Esquecido, 'velhinho das embaixadas' sonha voltar na abertura do Maracanã
Aos 85 anos, Jankel Schor sente saudades do tempo em que pegava o táxi para se apresentar antes dos jogos. Engenhão surge como possibilidade

Jankel Schor vestido com o uniforme do Brasil. Ele
sonha voltar ao Maracanã (Foto: Felippe Costa)
sonha voltar ao Maracanã (Foto: Felippe Costa)
Qual torcedor carioca não se lembra daquele senhor que arrancava
aplausos ao fazer inúmeras embaixadas antes dos jogos no gramado do
Maracanã? Pois é. Aos 85 anos, Jankel Schor sente saudades do tempo em
que era ovacionado de pé e sonha estar presente na reabertura do
estádio, que tem previsão de ser entregue em fevereiro de 2013. Além
disso, o salário mínimo da aposentadoria não tem mais o adicional de R$
70 por cada exibição.
- Sinto muita saudade. Me lembro como se fosse hoje quando o estádio
fechou. Um diretor veio me dizer que meu trabalho se encerrava naquele
momento. Foi triste, pois fiquei dez anos no Maracanã e ganhava R$ 70
por cada apresentação. Gastava R$ 30 com o táxi. Sobrava R$ 40. Mesmo
assim, era feliz. Vou tentar um contato com o Eduardo Paes (prefeito do
Rio de Janeiro e ex-presidente da Suderj), que me ajudou na época, para
voltar na reabertura. Tenho uma história bonita - disse.
Nascido na Russia, Jankel chegou ao Brasil com apenas cinco anos de
idade. Desde então, sonhava brilhar nos campos de futebol e chegou a
jogar pela equipe do Confiança, do bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro.
Mas foi fazendo embaixadinhas que acabou ganhando fama no futebol
carioca.
Ajuda do amigo Edmundo
Ajuda do amigo Edmundo
Tudo começou através de um pedido do ex-jogador Edmundo, em 1998. Os
dois se conheciam das partidas de futevôlei na praia de Copacabana, e
Jankel aproveitou um evento do Vasco para se aproximar de Eurico
Miranda. O ex-presidente o convocou no mesmo dia.
- Brincava de futevôlei em Copacabana. Um certo dia, teve uma festa do
Vasco na praia. Pedi ao Edmundo, que já me conhecia, para me apresentar
ao Eurico. Fui até ele e disse que gostaria de fazer uma exibição em São
Januário. Me deu uma chance na mesma noite, pois o Vasco tinha um jogo.
Me arrumei e fui para o estádio. Chegando lá, acabei sendo barrado por
um diretor que não acreditou que eu estava a convite do Eurico. Quando
já estava desistindo, passou um capitão da PM e me reconheceu da praia. O
cara me salvou. Entrei e tudo começou. Fiquei dois anos no clube -
disse ele, que chegou a viajar com a delegação vascaína para a disputa
do título mundial contra o Real Madrid em Tóquio (derrota brasileira por
2 a 1).
- Pedi para viajar. O Eurico me levou, mas não consegui me apresentar no gramado. Os seguranças me tiraram. Os japoneses são exigentes.
- Pedi para viajar. O Eurico me levou, mas não consegui me apresentar no gramado. Os seguranças me tiraram. Os japoneses são exigentes.
Botafogo pode abrir as portas do Engenhão
Um convite seria muito importante para a minha vida"
Jankel Schor
Sem convites para voltar, Jankel espera uma oportunidade para se
apresentar no Engenhão, que é administrado pelo Botafogo. Depois de
bater bola com Deco em sua apresentação no Fluminense, o russo sonha
encontrar agora o holandês Seedorf.
- Eu estava na abertura do Engenhão. Gostaria de voltar para lá. Eles
me conhecem. Quem sabe não bato uma bola com o Seedorf? Fiz na
apresentação do Deco. Seria maravilhoso poder voltar. Hoje, faço minhas
embaixadas na praia do Leblon, mas não é a mesma coisa. Tenho 85 anos,
estou próximo de fazer uma cirurgia para retirar um câncer de pele e um
convite seria muito importante para a minha vida.
O departamento de marketing do Botafogo informou que planeja convidar
Jankel para fazer algumas exibições ainda nesse Campeonato Brasileiro.
Segundo o clube, ele é um símbolo do futebol carioca e precisa ser
lembrado.