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Salve o mestre alvinegro do Salgueiro



Vitorioso no carnaval, Quinho bate tambor pelo título do Botafogo contra o Resende

Motta Gueiros
RIO - Apelidado graças à dificuldade da mãe em pronunciar seu nome, Melquisedeque Marins Marques, o Quinho, enfrentou períodos de provação e escassez até experimentar uma fartura jamais vista. Campeão do carnaval, como intérprete do Salgueiro e igualmente vitorioso com volta à elite da União da Ilha, pela qual desfilou, ainda tem voz para empurrar o Botafogo na decisão da Taça Guanabara, neste domingo, às 16h, no Maracanã, contra o Resende.



Morador até hoje da Ilha do Governador, onde foi criado, o sambista, de 51 anos, orgulha-se de ser conhecido exatamente como ele é. Assim como o slogan do Salgueiro, que também se aplica ao Botafogo, Quinho não se julga melhor, nem pior, apenas diferente. A fusão de cores e valores se tornou o uniforme do intérprete. Desde a apuração, horas antes de o Botafogo vencer o Fluminense, na Quarta-feira de Cinzas, que só é visto com sua camisa alvirrubro-negra com emblemas da escola e do clube:


" Quando o Botafogo e o Salgueiro chegam, a vitória é incontestável "
- Ainda não tirei, tenho duas.


Quem trabalha o ano inteiro por uma semana de fantasia, sabe esperar pela festa. No Salgueiro, Quinho soltou o grito de campeão após longo jejum. Em 1993, o coração explodiu com "Peguei um Ita no Norte" para celebrar a primeira conquista desde 1975. Agora, o "Tambor" bateu forte para encerrar 15 anos sem título. Junto com o Botafogo, Quinho passou 21 anos na fila até ver o time ser campeão em 1989:



- Quando o Botafogo e o Salgueiro chegam, a vitória é incontestável.




A paixão alvinegra chegou pelas mãos desastradas do tio Aurélio. Vascaíno, ele levou o pequeno Melquisedeque para conhecer o Maracanã na decisão de 1968 contra o alvinegro:
- O Botafogo ensacou quatro a zero. Aí eu falei: 'Para tio, não quero mais este time'.



Na Quarta-feira de Cinzas, Quinho teve que se dividir entre três amores. Enquanto celebrava o título do carnaval, em festas na Ilha e Salgueiro, recebia informações sobre o jogo. Neste domingo, a paixão não terá intermedirários. Ele verá o jogo ao lado do presidente do Botafogo, Maurício Assumpção. Além do espírito de campeão, pretende levar a maturidade forjada pelas derrotas na avenida.



( Conheça a história do suposto 'affair' do craque do Botafogo e a primeira-dama argentina )
" Samba e futebol caminham juntos. Vamos ganhar de 2 a 0, com dois gols do Reinaldo "
- O Salgueiro estava há 15 anos na fila e nunca chorou - afirma Quinho, empenhado em tirar o Botafogo da posição de vítima. - Em 2007, foi a gente que recuou e cedeu o empate para aquele time.


Além de se recusar a falar o nome do Flamengo, Quinho evita poucas coisas neste fase da vida. Boêmio, diz enfim ter aprendido a separar o trabalho da folia.



- Samba e futebol caminham juntos. Vamos ganhar de 2 a 0, com dois gols do Reinaldo.