Resultado de 1 a 1 impede que um dos times encostasse no Cruzeiro, terceiro colocado. Distância para a ponta segue a mesma, só o líder é novo
Por Thiago Lavinas
Rio de Janeiro
Em partida debaixo de chuva e com pouco público - pouco mais de nove mil pessoas -, que só mostrou cara de disputa por vaga no G-3 no segundo tempo, com lances emocionantes, Botafogo e Atlético-PR empataram por 1 a 1 neste domingo, no Engenhão, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. Edno, ainda na primeira etapa, abriu o placar para o Botafogo, enquanto o time teve fôlego e anulava o principal jogador adversário, o meia Branquinho. Que quando conseguiu jogar, comandou a reação do Furacão e deu o passe na medida para Guerrón empatar, aos 45, em falha de Elizeu.
Os dois times diminuíram em um ponto cada a vantagem do Cruzeiro, atual terceiro colocado, com 44 pontos. Mas, é claro, não têm o que comemorar, pois caso alguém tivesse vencido, teria encostado ainda mais no rival. O Botafogo, em quinto com 40 pontos, ficaria a dois da Raposa - na verdade, o time perdeu uma posição, mas para o Internacional, já classificado para a Libertadores. O Furacão, em sétimo com 38, teria ido a 40 e estaria a quatro dos mineiros. Já a diferença para a liderança não mudou, mas o líder, sim. O Fluminense, com 48 pontos, deixou o Corinthians em segundo com 47. O Alvinegro carioca segue a oito pontos do topo, e o Rubro-Negro paranaense, a dez.
Apesar de ter sentido os muitos desfalques - foram seis, principalmente do meia Maicosuel, que só voltará a jogar em 2011 -, a equipe alvinegra mostrou organização tática e muito espírito de luta. Esbarrou, principalmente, no cansaço e na boa substituição de Carpegiani, que pôs Paulo Baier e deixou Branquinho mais solto para armar as jogadas do Furacão.
Na próxima quarta-feira, as duas equipes voltam a campo. O Botafogo encara o Corinthians, no Pacaembu, em novo confronto direto do grupo de cima da tabela. O Atlético-PR terá pela frente o Vitória, em casa, na Arena da Baixada.
Enquanto teve gás, Jobson, de volta ao Botafogo, comandou o time. Deu até o passe para o gol de Edno. Mas na segunda etapa, o atacante e o time cansaram. E o Furacão reagiu (Foto: Fernando Maia / O Globo)
Ainda abalado pela perda do astro da companhia, o meia Maicosuel - o jogador sofreu lesão no joelho, terá de sofrer cirurgia e só volta em 2011 -, o Botafogo entrou em campo com faixa em homenagem ao camisa 7. "Força, Maicosuel, estamos contigo", dizia a mensagem, enquanto clipe exibia imagem do jogador com os dizeres "Força, Maicosuel, o Botafogo está todo com você". Em campo, o time apresentava outros desfalques em todos os setores - Danny Morais e Antônio Carlos, na zaga; Marcelo Mattos, no meio-campo; e Herrera e Loco Abreu, no ataque. Em compensação, Jobson e Marcelo Cordeiro estavam de volta.
Gol com passe de Jobson
No início do jogo, o retorno dos dois jogadores não compensava a série de desfalques. O time estava muito lento. Primeiro sintoma? A troca de Maicosuel por Lucio Flavio na armação. Por outro lado, o Atlético-PR parecia mais sonolento ainda. Esperava que a defesa alvinegra abrisse espaços. O meio-campo tocava a bola para um lado, para o outro. Branquinho estava bem marcado. Sequer conseguia municiar o ataque. Maikon Leite estava sumido.
O Botafogo concentrava mais as jogadas em Edno, mas sem sucesso. Até que, aos 22 minutos, na primeira jogada de ataque bem-sucedida, o time chegou ao gol. E bonito. A jogada começou pela direita, com Alessandro. Bola para Jobson. Ele invadiu pela direita e tocou para Túlio Souza, que lhe devolveu de calcanhar. O camisa 9 cortou para o meio, tirou Wagner Diniz e Paulinho da jogada e rolou para Edno, que bateu cruzado, à esquerda de Neto, sem defesa: 1 a 0.
Jobson foi muito comemorado. Quase todos os jogadores foram abraçá-lo. Lucio Flavio chegou a apontar para ele e fez gestos como se o gol fosse do camisa 9... Pouco depois, o meia alvinegro teve chance de ampliar a partida. Arrancou pela direita, mas em vez de tentar a jogada individual, rolou para o meio. Marcelo Cordeiro não conseguiu dominar a bola para bater. Erro duplo.
Furacão quase empata
Um impedimento de Jobson corretamente marcado pela auxiliar Márcia Caetano provocou protestos do técnico Joel Santana e da torcida alvinegra. Alessandro tentou lançar de cabeça, e o lateral rubro-negro Paulinho, também numa cabeçada, resvalou a bola, que foi em direção do camisa 9. Só que, na hora do lançamento, o atacante alvinegro já estava em posição irregular, apesar de o passe ter sido de um adversário.
A partir daí, o Furacão acordou um pouco. O problema é que Branquinho, apesar de aceitar menos passivamente a marcação, ainda não criava para Maikon Leite e Bruno Mineiro. O meia não conseguia encaixar o passe certo na hora certa. Guerrón tentava abrir o jogo pela direita, mas pouco produzia. A única chance da equipe paranaense surgiu de uma bomba fora da área de Victor. Foi a vez de o goleiro Jefferson brilhar, com defesa sensacional para escanteio.
No fim da primeira etapa, Jobson, destaque alvinegro até então, tentou cavar um pênalti e acabou recebendo o terceiro cartão amarelo, que o tira da próxima partida.
Branquinho se livra da marcação e cresce no segundo tempo: Atlético-PR chega ao empate (Foto: Ag. Estado)
Carpegiani mexe
Insatisfeito com a lentidão do time, Carpegiani fez duas mudanças no Atlético-PR para o segundo tempo. Trocou Wagner Diniz por Elder Granja na lateral direita e Chico por Paulo Baier no meio-campo. A ordem era atacar. Joel manteve o Botafogo do primeiro tempo. Mas o time, sabendo que o Furacão seria mais ofensivo, também se abriu. Aos sete minutos, Lucio Flavio só não aumentou o placar de cabeça porque Neto salvou e empatou no duelo de grandes defesas dos goleiros de Seleção Brasileira.
O Furacão também melhorou. Com Paulo Baier, Branquinho ganhou companhia na armação das jogadas e já se movimentava mais. A jogada individual funcionou pela esquerda. O camisa 10 cortou no mesmo lance Fahel e Leandro Guerreiro e bateu cruzado, mas a bola foi para fora.
Carpegiani voltou a mexer no time. Trocou Maikon Leite por Thiago. Pouco depois, Joel sacou Lucio Flavio, já cansado, para pôr Caio. Paulo Baier apareceu em cobrança de falta que Jefferson defendeu com segurança. Pouco depois, iniciou jogada para Branquinho, que arrancou pela esquerda. O camisa 10 deixou Leandro Guerreiro novamente na saudade e deixou Thiago livre. Mas o atacante, ainda frio na partida, perdeu a chance de empatar, quase furando a bola.
Branquinho desequilibra
Agora, sim, o jogo parecia de dois times que lutavam para chegar ao G-3. O Botafogo teve outra oportunidade em bola alçada na área para Edno, que cabeceou mal para fora. Do lado da equipe paranaense, Branquinho já tomava conta do jogo. Nova jogada individual pela esquerda, o meia corta Fahel e rola para Guerrón, que bateu. A bola resvalou em Marcelo Cordeiro, mas a arbitragem marcou tiro de meta.
Preocupado, Joel tirou Túlio Souza, cansado, e lançou Renato Cajá. A ordem era voltar a anular Branquinho. Guerrón, mais aberto pela direita, também preocupava. A substituição não surtiu efeito. Aos 40, Bruno Mineiro só não empatou porque foi travado na hora H por Fábio Ferreira. Edno, cansado, deu a vez a Elizeu. O jogador acabou perdendo a bola fatal aos 45 minutos. Que foi parar nos pés de Branquinho. O camisa 10 serviu Guerrón, que pela direita cortou Fábio Ferreira, não perdoou e bateu cruzado, pelo alto, empatando a partida. Caio ainda explodiu o travessão no fim, mas o dia não era mesmo de vitória.
Ficha técnica:
BOTAFOGO 1 x 1 ATLÉTICO-PR Jefferson, Fahel, Leandro Guerreiro e Fábio Ferreira; Alessandro, Somália, Túlio Souza (Renato Cajá), Lucio Flavio (Caio) e Marcelo Cordeiro; Jobson e Edno (Elizeu). Neto, Wagner Diniz (Elder Granja), Manoel, Rhodolfo e Paulinho; Chico (Paulo Baier), Victor,