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Menor muda versão e nega ter visto ex-policial executar Eliza Samudio

Marcelo Portela - O Globo, Extra, Globonews

BELO HORIZONTE - A Polícia Civil mineira pôs, nesta terça-feira,frente a frente, pela primeira, vez envolvidos no suposto sequestro e morte de Eliza Samudio, de 25 anos, ex-amante do goleiro Bruno, acusado pela polícia de ser o mandante do crime. A acareação foi feita entre dois primos do goleiro, Sérgio Sales e um menor de 17 anos. Durante a acareação, o rapaz mudou suas alegações e, ao contrário do que havia dito antes, negou que Sérgio estivesse presente quando Eliza foi morta.

Rapaz confirma plano de dar 'susto' em ex-amante de Bruno

Segundo o advogado Eliezer Jonatas de Almeida Lima, o rapaz também negou que tenha visto o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos matar Eliza em sua casa em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em depoimentos anteriores, o adolescente havia descrito a cena com detalhes.

Sérgio Sales afirmou que o menor saiu com Eliza e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, no dia em que a vítima teria sido assassinada.

- Não conheço o depoimento do Sérgio. Sei que ele (menor) desmentiu a cena de finalização da Eliza, de que houve esquartejamento e de que partes do corpo dela foram jogadas para cachorros - disse o advogado.

Lima afirmou ainda que, na acareação, o menor confirmou que foi convidado por Macarrão, ainda no Rio de Janeiro, para dar um "susto" em Eliza. Ele também desmentiu que Sales teria ajudado a vigiá-la no sítio de Bruno em Esmeraldas, também na Grande Belo Horizonte, onde a ex-amante do goleiro foi mantida em cárcere privado.

Os dois primos de Bruno são os principais colaboradores das investigações sobre o crime, mas, enquanto o menor afirmava sempre que o goleiro não teria participado do assassinato, Sales chegou a dizer que ele teria chegado junto com o adolescente e Macarrão após o assassinato de Eliza. Depois, Sales também mudou seu depoimento e negou que o jogador estivesse com os outros suspeitos.

"Bola" não participou de acareação

A acareação foi realizada no Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), para onde também foi levado durante a tarde Marcos Aparecido dos Santos. No entanto, segundo a polícia, ele foi levado ao local para prestar informações sobre outro assassinato em que também é investigada sua participação. Na apuração da morte de Eliza, Santos já recusou-se a prestar depoimento e disse que só se manifestaria em juízo. O procedimento foi presidido pelo chefe da Divisão de Investigação de Crimes contra a Vida (DICcV), delegado Wagner Pinto. O juiz titular da Vara da Infância e Juventude de Contagem (MG), Elias Charbil, autorizou que o adolescente participasse da acareação. . O magistrado deve decidir ainda esta semana se aplica medida sócioeducativa no jovem, acusado pelo Ministério Público de sequestro e homicídio.

Os trabalhos foram acompanhados pelos advogados dos suspeitos, pela mãe do adolescente e por Cíntia Ribeiro de Freitas, representante da seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG).

Mais cedo, Eliezer Jonatas Lima ameaçou não participar do procedimento, alegando que não havia sido intimado da decisão, que só deve ser publicada hoje no diário oficial do estado. No entanto, no fim da tarde ele chegou ao DIHPP acompanhando a mãe do rapaz.

Apesar de os suspeitos terem ficado mais de três horas frente a frente, a acareação em si durou apenas cerca de meia hora. Durante o restante do tempo, os policiais leram os depoimentos prestados anteriormente. Wagner Pinto não falou sobre a acareação e, segundo a assessoria da Polícia Civil, ele afirmou apenas que o procedimento foi "favorável e muito proveitoso" para as investigações.

Segundo a polícia, faltam apenas a acareação e laudos de perícias para concluir o inquérito com o indiciamento de Bruno. A prorrogação da prisão temporária dos suspeitos por mais 30 dias deverá ser pedida. Nesta terça, será decidida a medida socioeducativa que pode ser aplicada ao menor.

Defesa pede habeas corpus para três acusados no caso

O advogado de defesa do goleiro Bruno, Ércio Quaresma, pediu nesta segunda-feira habeas corpus para três de seus outros clientes acusados de envolvimento no desaparecimento de Eliza Samudio: Wemerson Marques, o Coxinha; Flávio Caetano de Araújo, o Flavinho; e Elenílson Vitor da Silva. O objetivo é tentar beneficiar o atleta indiretamente, com a soltura de Elenilson Vitor da Silva, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, ou Flávio Caetano de Araújo. Isso porque, apesar de os pedidos serem nominais para os três amigos de Bruno, o goleiro, sue braço direito Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e a ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, constam como interessados nos habeas corpus. Caso o Tribunal de Justiça de Minas (TJMG) conceda o benefício a algum dos suspeitos, ele pode ser estendido aos demais investigados.