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Morre o jornalista Helio Fernandes Filho

O Globo (granderio@oglobo.com.br)

RIO - O jornalista Helio Fernandes Filho, de 57 anos, morreu por volta das 6h desta sexta-feira na Clínica São Vicente, Zona Sul da cidade, de insuficiência respiratória e hepática. Ele estava internado havia cerca de seis meses, e morreu dois meses depois do irmão, o também jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de Redação do jornal O GLOBO

O jornalista Helio Fernandes Filho, morto aos 57 anos de idade / Foto: Reprodução  Facebook

A família tenta cumprir o desejo do jornalista de ser cremado, embora não tenha deixado nenhum documento a respeito. Como esta sexta-feira é feriado do Dia do Funcionalismo Público, os cartórios estão fechados, o que pode retardar o processo. 

O corpo do jornalista está sendo velado no Salão Nobre da Câmara dos Vereadores. Ele era casado com a jornalista Roberta Babo, com quem tinha um filho de 14 anos, Hélio Babo Fernandes. 

Quando completou 20 anos de idade, o jornalista Helio Fernandes Filho assumiu o cargo de diretor de Redação da "Tribuna da Imprensa". O jornal fora criado em 1949 por Carlos Lacerda e assumido em 1962 por seu pai, Helio Fernandes, que, anos depois, decidiu se afastar do comando da redação, em protesto contra a censura prévia imposta pelo regime militar. Helinho - como era conhecido pelos colegas de trabalho - estava à frente da "Tribuna da Imprensa" quando a sua sede foi alvo de um atentado a bomba, já na fase final da ditadura militar, em 1981. Apesar dos estragos provocados pela explosão, o jornalista liderou os colegas, conseguindo que o jornal chegasse às bancas no dia seguinte ao ataque. 

Apesar da pressão do regime e das dificuldades financeiras enfrentadas pelo periódico, devido à perda de venda avulsa e de anunciantes em razão da censura imposta pela ditadura, Helinho foi responsável ainda pela última grande reforma na "Tribuna da Imprensa", que passou por um processo de modernização da redação, a primeira a ser informatizada no país. 

À frente do periódico, o jornalista manteve a linha editorial crítica ao regime militar e, por isso, foi alvo de perseguição pela ditadura. 

Na década de 80, Helio foi eleito vereador pelo PMDB. Seu gabinete na Câmara do Rio foi logo transformado em trincheira de luta pelos direitos da população. Prova disso foi a elaboração do projeto de lei que criou a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara. O projeto, de autoria de Helinho, serviu de inspiração para vereadores e deputados de vários estados brasileiros, que criaram comissões seguindo os moldes da implantada no Rio de Janeiro.