Ronaldinho pode virar alvo de CPI no Sul
Só faltava essa. Vivendo péssima fase dentro de campo, com salários atrasados, e no centro de um impasse entre Flamengo e Traffic envolvendo seu contrato, Ronaldinho Gaúcho pode precisar se explicar no Sul por supostas irregularidades no instituto que levava o seu nome na cidade de Porto Alegre.
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito deve ser aprovada hoje pela Câmara de Vereadores para investigar o repasse de recursos da prefeitura à ONG do jogador, o Instituto Ronaldinho Gaúcho, que fechou as portas.
Segundo denúncia do vereador Mauro Pinheiro (PT), há problemas nos contratos que embasavam o convênio com o poder público, e garantiram mais de R$ 6 milhões em três anos.
— Na documentação que eu tive acesso há várias indicações da Secretaria da Fazenda dizendo que existiram irregularidades. Na média a prefeitura repassava R$ 4.300 por dia. E a população acreditava que o jogador bancava o centro — afirma Mauro Pinheiro, que se tiver a assinatura de mais dois parlamentares instaura a CPI e pretende chamar Assis e Ronaldinho para depôr.
A definição pode acabar dependendo de parlamentares ligados ao Grêmio. O ex-jogador Tarciso Flecha Negra (PSD) e os conselheiros do clube Alceu Brasinha (PTB) e Reginaldo Pujol (DEM) podem dar as assinaturas que faltam ao requerimento.
A entidade, que tem como presidente Roberto Assis, irmão e empresário de Ronaldinho, teria recebido R$ 128 mil por mês da Secretaria Municipal de Educação, através do Pronasci, do Ministério da Justiça. Durante o funcionamento do Instituto Ronaldinho, a aplicação do dinheiro repassado também é duvidosa. O vereador reclama que ítens supérfluos foram comprados a preços elevados: 140 bolas de futebol a R$ 9 mil, 50 pares de bandeiras por R$ 5 mil e 1.490 refeições em restaurante por R$ 41.720.
Na hora da renovação do convênio a entidade pedia reajuste, dizendo que o valor por criança estava maior. A secretária municipal de Educação, Cleci Jurach (PDT), vai hoje à Câmara tentar explicar a ligação.
Outras denúncias
Ainda segundo Pinheiro, Assis assumia três funções na entidade: presidente, tesoureiro e chefe do conselho fiscal. O vereador afirma que o motivo do não reajuste do convênio e o fechamento do instituto foi o aumento no valor gasto com as crianças e nos altos valores de material esportivo comprado, e avisa:
— A comunidade tem me procurado dizendo que tem outras denúncias contra o instituto e contra o Assis e o Ronaldinho sobre as propriedades que eles têm aqui. Talvez o Ronaldinho possa esclarecer. A responsabilidade é dele também — disse.
Procurado, Assis estava na Suiça, mas não foi localizado para esclarecer as denúncias contra o Instituto Ronaldinho Gaúcho.