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Botafogo: sucesso em campo que vem da gestão

Diretoria transforma Botafogo em verdadeira empresa e recoloca futebol do clube no caminho das vitórias

Mauricio Assumpção do Botafogo (Crédito: Paulo Sérgio)  
Mauricio Assumpção liderou uma série de mudanças na gestão do Botafogo (Crédito: Paulo Sérgio)
 
Daniel Leal, Hugo Perruso e Léo Burlá
No Rio de Janeiro
 
A maior parte dos torcedores olha para dentro de campo ao analisar a boa fase de seu clube. Os fãs, no entanto, precisam obrigatoriamente conhecer o que se passa no interior do Botafogo para entender o sucesso alcançado na temporada passada. Iniciado há dois anos, o novo modelo de gestão do Glorioso recolocou as contas em dia, mudou a mentalidade dos funcionários e levantou o futebol.

Apesar dos claros avanços, Mauricio Assumpção, presidente do Botafogo, faz questão de reiterar que nada de novo foi inventado – apenas aplicou conceitos de gestão empresarial no Alvinegro.

Quando chegou à presidência, no início de 2009, Assumpção encontrou cenário distante do ideal: quadro de funcionários do clube desequilibrado, gigantesca dívida trabalhista e um elenco apenas razoável. O arranque natural seria reforçar a equipe, certo? Errado.

– Era inadmissível que o clube ficasse nas mãos de vice-presidentes que não poderiam se dedicar 24 horas por dia ao clube. Mas não posso simplesmente acabar com esses cargos. O que precisávamos fazer era criar, abaixo dos vice-presidentes, as diretorias executivas – explicou ao LANCENET! o presidente.

OS MANDACHUVAS
Mauricio Assumpção
Presidente do clube
Sérgio Landau
Diretor executivo da presidência
"A condição colocada foi de que
tivéssemos uma gestão puramente
profissional, com diretores fortes para
cada departamento. Juntos, montamos
essa equipe, que vem fazendo um
ótimo trabalho. Nem todo o Conselho
Deliberativo apoia, mas a maioria
entende as mudanças que estão
acontecendo", conta o
ex-vice de finanças Cláudio Good.
"O diretor executivo da presidência
toca o dia a dia de uma série de
assuntos no clube. Fora dele,
representa o presidente nas discussões
com empresas e na solução de problemas.
Mas tenho um limite. A assinatura de
um documento é do presidente.
Tenho de debater internamente com
ele e com os vice-presidentes. Precisa
desse equilíbrio de entendimento",
explica Landau.

O processo de escolha dos novos dirigentes, que se dedicariam integralmente ao Glorioso, fugiu do padrão clubístico brasileiro, baseado em indicações de pessoas já envolvidas no meio. O Botafogo buscou profissionais do mercado, não necessariamente ligados ao futebol.

Definidos os executivos, o problema passou a ser a relação entre os dirigentes profissionais e os não remunerados. Em princípio, houve resistência de alguns vice-presidentes, que chegaram a deixar o cargo, como o de finanças, Cláudio Good. O papel do mandatário foi, então, conciliar os dois lados.

Futebol deixa de 'bancar' o clube

No departamento de futebol, a diretoria promoveu, assim que assumiu, imediata mudança de organograma. Na gestão anterior, o setor possuía vice-presidente, diretor e colaboradores. Estes últimos, de cara, foram extintos, substituídos por um gerente, cargo até então inexistente.

Escolhido para a função, Anderson Barros teve de tornar os demais departamentos independentes do seu. Naquele momento, todos os setores do clube dependiam das receitas do futebol, que, para piorar, não tinha estrutura ideal para funcionar.

Anderson, então, separou seu departamento: criou alas administrativa, jurídica e de comunicação exclusivas. Passou a funcionar independentemente dos outros setores, sem qualquer influência externa. Como diz Assumpção, o futebol ficou blindado.

OS ESCUDEIROS
Quem éPalavra do presidente
Nome: Renato Blaute
Cargo: Diretor financeiro
Como chegou à atual gestão:
Participou de seleção com
outros candidatos
"Na época, o Cláudio Good era o diretor
financeiro e  entrevistou o Renato Blaute,
que tinha 12 anos de Fluminense, sabia
como era o dia a dia de um clube de futebol,
tinha trabalhado em empresas do mercado
financeiro. Ou seja, era uma pessoa que
sabia trabalhar dentro daquele modelo que
estávamos tentando trazer aqui para dentro"
Nome: Marcelo Guimarães
Cargo: Diretor comercial
Como chegou à atual gestão:
Participou de seleção com
outros candidatos
"Além dele, tivemos mais umas duas ou três
indicações. O conselho diretor pegou os
currículos dessas pessoas, traçou o perfil
desejado e deu a três pessoas uma tarefa:
montar uma apresentação do que seria o
marketing do Botafogo para eles.
Escolhemos o Marcelo, que era um cara do
mercado, porque apresentou o melhor
conteúdo e o melhor trabalho"
Nome: Joana Prado de Oliveira
Cargo: Diretora jurídica
Como chegou à atual gestão:
Já fazia parte do jurídico do clube
"A Joana já estava aqui quando essa
gestão assumiu. O vice jurídico da época,
que era o Gustavo Noronha, teve a
incumbência de conversar com as pessoas
do departamento e saber se a equipe que
estava aqui tinha ou não condições de
trabalhar no modelo que gostaríamos. Ele
identificou que sim. Então, mantivemos ela"
Nome: Anderson Barros
Cargo: Gerente de futebol
Como chegou à atual gestão:
Participou de seleção com
outros candidatos
"Precisávamos contratar um gerente de
futebol. Criamos essa cargo, que não
existia.  Num primeiro momento, ele não
pôde trabalhar dentro do organograma
que considerava ideal, mas, em 2010,
isso já começou a acontecer. Ele enxugou
o quadro de funcionários, fez um
organograma diferenciado, especificou as
funções de cada um"