Caio Júnior usa dotes de psicólogo para banir pessimismo no Botafogo
Técnico diz entender que clima negativo atrapalha o Alvinegro e afirma que, caso não escolhesse sua atual profissão, seguiria a carreira na psicologia

“Se eu não fosse treinador, talvez eu tivesse sido psicólogo”. Com essa frase, que define um pouco de seu perfil, Caio Júnior vai fazendo do dia a dia de General Severiano um consultório de psicologia, tendo como objetivo acabar com a negatividade que ronda o clube, segundo o próprio. O comandante alvinegro confessou que na última segunda-feira todos os jogadores foram “atendidos” em seu “divã” para expor situações desconfortáveis que estão vivendo.
- São trabalhos internos que me desgastam muito. Ontem (segunda-feira), eu me senti um psicólogo mesmo, se eu não fosse treinador, talvez seguisse essa carreira. Eu fiz espontaneamente, recebi na minha sala todos os jogadores – revelou o treinador, que contou ter aproveitado para brincar com os comandados - Até no meio das “consultas”, eu acabei brincando com eles, falando “entra no consultório do Doutor Caio para a gente conversar”. Foi uma experiência positiva que me fez refletir e chegar a algumas conclusões internas - observou.
Alguns atletas mereceram atenção especial de Caio por razões diversas. Entre eles, o lateral-esquerdo Cortês e o apoiador Elkeson. Ambos tiveram queda de rendimento após as convocações para a Seleção Brasileira.
- Exemplo prático do Cortês: vocês devem imaginar o que passou na cabeça dele de um ano para cá. Ele se tornou titular do Botafogo, convocado para a Seleção e teve um aumento de contrato fora do normal. Ele passou a achar que tem que ser o melhor em todos os jogos. E não tem. O próprio Elkeson também acha isso – afirmou Caio Júnior.
Márcio Azevedo e Everton foram os que mais trabalharam nesse aspecto (da psicologia), pois são muitos sensíveis"
Caio Júnior
Os casos de Márcio Azevedo e Everton, que reclamaram do treinador em jogos anteriores, também foram analisados pelo comandante alvinegro.
- São dois casos bem específicos de jogadores que precisam de trabalhos de psicologia. Foram os dois que mais trabalharam nesse aspecto, pois são muitos sensíveis – analisou Caio, que colocou no excesso de pressão da torcida o motivo pela falta de confiança do lateral-esquerdo - Resgatamos o jogador, e no jogo contra o Santa Fé ele foi vaiado com cinco minutos de jogo. Perdeu a confiança de novo - explicou.
A pressão por resultados foi percebida pelo técnico desde que chegou ao clube. No início do Brasileirão, Caio Júnior notou que uma onda de pessimismo assola os torcedores alvinegros.
- Historicamente o clube tem essa tendência da negatividade, do pessimismo. Não é fácil só eu mudar isso, por isso que eu tenho gente em volta de mim que está tentando reverter essa situação. O Botafogo há tempos não realiza um campeonato que permita ao seu torcedor sonhar com o título e por isso acabamos trabalhando muito com a negatividade externa. Isso é uma característica do clube, infelizmente – finalizou.