Bota investe para tornar o Engenhão um estádio moderno e seguro
Estudo feito por faculdade gaúcha aponta que é possível a total evacuação do local em apenas seis minutos e meio com um público de 47 mil pessoas
A tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde 231 pessoas
morreram após um incêndio em uma boate, sensibilizou o Brasil e iniciou
uma série de discussões sobre segurança em locais que recebem grandes
públicos. No esporte não é diferente, já que os locais de competição
recebem constantemente multidões. No Engenhão, um dos mais modernos estádios do país, o Botafogo tem tentado se cercar de cuidados para que não ocorram grandes problemas.
Soraia Musse, Capitão Fabiano, Sergio Landau e Alex Busquet (Foto: Fred Huber)
O diretor geral Sergio Landau contou que o clube contratou uma equipe da PUC-RS para desenvolver um estudo sobre as condições de segurança do estádio. O resultado foi positivo. O Engenhão tem sido palco de testes feitos pelo comitê organizador da Copa de 2014.
- A tragédia não foi fato motivador, mas mexe com nosso íntimo. Isso já é uma preocupação antiga nossa, as questões de segurança são vistas constantemente. Nosso estádio é moderno, aprovado pelo COI em termos técnicos e de todo sistema de segurança de evacuação. A capacidade é de 45 mil, e para as Olimpíadas será ampliada para 60 mil. Limitamos a 42 mil pessoas em grandes eventos. Contratamos o trabalho da PUC-RS assuntos voltados para segurança. Os estudos demonstraram que o estádio tem todas as condições.
De acordo com Soraia Musse, professora da PUC-RS e responsável pelo trabalho, foram feitas diversas simulações, por exemplo, para o caso de necessidade de evacuação do estádio caso aconteça alguma grande ameaça aos torcedores. Ela afirmou que em todas as possibilidades analisadas o resultado foi bom. De acordo com o estudo, em apenas seis minutos e meio é possível evacuar o Engenhão lotado, com quase 47 mil pessoas.
- Nós desenvolvemos pesquisas de simulação de multidões. Reconstruímos no computador e, a partir daí, desenvolvemos as simulações em todos os tipos de cenário, como, por exemplo, com saídas abertas ou fechadas. Medimos o tempo de evacuação para 47 mil pessoas e deu seis minutos e meio, o que é um tempo bom. Depois fizemos com a saída em caracol fechada e tivemos o tempo de sete minutos. Na medição de densidade de pessoas por metro quadrado, nunca apareceu um número perigoso.
Engenhão tem sistema de monitoramento
com câmeras (Foto: Globoesporte.com)
com câmeras (Foto: Globoesporte.com)
De acordo com Alex Busquet, médico-chefe do Engenhão, os cuidados para
que os torcedores tenham uma boa assistência médica também são
rigorosos. Segundo ele, o clube trabalha sempre com uma oferta maior do
que é considerada a mínima. Normalmente o estádio conta com quatro
ambulâncias e três postos médicos.
- Disponibilizamos condições acima das que são consideradas mínimas, de
acordo com a expectativa de público. Fazemos o atendimento
pré-hospitalar e levamos para o hospital, caso seja necessário. No
Engenhão, a circulação das ambulâncias pode ser feita em qualquer um dos
níveis, e com rapidez. Temos quatro ambulâncias com UTI móvel e três
postos médicos. Cada ambulância tem médico, enfermeiro e condutor
especial com curso de primeiros socorros.
O Capitão Fabiano, do Gepe, grupamento especial de policiamento em
estádios, o Engenhão atende a todos as exigências sobre a segurança dos
torcedores. Ele disse que a PM tem a preocupação de monitorar a
movimentação das torcidas, principalmente as organizadas, no entorno das
praças esportivas.
- Obedecemos a legislação de grandes eventos esportivos. Hoje o
Engenhão apresenta aprovação total, não há problemas de segurança.
Existe o laudo dos Bombeiros, do CREA e da Vigilância Sanitária também.
Fazemos análise quantitativa e qualitativa do público e vemos os riscos
em até 5 mil metros de entorno do estádio. Analisamos vias de acesso e
rivalidade de torcidas organizadas, que são acompanhadas desde a
concentração até a dispersão após os jogos. Tem dado resultado, temos o
controle total. Cada jogo é uma história e tem os seus riscos.
O consumo de bebidas no entorno é considerado pelo policial um grande
problema para o policial, já que as pessoas tendem a entrar no estádio
nos 15 minutos que antecedem o início das partidas, o que gera confusão
por causa da grande concentração. Ele acredita que o melhor seria fazer a
comercialização dentro dos próprios estádios.