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Dificuldades no início não tiram o sorriso de alegria do rosto de Cortês

Lateral do Botafogo e da Seleção Brasileira viveu glamour do Qatar, tradição do Paysandu, mas teve de recomeçar na Terceirona do Rio até brilhar

Por Rafael Cavalieri Rio de Janeiro
 
Cortês começou a colher os frutos de tudo que plantou ao longo de sua vida. Mas o caminho até alcançar o doce sabor do sucesso pessoal e profissional foi árduo, com tropeços que poderiam fazer qualquer um desistir sem nem pestanejar. Mas não este ilustre morador de Campo Grande que, aos 24 anos, se firmou na lateral esquerda do Botafogo e encantou quem não o conhecia jogando com a 6 da Seleção Brasileira contra a Argentina, na última quarta-feira. Nem mesmo ao relembrar as dificuldades que passou até aqui fazem o largo sorriso sair do seu rosto.

No futebol carioca, Cortês começou no time da Universidade Castelo Branco, que disputa a Terceira Divisão do Rio. Após um bom campeonato, veio o convite para o Quissamã, uma divisão acima. Na ocasião, terminou a Segundona como o melhor lateral. Vieram propostas do Madureira, da Cabofriense e do Nova Iguaçu. A opção pelo último se mostrou acertada, principalmente ao analisar o rumo que a carreira tomou após ser contratado pelo Botafogo.

Cortes entrevista Botafogo (Foto: André Durão / Globoesporte.com) 
Com sorriso no rosto, Cortês cuida das famosas madeixas (Foto: André Durão / Globoesporte.com)

Nesta trajetória viveu momentos de dificuldades comuns a quem disputa estes campeonatos. Mas o que ele passou antes de chegar ao Castelo Branco é o que não sai de sua memória. Ao se destacar no núcleo de futebol comandado pelo ex-jogador Arthurzinho, surgiu a chance de jogar no futebol do Qatar. Lá foi Cortês com 18 anos recém-completados se arriscar fora do país. A adaptação foi boa. Mas após três meses treinando, na hora de assinar o contrato, um problema com seu empresário o fez voltar ao país.

- Foi um golpe duro. Estava adaptado e sonhava em já começar a ter uma renda melhor para ajudar as pessoas que sempre me ajudaram. Na hora me questionei, mas não quis interferir no que Deus estava programando para mim. Eu poderia não estar aqui hoje, por isso prefiro acreditar que tudo tem um motivo - afirmou Cortês, relembrando que foi no Qatar que teve a oportunidade de conhecer ídolos como Felipe, hoje no Vasco, e Emerson Sheik, do Corinthians.

- Era algo maravilhoso. Eu convivia com eles semanalmente. Toda sexta-feira tinha uma pelada com os brasileiros que jogam lá. Eu ia sempre que podia e aprendi muito. Olhava os caras na televisão quando era moleque e de um dia pro outro estava jogando com eles - relembrou.

Do Qatar para Belém, mas com mais decepções

Sei que se manter é mais difícil que chegar. Não posso perder nunca o que me trouxe até aqui, que foi o meu trabalho e a minha humildade, além da fé em Deus. É isso que me move"
Cortês
 
Quem viu Cortês deixando o campo ovacionado pela torcida de Belém, no amistoso entre Brasil e Argentina, acabou se surpreendendo. Mas além dos aplausos pela grande atuação com a Amarelinha, o que se viu no Mangueirão foi um reencontro. Após a decepção no Qatar, o lateral-esquerdo foi para o Paysandu. O começo foi proveitoso, ele realizou bons treinos, mas não teve a oportunidade de brilhar com a camisa do clube novamente por questões contratuais.

- Fiquei cinco meses por lá. Fiz amizades com jogadores como o Robgol e estava gostando. O Paysandu é um clube de tradição, com uma boa estrutura. Mas novamente problemas de contrato me impediram de jogar. Mesmo com esse pouco tempo, foi uma experiência maravilhosa para mim, e voltar ao Mangueirão me fez sentir em casa - explicou.

Recomeço na Série C até os elogios na seleção

As derrotas e tropeços não abateram o carioca de fala mansa. De volta ao Rio de Janeiro, passou a viver os percalços das divisões inferiores após ter sentido de perto o glamour do Qatar e a realidade de um clube com história como o Paysandu. Sempre tendo a fé em Deus como principal lema - Cortês anda sempre acompanhado do Pastor Luciano e da esposa Juliana -, deu continuidade ao seu caminho até alcançar o Botafogo e a Seleção Brasileira. Agora, cada vez mais estabilizado, pensa em renovar o seu contrato com o Glorioso e seguir em busca de novas vitórias.

- Sei que manter-se é mais difícil do que chegar. Não posso perder nunca o que me trouxe até aqui, que foi o meu trabalho e a minha humildade, além da fé em Deus. É isso que me move - finalizou.

Poupado do treino do Botafogo nesta sexta-feira, Cortês não será problema para Caio Júnior e está confirmado para o jogo contra o Atlético-GO, no domingo, às 18h, no Serra Dourada.