Total de visualizações de página

Joel ironiza técnico do Uruguai: ‘Elogiou Loco? Então, bota pra jogar’

Técnico, que renovou com o Botafogo por mais um ano, dá show de simpatia e jogo de cintura no Footecon

Por Márcio Mará Rio de Janeiro
joel santana no footecon 
Joel sorri durante sua participação no Footecon
(Foto: Fernando Soutello / Agência Estado)
 
O terno e a gravata não costumam fazer parte do guarda-roupa habitual de Joel Santana. Mas quando o treinador do Botafogo, que renovou contrato por mais um ano, é obrigado a usá-los, dá sempre um jeito de acrescentar o seu toque mais informal. Foi assim que distribuiu simpatia e jogo de cintura pelos corredores do Footecon, nesta quarta-feira, no Copacabana Palace. Antes de participar do debate sobre a relação de jogadores e treinadores com a mídia, não perdeu o bom humor ao saber que na palestra da manhã o técnico da seleção do Uruguai, Oscar Tabárez, elogiara o atacante Loco Abreu, de quem não abrirá mão para a Copa América.

- Ah, é? Ele elogiou o Loco Abreu? Então, bota ele pra jogar mais. Na Copa do Mundo, entrou só por 15 minutos... E mesmo assim, fez o estrago que fez – cutucou com bom humor, lembrando o gol decisivo de pênalti com a tradicional cavadinha que pôs a Celeste nas semifinais do Mundial, ao bater Gana nas penalidades.

Assim é Joel Santana. Qualquer tirada, mesmo que em tom de crítica, sai suave no jeito malandro do treinador, considerado por muitos o Rei do Rio. E foi esse o tom que usou no debate sobre a relação de jogadores e técnicos com a mídia no futebol moderno.

À mesa com os jornalistas Tino Marcos e Renato Ribeiro, da TV Globo, e Paulo César Vasconcellos, do SporTV, Joel contou casos até recentes da necessidade do jogo de cintura do treinador com a imprensa.

- Jamais nego entrevista, nem trato mal um entrevistador. E às vezes a ocasião... Principalmente quando se chega de uma viagem com derrota. Nessa última rodada, quando tomamos de 3 a 0 do Grêmio e fui expulso, ainda encarei uma turbulência. Ainda vim rezando no voo, tenho medo de avião. Mas se fosse fácil, não tinha graça. È bom sempre levar a entrevista para um lado brincalhão. Mas às vezes, revejo em casa e acho que poderia ter sido melhor – disse, arrancando risadas.

Joel contou que até o filho faz críticas quando acha que o pai não se saiu bem. O treinador alvinegro tem a exata dimensão da importância do que diz diante de câmeras e microfones.

- Quando vamos formular a resposta, é para a opinião pública. Até para dentro de nossa casa mesmo. É bom sempre passar calma, tranquilidade. E o repórter está ali cumprindo o seu trabalho, merece sempre ser respeitado.
Quando no debate era discutido o trabalho da assessoria de imprensa nos clubes e na Seleção Brasileira e a pasteurização da notícia nos tempos atuais com a implantação do modelo mais europeu, com menos acesso aos jogadores e técnicos diante de mídia maior, Joel usou da malandragem para defesa própria.

- O assessor de imprensa do clube é o braço direito do treinador. No Botafogo, falo duas, três vezes por semana. Fica muito cansativo todo dia. E o assessor não deixa que se criem ciúmes entre os meios. Tudo é dito ali, para todo mundo, na mesma hora. E eu já chego sabendo em quem vai pisar no meu calo...

O técnico alvinegro, que arrancou novas gargalhadas dos presentes ao debate quando disse ter discordado de mesa-redonda que o chamou de chorão – “Com 60 anos, não dá” -, lembrou de como era a relação com a imprensa nos tempos de jogador e início da carreira como técnico.

- Antigamente, era mais suave. Peguei um tempo em que repórter entrava no vestiário para fazer entrevista, mas era tudo rapidinho. Hoje, quando você chega, tem uma bateria de perguntas.
Depois, no fim, tapinhas nas costas, fotos com os fãs e muitos abraços nos corredores. Joel dava mais uma aula. Só falta lançar o manual.