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Goleiro Bruno sorri ao deixar audiência de instrução do menor em Contagem

Marcelo Portela - O Globo, Jornal Hoje e G1


CONTAGEM (MG) - Sob gritos de "assassino", o goleiro Bruno de Souza deixou sorrindo o Juizado da Infância e da Juventude em Contagem, na Região Metropolitana de Minas Gerais, por volta das 14h desta quinta-feira. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, também já saíram do local, onde participaram da audiência de instrução do menor que assumiu ter participado do sequestro e assassinato de Eliza Samudio, de 25, ex-amante do atleta. Sérgio Sales, primo do goleiro, também foi ao juizado. Na chegada, populares haviam gritado também "ão, ão, ão, Bruno é seleção".

Segundo o Tribunal de Justiça, todos os intimados ficaram em salas separadas, sem comunicação, e foram chamados um de cada vez pelo juiz.

Bruno foi o primeiro, seguido por Bola e Macarrão. Eles se negaram a falar, segundo o Tribunal de Justiça. Por último, Sales foi chamado. Ele permaneceu na sala de audiência por cerca de 50 minutos.

O goleiro foi o primeiro a ir embora do juizado, cerca de 20 minutos depois de chegar. Pouco depois, o ex-policial e Macarrão também deixaram o local. Eles devem seguir para o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, onde estão presos. Sales foi o último a sair.

- O sorriso de Bruno é a certeza de que a Justiça vai prevalecer - afirmou o advogado que defende o atleta, Ércio Quaresma. - Todos ficaram calados, porque não sabem do que são acusados. O inquérito ainda não foi concluído.

Também na tarde desta quinta, Quaresma afirmou à Globonews que, como não há provas de que a ex-amante do atleta está morta, ela será chamada como testemunha de defesa dos acusados. Ele disse que soube de movimentações recentes no cartão de crédito da jovem.

Advogado de menor diz que vai tentar mais uma vez mudar versão

Na chegada ao juizado, o advogado Eliezer Jonata de Almeida, que representa o adolescente de 17 anos afirmou que vai tentar mudar mais uma vez a versão do caso.

Apesar de o menor ter descrito em detalhes a casa do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado por ele de ter executado a jovem, além de características físicas do próprio suspeito, o advogado agora vai tentar afirmar que o menor foi pressionado pela polícia. Ele vai também negar a versão de que o jovem teria visto Eliza ser morta e sua mão jogada ara cães comerem.

O menor já prestou ao menos quatro depoimentos, nos quais contou como, junto com o braço direito de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, pegou Eliza em um hotel no Rio de Janeiro, ajudou a mantê-la em cárcere privado na casa do atleta e depois em um sítio em Esmeraldas, também na Grande Belo Horizonte.

O menor disse, inclusive, que deu coronhadas na cabeça da vítima em uma Range Rover do goleiro, onde foram encontradas manchas de sangue que exame de DNA comprovou serem de Eliza. Mas, segundo o advogado, toda a versão era mentira e ele confirma apenas que o menor foi chamado por Macarrão para dar "um susto" na jovem.

A defesa de Bruno e de outros seis suspeitos também já adotou uma série de artifícios para tentar aliviar a situação dos suspeitos, inclusive várias trocas de advogados e tentativa de cooptar outro primo do goleiro, Sérgio Rosa Sales, o Camelo. Além do menor, ele é o único suspeito que tem colaborado com as investigações. A polícia também recebeu carta anônima tentando dar uma versão completamente diferente para o crime narrado pelo menor e por Sérgio.

Bruno, Macarrão, o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, Paulista ou Neném; e Sérgio Rosa Sales chegaram no início da tarde ao Juizado. Por causa da grande movimentação, o quarteirão foi isolado.

O adolescente chegou ao juizado antes dos outros quatro acusados. Nos depoimentos que prestou no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, ele deu informações contraditórias. O advogado que defende o jovem, Eliezer de Almeida Lima, chegou a dizer que ele inventou alguns trechos, na primeira vez que foi ouvido, por causa da pressão dos policiais.

O futuro do adolescente deve ser definido na sessão. O juiz Elias Charbil pode determinar que o menino cumpra medida socioeducativa de imediato. Se comprovada a sua participação, ele pode pegar até três anos de detenção.