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O início da arrancada: os bastidores da goleada fatídica para o Vasco

Confira a cronologia com o momento da virada do Botafogo no Campeonato Carioca, desde o clima no vestiário após a derrota até a contratação de Joel

Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro


O dia 24 de janeiro foi de trauma para o Botafogo. Ou, depois do título do Campeonato Carioca, foi o momento da virada. A derrota por 6 a 0 para o Vasco, no Engenhão, foi o ponto de partida para que o Alvinegro desse a volta por cima e conquistasse o campeonato, depois de um início com status de azarão.

Das conversas que decidiram a demissão do treinador Estevam Soares à reunião que selou a contratação de Joel Santana, o GLOBOESPORTE.COM faz um relato dos principais fatos de um episódio que começou com humilhação e terminou com o grito de “é campeão.”

Domingo, 24 de janeiro

21h30m: Termina a partida no Engenhão, com derrota por 6 a 0 para o Vasco. No vestiário, impera o silêncio dos jogadores. O presidente Maurício Assumpção chega e transmite confiança ao grupo, frisando que a diretoria seria a responsável por aguentar as pressões, mas também cobrando reação:

- Agora eu preciso saber com quem posso contar aqui. Vocês precisam ser homens suficientes para mudar essa história. Não adianta mais lamentar, vamos dar a volta por cima - disse.

22h30m: Em entrevista coletiva no Engenhão, o vice de futebol André Silva classifica a derrota como vergonhosa, mas diz acreditar no trabalho da comissão técnica. Na volta ao vestiário, reafirma sua posição ao técnico Estevam Soares, que segue para sua casa após rápidas conversas com alguns jogadores.

Segunda-feira, 25 de janeiro

10h: O grupo se reapresenta em General Severiano, e o dia começa com uma reunião entre Estevam Soares e o elenco, sem a presença de diretoria ou outros membros da comissão técnica. Na conversa, que tem duração de uma hora, o treinador questiona a atuação do Botafogo como algo pessoal:

Por acaso vocês fizeram isso de propósito? Não querem a minha permanência aqui?"

- Por acaso vocês fizeram isso de propósito? Não querem a minha permanência aqui?

Os jogadores negam de forma veemente e garantem que se tratou de um acidente. Durante a reunião, o volante Fahel recorda que, no Campeonato Carioca do ano anterior, o Botafogo havia perdido por 4 a 0 para o Vasco e depois venceu por 4 a 1, pela semifinal da Taça Rio.

Estevam Soares sai da reunião com a certeza de que ali começava a reação do Botafogo. Em conversa com integrantes da comissão técnica, trabalha a ideia de retornar ao esquema 3-5-2, possivelmente observando Somália e Túlio Souza na lateral direita.


                                               Joel Santana mostra currículo na apresentação

14h: Dirigentes se reúnem em General Severiano. Naquele momento, começam a chegar à conclusão de que o futebol do Botafogo precisava de um “fato novo” (termo usado por um deles), o que significaria a mudança de treinador. Neste momento, o empresário Léo Rabello, representante de Joel Santana, faz o primeiro contato com o Botafogo, mas é avisado de que nenhuma atitude seria tomada até a confirmação de que Estevam Soares estava demitido e o aviso ao técnico.

16h30m: Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro desabafa contra a gestão de Maurício Assumpção. Ao lado do ex-vice de futebol Ricardo Rotenberg, ele classifica o Botafogo como um “clube sem comando e entregue a empresários”. As críticas sobram até para a terceira camisa, da cor cinza, utilizada pela primeira vez no clássico contra o Vasco.

18h: O gerente de futebol Anderson Barros telefona para Estevam Soares pedindo para que ele compareça a General Severiano para uma reunião com a diretoria. Ao chegar à sede do Botafogo, o treinador é informado de que está fora dos planos do clube.

20h: A partir desse momento, a diretoria passa, de forma efetiva, a discutir sobre qual seria o melhor nome para o cargo. De maneira praticamente unânime, a decisão é por procurar Joel Santana.

22h: O vice-presidente de futebol André Silva e o gerente de futebol Anderson Barros encontram Joel Santana na casa de Léo Rabello, seu empresário. A negociação segue de forma tranquila, e já na madrugada de terça-feira é selado o acordo para a contratação do treinador.

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