Ana Cleide, Jacqueline Costa, Domingos Peixoto e Ediane Merola
RIO - De acordo com informações da polícia, nove bandidos que mantinham 35 reféns no Hotel Intercontinental, em São Conrado, na manhã deste sábado, foram presos. Todos os hóspedes já foram libertados. Ninguém ficou ferido. Policiais fazem uma varredura no estabelecimento. Bandidos fizeram os reféns após um confronto com policiais, que levou pânico às ruas do bairro. Uma mulher morreu, atingida por uma bala perdida.
O porta-voz da PM, coronel Lima Castro, disse que não restou outra alternativa aos bandidos a não ser se entregar. Com os criminosos, foram apreendidos oito fuzis, cinco pistolas e munições.
O intenso tiroteio nas ruas de São Conrado começou por volta das 8h30m deste sábado. O corpo da mulher foi encontrado em frente ao número 611 da Avenida Aquarela do Brasil, um condomínio de classe média. Um blindado da PM está no local. O confronto teria começado quando policiais ineterceptaram um "bonde" de traficantes do Morro do Urubu, na Zona Norte, que chegava à Rocinha, para uma festa. De acordo com a PM, no mínimo 40 bandidos circulavam por São Conrado em três vans e cinco motos, além de carros, quando se depararam com patrulhas do 23º BPM (Leblon). Na tentativa de fuga, homens encapuzados invadiram o hotel.
Um grande esquema de segurança foi armado pela polícia em volta do Intercontinental. Policiais do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Especiais, com apoio de helicópteros, cercaram o local.
A empresária Caroline Melo contou que estava no saguão do hotel quando bandidos entraram. Ela e mais 14 pessoas se trancaram em uma sala, onde permaneceram até a chegada de um policial. Moradora de Jacarepaguá, a empresária participaria de um congresso médico no hotel:
- Eles entraram calmamente e, se não tivessem mostrado as armas, eu nem teria percebido o que estava acontecendo.
Morador da Avenida Niemeyer, um senhor contou que teve que deitar no chão da varanda de sua casa por causa do tiroteio.
- Nunca vi nada parecido. Eles estavam fortemente armados. O play do meu prédio está cheio de balas.
Um grupo de dentistas e profissionais da área de odontologia participavam de um evento do setor, no Intercontinental. Segundo parentes de pessoas que estavam no local, quando começou o tiroteio, os profissionais começaram a subir as escadas e chegaram ao 15º andar. De acordo com eles, a energia do Itercontinental chegou a ser cortada.
Mulher foi vítima de bala perdida
A mulher, ainda não identificada, foi morta por bala perdida quando uma equipe da polícia cruzou com bandidos armados. Houve troca de tiros e policiais tiveram que quebrar a porta de vidro de uma agência de carros, no final da rua, para se proteger. A equipe só saiu do local agora há pouco, com a chegada do "caveirão" da Polícia Militar. O tiroteiro teria começado depois que policiais interceptaram um "bonde" de traficantes.
No microblog Twitter, moradores relataram o clima é de pânico nas ruas próximas à favela da Rocinha e ao Fashion Mall. Segundo os relatos, bandidos atiraram em direção à favela e roubando veículos nas imediações do Hotel Nacional. Moradores fugiram dos disparos deitando no chão.
O cientista político Luiz Eduardo Soares resumiu a situação, em seu Twitter: "Estou no Afeganistão? Não, sou repórter de guerra na Zona Sul do Rio de Janeiro. Se moradores dos prédios estão assustados, imagino na Rocinha."
Os túneis Zuzu Angel e Acústico chegaram a fechar por causa do tiroteio, no sentido Barra da Tijuca. Por volta das 9h10m, estas vias foram abertas. Moradores chegaram a abandonar seus veículos no túnel.