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Campeão formado no picadeiro

Jefferson, goleiro do Botafogo, foi artista de circo na infância

 

Respeitável público, o grande circo do Carioca tem o prazer de apresentar Jefferson. Artista circense na infância, no interior de São Paulo, responsável por colocar o Flamengo e Adriano no globo da morte, o goleiro alvinegro sabe o prazer de proporcionar o riso e receber aplausos. Expert em se equilibrar na perna de pau, dar pirueta na cama elástica e pular por entre bambolês, Jefferson conta que a vida no picadeiro lhe proporcionou habilidade para fugir da perigosa ociosidade juvenil, que pôs um amigo atrás das grades e outros envolvidos com drogas, e elasticidade para brilhar com a camisa 1 alvinegra.


— É mole andar com pernas de pau, fazer número na cama elástica... (risos).  Nunca consegui fazer malabarismo. E não tive tempo para ser palhaço. Ele é a estrela. Sem palhaço não tem circo. Foi uma opção de vida, até para não ficar na rua — disse Jefferson, que, no picadeiro do Circo Las Vegas, na Praça Onze,exibiu seu talento.




Sob a lona em Assis (SP), aos 10 anos, Jefferson buscou abrigo e R$ 50 por mês. Por diversas vezes, assim como na vida, tomou tombos durante os treinos. A perseverança vem do picadeiro. Ainda adolescente, em São José do Rio Preto, trocou o gol pela carreira de atacante. Num torneio em Foz do Iguaçu, após participação decepcionante, soube que o olheiro do Cruzeiro Emerson Ávila fazia o garimpo. Malabarista da vida, se apresentou como goleiro para abocanhar a chance, aos 14 anos.

— No circo, se roda o Brasil todo. No futebol, você deixa a família cedo. Fui atrás do sonho. Vários amigos desistiram por causa de saudade — disse.

Goleiro de um Botafogo largado aos leões após a goleada de 6 a 0 para o Vasco, Jefferson teve a frieza que carrega no apelido — Homem de Gelo — para domar a desconfiança e ser o dono do espetáculo ao defender, na final, o pênalti cobrado por Adriano:

— O circo me deu força, elasticidade, agilidade.

Expressão atual que significa felicidade, Jefferson deixou a torcida do Botafogo na “mão do palhaço”