digitais nas televisões e outras ferramentas disponíveis, o rádio segue sendo o meio de comunicação mais popular do Brasil. E para traduzir toda essa história da paíxão do brasileiro pela 'caixinha' com pilhas, o documentário "Rádio Nacional, o Filme", de Paulo Roscio, chega aos cinemas do Brasil para contar a fase de ouro da emissora. Segundo Roscio, a força que os times cariocas têm até hoje nas Regiões Norte e Nordeste, deve-se em função do alcance que a Rádio Nacional tinha na época durante transmissões dos jogos das equipes (assista ao vídeo).
- Sem dúvida. Inclusive aos sábados, o grande programa da Rádio Nacional na tarde era de César de Alencar. Para o Rio de Janeiro transmitia o programa e para o resto do Brasil, em ondas curtas, ela transmitia os jogos daqui do Rio. Então, era muito comum o time carioca jogar no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e ter torcida infinitamente maior que os times locais. Isso motivou que os torcedores de quase todo o Brasil, ao invés de torcerem pelos seus times, torcessem pelo Vasco, Botafogo, América, Bonsucesso, Olaria - explicou durante o "Redação SporTV".
Torcida do Flamengo lota o Engenhão (Foto: André Durão/Globoesporte.com) - A Rádio Nacional é o maior veículo de comunicação de todos os tempos, realmente um grande fenômeno de comunicação de massa. E eu sou ouvinte de rádio desde o início. Todos nós crescemos ouvindo rádio, principalmente o futebol. Naquele tempo não tinha televisão com transmissão ao vivo. Então, a gente ouvia futebol no radinho de pilha. Estava fazendo o documentário da Orquestra Tabajara e fui gravar na Rádio Nacional. Comecei a perceber que ali tinha muita história e me apaixonei pela história da rádio. Levei seis anos e meio para fazer este documentário - explicou.
Além do filme "Rádio Nacional, o Filme", o cineasta produziu e dirigiu vários documentários e shows, destacando-se “Orquestra Tabajara”, “Heróis de uma Nação”, “Geração de Prata”, “A Elegância do Samba”, ”De Mãos Dadas” e “Zico na Rede” que foi eleito um dos oito melhores documentários iberoamericanos de 2009 em Huelva, na Espanha.
Confira os melhores momentos do filme no "Redação"
"Rádio Nacional, o Filme"
Por meio de resgate de conteúdo de arquivos e de depoimentos de 35 pessoas, entre artistas, jornalistas, humoristas, pesquisadores, radialistas e ex-funcionários, o filme traça a história da Rádio Nacional desde sua criação, em 12 de setembro de 1936, até os dias de hoje.
Um dos pontos altos da emissora relatada por Paulo Roscio foi o concurso feito para escolher o melhor jogador de futebol do Brasil, em 1951, patrocinado por um remédio. Os votos deveriam ser enviados com uma embalagem do medicamento. Em depoimento no filme, Sérgio Cabral contou que o laboratório não conseguiu suprir a demanda, já que Ademir Menezes, artilheiro da Copa do Mundo de 1950, foi eleito com 8 milhões de votos. Foi a maior votação que um brasileiro recebeu, até a eleição de Jânio Quadros, em 1961.
- Era um concurso que quem votava não estava concorrendo há coisa alguma. Não tinha nenhum prêmio. Era só para eleger - destacou Roscio.
Trecho do filme "Rádio Nacional, o Filme" (Foto: Reprodução/ SporTV) O filme também destaca uma história de glórias e traumas da emissora que ao longo dos anos 1940 e 1950 foi o maior veículo de comunicação de massa do país. Roberto Carlos, Sérgio Cabral, Luis Carlos Saroldi, Chico Anísio, Boni, Cauby, Marlene, Luiz Mendes, Daisy Lúcidi, Gerdal dos Santos, entre outros artistas, radialistas, jornalistas e pesquisadores, revelam fatos dos bastidores e realçam o amplo significado da Rádio Nacional.
Programas como o "Repórter Esso", "PRK-30", "César de Alencar", "Paulo Gracindo", "Balança mas não cai" e rádionovelas "O Direito de Nascer" e "Jerônimo, o herói do sertão" são destacadas no filme de Paulo Roscio.