Meia se diverte com apelido dado por imprensa local e sonha com volta ao Botafogo após pendurar as chuteiras
Para Lucio Flavio, é como se 2010 não tivesse terminado. Dos Estados Unidos, onde passou as férias com a família em dezembro, ele seguiu diretamente para o México, onde se apresentou ao Atlas. Campeão de um torneio amistoso no dia 30 de dezembro, treinou no dia 31 e em 1º de janeiro. Com o trabalho intenso, ainda não teve tempo de pensar com calma na vida pós-Botafogo. Mas ele garante que o sentimento é de otimismo e a mágoa é zero, mesmo depois de uma temporada marcada pelas constantes vaias da torcida no Engenhão.
A noite de Reveillon em Guadalajara teve a companhia do meia Elias, ex-Atlético-GO, do preparador físico Luís Otávio Duarte, do goleiro chileno Miguel Pinto e do zagueiro colombiano Wilman Conde e suas respectivas famílias. Foi o momento de Lucio Flavio pedir um ano melhor, já que 2010 foi de altos e baixos.
À esquerda, Lucio Flavio comemora primeiro título com a camisa do Atlas, do México (Foto: Divulgação)
- Ao fim do Brasileiro estava imaginando que o Botafogo não tivesse a intenção de renovar meu contrato. Existia um desgaste natural, e por isso poderia haver uma mudança. Mas não fiquei chateado, por que o futebol é assim. Não dá para esperar algo diferente disso. Acho que cumpri meu papel, e o clube tem outra visão de projeto para o elenco. Foram cinco anos importantes para mim, com bons e maus momentos - disse Lucio Flavio por telefone, de Guadalajara.
Se bastava um pequeno erro, ou nem isso, para receber vaias no Engenhão, no México Lucio Flavio ganhou o apelido de “Pelé branco” numa manchete de um jornal esportivo local. A situação, criada por um jornalista em sua entrevista coletiva de apresentação no Atlas, foi encarada com bom humor pelo jogador.
- Não existe outro Pelé negro, quanto mais branco. Tomei um susto quando o repórter fez essa comparação, mas depois entendi que no México existe sempre uma referência à Seleção Brasileira de 70. Eles gostam muito dos jogadores que conquistaram o tricampeonato mundial jogando quase todas as partidas aqui em Guadalajara. Então, eles tentam trazer para este lado tudo que se refere ao futebol do Brasil - explicou.
Imprensa mexicana chamou Lucio Flavio de 'Pelé
branco' (Foto: Reprodução / MedioTempo)
branco' (Foto: Reprodução / MedioTempo)
Em pouco mais de uma semana no Atlas, Lucio Flavio comemorou o título de um torneio amistoso em Guadalajara. O meia, que entrou no segundo tempo das duas partidas da competição, ainda busca a melhor adaptação ao futebol mexicano, que avalia como de velocidade e maior obediência tática, em comparação com o Brasil. Ele afirma que ainda é cedo para dizer se o novo rumo foi positivo, mas admite que, diante da pressão sofrida pela torcida do Botafogo, talvez o melhor fosse buscar um outro caminho.
- Sempre tive bom relacionamento com a maior parte, mas acho que pesou a torcida que ia ao estádio. Estava partindo para o lado pessoal, o que é ruim porque atinge todo o elenco e faz com que o trabalho da equipe seja prejudicado. Por isso, muitas vezes é mais fácil apostar numa nova situação. Acho que o Botafogo pensou em tudo isso - observou.
Mas depois de 239 jogos e 64 gols marcados – incluindo a artilharia do Engenhão, com 23 gols –, ele afirma que sua trajetória no Botafogo pode não ter acabado. Lucio Flavio, de 31 anos, ainda não decidiu o que pretende fazer quando encerrar a carreira, mas sonha retornar a General Severiano no futuro, seja como treinador, auxiliar ou dirigente.
- Gosto muito do clube, onde fiz amizades, e não posso descartar nada em relação a isso. Não sei em qual função, mas gostaria de trabalhar no Botafogo um dia. Quando estiver faltando uns dois anos para encerrar a carreira, penso melhor sobre isso.