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Em respeito aos grandes nomes, Loco Abreu rejeita condição de ídolo do Bota

Atacante campeão carioca afirma que precisa fazer mais para alcançar o status dos jogadores que fizeram história no clube

Gustavo Rotstein
Búzios, RJ


Na arquibancada do Maracanã, uma faixa destacava a feição de alguns dos maiores ídolos da história do Botafogo. Loco Abreu não estava lá, mas depois do pênalti cobrado com categoria e o gol marcado na final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo, passou a ser forte candidato a cair de vez nas graças da torcida. No entanto, o uruguaio mostrou conhecer a tradição alvinegra e, principalmente por isso, pediu calma ao falar sobre sua condição de ídolo.

Em entrevista concedida em um hotel à beira da praia da Ferradura, no balneário de Búzios, Região dos Lagos do Rio de Janeiro, Abreu também recordou alguns momentos da decisão, falou um pouco sobre sua história, sua intimidade, e sobre o bom ambiente vivido pelo grupo do Botafogo.

           Loco Abreu relaxa com os filhos na tranquilidade de Búzios, Região dos Lagos do Rio

Enquanto relaxa, Abreu não deixa de trabalhar. Antes de aproveitar o sol de Búzios, o atacante realizou trabalho de musculação no hotel. Tudo para estar na melhor forma quando iniciar a disputa do Campeonato Brasileiro, dia 8 de maio, contra o Santos.

- A folga é mental. É preciso trabalhar sempre para não correr o risco de uma lesão quando voltar a treinar. O corpo não perdoa - explicou.

Condição de ídolo

"Nosso time ficou marcado com o título, a torcida se identificou com nossa forma de jogar, mas ainda não consegui nada para ficar na história do Botafogo. Há outros que fizeram muito mais, como Garrincha e Manga. É preciso respeitá-los. Vou devagar, com humildade e esperando fazer mais para ficar na lembrança."

Pênalti na final

"Não foi nada para desrespeitar o adversário. Já fiz esse tipo de cobrança umas dez, 11 vezes na carreira e só perdi uma, quando estava no México. Assisti a uma entrevista minha no domingo, na hora do almoço, e pensei em fazer daquela maneira. Antes, o Alessandro pediu para eu bater de um jeito, mas eu mudei, e ele perguntou se eu estava maluco! A responsabilidade era muito grande, até porque naquele estádio o Uruguai venceu a Copa do Mundo de 1950."

Primeira experiência no futebol brasileiro

"Foi ruim. O Grêmio estava mal, e a desvalorização do real, na época, piorou tudo. Fiquei seis meses e não recebi nenhum salário. Não dava para continuar daquele jeito. A situação do Botafogo é diferente. O clube tem ótima estrutura. Além disso, hoje estou mais experiente, com muito futebol nas costas. Mas o lugar onde mais tive dificuldades foi Israel. Não havia como aprender hebraico, e eu ficava desesperado por não conseguir me comunicar com os outros jogadores em campo. Era impossível até falar a língua do futebol."


                                        Loco Abreu à beira da piscina do hotel Música preferida

"Gosto de ouvir Bob Marley quando quero relaxar e também curto pagode, o 'Rebolation'... Mas quando estou em casa, com a família, ouço a música típica do meu país. O problema é que seu eu colocá-la para tocar no vestiário do Botafogo, levo porrada (risos)."

Cabelo

"Já tive muitos penteados diferentes. Minha mulher ia olhando e dizendo: 'Esse pode, esse não pode'. Agora estou com o cabelo comprido e pretendo mantê-lo, a não ser que comece a cair. É engraçado que alguns jogadores carecas, como o Alessandro e Edno, implicam com os meus produtos, mas pedem para usá-los. Não entendo por quê."

Artilharia da seleção do Uruguai

"Se eu marcar mais três gols e igualar o Scarone, estará ótimo. Veja só o que ele ganhou pelo Uruguai e pelo Nacional! Mas marcar gol na Copa do Mundo não é fácil, imagina três. Mas minha carreira vai ter mais do que esse recorde. Ainda tenho 33 anos e penso fazer ainda muitas coisas.