Estudante de psicologia, goleiro do Bota usa Mandela para inspirar Breno
Luis Guilherme pede para que o zagueiro veja o período na prisão como um aprendizado e lembra que o sul-africano se reergueu após 27 anos preso
Mandela ganhou o Nobel da Paz (Foto: Divulgação)
Neste sábado, o zagueiro Breno, do Bayern, completa uma semana encarcerado em uma prisão na cidade de Munique acusado de ter incendiado a própria casa. Apesar das tentativas dos advogados em conseguir a liberdade do jogador, a Justiça alemã ainda aguarda a investigação de mais fatos para decretar ou não a soltura do ex-são-paulino. Apesar da adversidade, o brasileiro pode tirar proveito da situação através de um exemplo histórico de que as grades não são capazes de distanciar um homem de seus sonhos: Nelson Mandela. O sul-africano é lembrado pelo goleiro Luis Guilherme, do Botafogo, que além de jogador de futebol, é estudante de psicologia.
- Estar na cadeia sendo culpado por um crime já deve ser ruim. Estar nessa situação sem ter feito nada (Nota: o caso ainda está sendo investigado) deve ser muito pior. Seria interessante se ele pudesse ler qualquer coisa sobre o Mandela. É um homem inspirador. Ele tinha como objetivo acabar com o Apartheid, defender seu povo e mesmo depois de tanto tempo preso, não saiu com uma mentalidade vingativa e acabou transformando o mundo - explicou em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.
Para manter a sanidade e conseguir superar a situação dramática a qual está vivendo, além da ajuda psicológica, Breno deve buscar apoio na fé de acordo com o goleiro do Botafogo.
- Vai depender só dele. O primeiro passo é acreditar que existe uma força superior, independentemente da religião. Deus está vendo o que ele está passando e a escuridão não dura para sempre. Ele precisa analisar a situação de forma construtiva e positiva.
Luis Guilherme na faculdade de psicologia (Foto: Thiago Fernandes / Globoesporte.com)
Breno deixou o São Paulo em 2008 e se transferiu para o Bayern com 18 anos de idade. Luis Guilherme fez testes em clubes europeus como Lyon, Arsenal e Manchester City e experimentou os sentimentos que um jovem brasileiro costuma ter no primeiro contato com o Velho Continente.
- Aqui no Brasil existe um convívio que vai além do clube, os jogadores são mais unidos. Na Europa por causa do idioma, do clima, você não sai muito e geralmente as pessoas são mais frias. Fica difícil, por exemplo, conseguir expor um problema. O contato existe apenas nos treinos e nos jogos. Além disso, a pressão pelo resultado está acima de tudo e é proporcional ao salário que você ganha.
Justiça negou pedido de habeas corpus (Foto: AFP)
Outra fase perigosa, que costuma mexer com a cabeça de um jogador é o caminho entre o anonimato e o estrelato, e a mudança repentina entre a pobreza e a riqueza.
- O atleta começa a ganhar dinheiro de forma súbita. Era pobre, vivia em um ambiente hostil, como costumam ser as favelas, e de repente passa a ter um padrão de vida melhor, ganhando a atenção da mídia. A mudança de um status social mais baixo para um mais alto é brusca. Antes ninguém te conhecia, depois você passa a ter amigos, vai na pizzaria e todos te reconhecem - exemplificou Luis.