Objetivo é ter menos jogos e mais ordem no estádio no ano que vem
O Botafogo começou a arrumar a casa de dentro para fora. Alvo constante das críticas de jogadores, técnicos e dirigentes, o gramado já está em reforma. Como a quantidade de jogos em 2011 ultrapassou o limite previsto, não houve tempo para recuperação da grama. Por isto, o Botafogo encaminhou ofícios à CBF, Federação e Conmebol nos quais solicitou maior intervalo entre as partidas e a extinção das rodadas duplas no Campeonato Carioca.
— O convênio assinado com Flamengo e Fluminense previa de 80 a 90 jogos por ano. Entre jogos e eventos (treinos de adversários visitantes), tivemos 110 partidas, número bem acima do que imaginamos. Queremos o uso racional do Engenhão — disse Sérgio Landau, diretor executivo do Botafogo e administrador do estádio.
Viaduto e solução que vem de fora
A solução para acelerar a recuperação e deixar o gramado em boas condições para as primeiras rodadas do Carioca, que começará no dia 21 de janeiro, vem de fora. O Botafogo contratou um técnico estrangeiro para cuidar da grama e importou equipamentos adequados para o reparo.
— A grama é carente da luz do sol e no inverno não recebe iluminação adequada, devido ao projeto arquitetônico do estádio. Nivelamos o gramado e, junto com o equipamento e o consultor internacional, a grama será bem tratada a tempo do Carioca — garantiu Landau.
A urgência é necessária também para resolver os problemas no entorno do Engenhão. Ambulantes, estacionamentos clandestinos e trânsito caótico nas apertadas ruas de acesso estão na mira de um grupo de trabalho coordenado pela Federação e que reúne o Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014, Superintendência de Desportos do Estado do Rio (Suderj), Polícia Militar, CET-Rio, Guarda Municipal e Secretaria Especial da Ordem Pública (Seop).
— Será um trabalho em conjunto e também um treinamento para a Copa do Mundo. Entendemos neste último ano que é preciso melhorar muito o acesso ao estádio e acabar com a confusão no entorno. Figuras que atrapalham o bom fluxo de torcedores e veículos, como os vendedores ambulantes, serão impedidos de se aproximarem do estádio. Os estacionamentos clandestinos, que funcionam sem planejamento, tiram receita do estádio e atrapalham o trânsito, serão extintos. Tudo isto já pensando na Copa — afirmou Landau.
Melhorar o trânsito virou obsessão. No último ano, a via-crúcis a caminho do estádio esteve, ao lado das condições do gramado, no topo da lista de reclamação dos torcedores. Seja pela Linha Amarela ou pelas ruas paralelas à linha do trem, chegar ao Engenhão em dias de jogos com grande público é um grande exercício de paciência, por mais que o incentivo ao uso do transporte público seja feito pelos administradores. O serviço, principalmente da SuperVia, não é satisfatório — após os jogos, os usuários têm de esperar cerca de uma hora para os trens saírem da estação. A solução será construir um viaduto.
— O projeto é fazer um viaduto para melhorar o acesso de uma vez por todas. Isto não é imediato, mas o choque de ordem no entorno valerá já a partir da primeira rodada do Carioca. Não conseguiremos resolver os problemas sem o apoio do poder público. Nunca — frisou Landau.
O diretor executivo também apela ao poder público para liberar o consumo de bebidas alcoolicas dentro dos estádios brasileiros. A medida será votada pelo Congresso dentro do pacote da Lei Geral da Copa do Mundo. Mas Landau afirma que a liberação para as demais competições seria mais um atrativo para os torcedores e evitaria o problema dos vendedores ambulantes.
— Enquanto a bebida alcoolica não for liberada, o torcedor ficará do lado de fora, causando tumulto nas ruas e dificultando o acesso ao estádio. Fizemos um estudo em um jogo com 30 mil pessoas. Até 20 mil pessoas podem entrar minutos antes de começar o jogo. Isto causa uma confusão enorme. Com a bebida liberada, teríamos shows programados para uma hora antes, restaurantes, bares... Além de gerar receita, colabora para a entrada mais ordenada — explicou Landau.