Volante de origem, Renato pode ser 
o armador que o Botafogo procura
Em sete anos na Espanha, brasileiro tornou-se um jogador mais ofensivo, marcou muitos gols e até atuou como atacante em algumas partidas
  O Botafogo não esconde que procura um meia armador, um jogador capaz de  articular as principais jogadas ofensivas do time. Já tentou  Andrezinho, sondou Diego e insistiu em Gilberto. O camisa 10 ainda não  chegou, mas a solução pode estar mais próxima do que parece, após a  apresentação de Renato nessa terça-feira.
  Ele recebeu a camisa 8 das mãos de Gérson, um armador clássico do  futebol brasileiro. Mas nem sempre foi assim para o ex-Sevilla. Apesar  de ser considerado muito técnico, quando deixou o Santos, em 2004, ele  atuava como segundo volante, em um meio de campo que ainda contava com  Paulo Almeida, Elano e Diego. Foi assim que chegou à Seleção Brasileira e  conquistou os títulos da Copa América, em 2004, e da Copa das  Confederações, no ano seguinte.
Renato acena para a torcida, ao lado de Gérson (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)
  Agora, de volta ao Brasil após sete temporadas na Espanha, Renato, de  32 anos, é um jogador diferente. No Sevilla, além da grande experiência  internacional, tornou-se uma espécie de armador central, em um time que  atuava com uma linha de quatro no meio de campo, com dois jogadores bem  abertos pelos lados.
  - Renato é um organizador no meio-campo, muito mais ofensivo do que  defensivo. Faz também o papel de ponta de lança, atrás do atacante, por  ter um bom chute e um ótimo cabeceio. Acima de tudo, é um jogador  inteligente e muito bom tecnicamente. Normalmente, tinha uma proteção  defensiva para ter mais liberdade de chegar ao ataque. Em sua melhor  temporada no Sevilla (2008/09), marcou oito gols no Campeonato Espanhol -  lembrou o jornalista espanhol Quico Canterla, responsável pela  cobertura do Sevilla para o jornal "El Correo de Andalucía".
  Gols e disciplina
  Essa postura ofensiva no Sevilla resultou em gols. Foram 42 no total,  sendo 11 de cabeça, apesar da média estatura (1,77m). Na última  temporada, seus dois únicos gols foram em cabeceios. Em sua apresentação  no Botafogo, Renato revelou que chegou até a atuar como segundo  atacante na Espanha, frisou que sua posição original é a de segundo  volante, mas se colocou à disposição para atuar em outras funções.
  - No Sevilla, cheguei como segundo volante, na mesma posição do Santos.  Tive algumas funções como segundo atacante, ano em que fiz mais gols.  Vai depender muito do Caio Júnior para encontrarmos a melhor forma de  jogar. Posso atuar mais avançado, mas a posição original é de segundo  volante - disse o novo camisa 8 do Botafogo.
  Os passes para gols também foram muitos. No Campeonato Espanhol, Renato  distribuiu 16 assistências desde 2004. Outra estatística que chama a  atenção em relação à passagem de Renato pelo futebol europeu é a  disciplina. Apesar de ter se tornado o estrangeiro com o maior número de  partidas pelo Sevilla (331), ele nunca foi expulso de campo. Durante  sete anos, recebeu apenas 14 cartões amarelos, o mesmo número de Pituca  (Atlético-GO) e Michel (Ceará) no último Campeonato Brasileiro, e nunca  deixou de entrar em campo por suspensão.
  Por enquanto, o técnico Caio Júnior prefere aguardar para decidir em qual posição escalará Renato.
  - Renato é um jogador versátil. Pode ser um organizador, mas não pode  jogar de costas para o adversário. Mas isso vai depender do que vai  acontecer. Posso até pensar em mudar para 4-3-2-1. Estou muito  satisfeito com Zen e Marcelo Mattos. Tem que escalar o melhor esquema  dentro dos jogadores que nós temos. Mas isso é coisa para se pensar no  futuro. Não existe esquema ideal. Existe o melhor esquema dentro dos  jogadores que você tem - disse o treinador.
  Irregular na última temporada, mas eternizado na história
  Apesar dos números expressivos, a última temporada não foi das melhores  para Renato. O brasileiro passou mais tempo no banco de reservas do que  nos gramados. Foram apenas 12 jogos começando como titular no  Campeonato Espanhol. Nas últimas dez partidas do Sevilla, ele entrou em  campo como suplente.
  No entanto, o prestigio de Renato segue inabalável em Sevilla. Na  Espanha, foram seis títulos: duas Copas da Uefa, duas Copas do Rei, uma  Supercopa da Espanha e uma Supercopa de Europa. Na despedida, recebeu do  presidente do Sevilla, José María del Nido, a braçadeira de eterno  capitão. Segundo ele, homenagem à "melhor pessoas que passou pelo clube  nos últimos anos". Na ocasião, o dirigente lembrou que, antes da chegada  do brasileiro, o clube estava há 58 anos sem ganhar títulos.
  - Renato é um jogador querido pela torcida. Nunca teve problemas e  sempre atende aos fãs com carinho. É um daqueles jogadores que não saem  quando há muitas crianças esperando para tirar uma foto com ele. Ele  fica o tempo necessário. É profissional em todos os momentos e, acima de  tudo, um bom homem. Acho que merecia ter mais oportunidades na Seleção  Brasileira - frisou o jornalista Quico Canterla.