Com apoio maciço, CBF promove 'rodada contra racismo' no Brasileiro
Entidade lança campanha na penúltima rodada da Série A e divulga declarações de Mano, Ney Franco e Neymar repudiando tais atitudes
Ney Franco e Mano Menezes repudiam atitudes de
racismo nos gramados do mundo inteiro
(Foto: Leandroi Canônico / Globoesporte.com)
racismo nos gramados do mundo inteiro
(Foto: Leandroi Canônico / Globoesporte.com)
A CBF anunciou nesta quarta-feira que vai promover uma campanha contra a discriminação racial que tem acontecido em várias partes do mundo. De acordo com o site oficial da entidade, a 37ª rodada do Brasileirão, batizada de “Rodada contra o racismo”, servirá para combater e protestar diante das inúmeras manifestações de intolerância ocorridas com atletas nos gramados de vários países. A última delas aconteceu com Edimar, no Campeonato Grego.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, condenou tais atitudes no futebol e fez um alerta:
- Racismo não se resolve com aperto de mão e nem quem sofre esquece no dia seguinte. Não é justificável pelo calor de uma partida, não pode ser interpretado como gesto de torcedor. É algo intolerável, que não condiz com o esporte. O futebol, como catalisador de transformações no mundo e fenômeno capaz até de interromper guerras, deve ter um papel primordial na busca de soluções para essa prática - afirmou.
De acordo com o site da CBF, o Brasil é o país com o maior número de atletas vítimas de preconceito. Por conta disso, a entidade se viu na obrigação de promover uma ampla campanha contra o racismo no futebol.
- As pessoas que não entenderem que o futebol é para todos e não apenas para uma raça devem ser banidas definitivamente do esporte. Não adianta utilizar dinheiro para fazer campanhas hipócritas que não produzem efeito algum. Devemos mergulhar de cabeça nesta questão e punir exemplarmente quem comete esse tipo de intolerância. Nosso desejo é envolver os jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores em um movimento capaz de mudar essa situação – ressaltou o dirigente.
Neymar também entra na luta contra o racismo
(Foto: Ricardo Saibun / Site Oficial do Santos)
(Foto: Ricardo Saibun / Site Oficial do Santos)
O técnico da Seleção Brasileira, Mano Menezes, apoiou a iniciativa da CBF.
- O racismo no futebol não pode ser tratado e não admite meio-termo. Tem de ser resolvido de maneira forte. É muito cômodo uma pessoa apertar a mão da outra depois do jogo para pedir desculpa por uma ofensa ao que ele tem de mais sagrado e significativo. A solução é buscar nos mecanismos legais uma forma de punição muito rígida – disse o treinador.
O coordenador das divisões de base da CBF, Ney Franco, engrossou o discurso de Mano Menezes. Para ele, que viu o atacante Diego Maurício sofrer discriminação durante uma partida do Sul-Americano sub-20, disputada em Moquegua, no Peru, tal atitude não pode fazer parte do cotidiano do futebol.
- Custei a acreditar que aquilo estivesse acontecendo. No Peru, em um jogo contra a Bolívia, na cidade de Moquegua, uma parte dos torcedores insultou o Diego Maurício com ofensas racistas. Foi chocante e muito triste. A Fifa tem de fazer uma campanha para punir com rigor todos que pratiquem o racismo. Claro que não basta um aperto de mão ou um pedido de desculpa, é preciso haver punição - afirmou.
Apontado como um dos principais jogadores do Campeonato Brasileiro, o atacante Neymar, do Santos, também se manifestou.
- Acho uma coisa muito triste. Infelizmente ainda acontece no futebol e os jogadores deveriam se unir mais contra isso. Dentro e fora de campo todo mundo é igual.
Confira abaixo alguns casos de racismo vividos por jogadores brasileiros:
Na Rússia, Roberto Carlos é obrigado a conviver
com atitude racistas (Foto: Divulgação)
com atitude racistas (Foto: Divulgação)
- Em 2005, o lateral-esquerdo Roberto Carlos, que na época era jogador do Real Madrid, foi alvo de racismo por parte de torcedores rivais, que imitavam macacos quando ele tocava na bola;
- Em 2007 foi a vez de Welliton sofrer com a intolerância racial. Em sua estreia pelo Spartak de Moscou, da Rússia, o ex-atacante do Goiás vestiu a camisa 11, que antes era de um ídolo da torcida. Ele foi obrigado a ouvir "macaco, volte para casa" dos torcedores de seu próprio clube;
- Em 2010, Daniel Alves viveu a triste situação de sofrer com o racismo. Em partida válida pelo Campeonato Espanhol, contra o Espanyol, sempre que tocava na bola ele era insultado pela torcida adversária;
- O ano de 2011 está batendo todos os recordes de intolerância racial nos gramados. Gilberto Silva, à época no Panathinaikos da Grécia, Marcelo, do Real Madrid, e Diego Mauricio sofreram com torcidas rivais agindo de maneira discriminatória. Com Alan, do Braga, de Portugal, foi diferente. Foi xingado dentro de campo por Javí García, do Benfica. Neymar, pela Seleção, e Roberto Carlos, pelo Anzhi, receberam bananas de "presente". E o mais recente deles aconteceu com Edimar, do Skoda Xanthi, da Grécia. Sempre que pegava na bola, em partida contra o PAS Giannina, a torcida adversária imitava o som de macacos.