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Cartão laranja e outras novidades podem invadir o futebol neste ano


International Board vota as propostas neste sábado, na Irlanda do Norte

GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro

O jogador do seu time comete uma falta mais dura no adversário. O árbitro se aproxima dele e se prepara para mostrar o cartão. A partir deste ano, essa história poderá ter um final a mais. Além do amarelo e do vermelho, entra em cena o cartão laranja - que não apenas adverte nem expulsa definitivamente.

A novidade, que excluiria o jogador da partida por alguns minutos, será votada neste sábado pela International Board, na Irlanda do Norte, em reunião a partir de 6h30m (de Brasília). Se for aprovada, será a primeira grande mudança nas regras do futebol depois de nove anos. Outras propostas serão votadas. O intervalo de 20 minutos, a quarta substituição em caso de prorrogação e o direito do treinador de permanecer na área técnica são outros destaques (confira no infográfico abaixo).


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Jogadores condenam cartão laranja

Arnaldo Cézar Coelho, comentarista da TV Globo, diz que as principais mudanças em pauta receberão o aval da International Board. Ele gosta das novidades e elege o cartão laranja como a mais curiosa. Mas é justamente a que promete causar mais polêmica entre os jogadores.

Marcelo Piu/AGÊNCIA O GLOBO
O botafoguense Reinaldo condena o cartão laranja: 'Sem chance de isso dar certo'
- É desnecessário - sentenciou Leo Moura, lateral do Flamengo.

O atacante Reinaldo, do Botafogo, foi mais veemente:

- Sem chance de isso dar certo. Os cartões amarelo e vermelho existem há muito tempo no futebol, e esse terceiro cartão tem mais a ver com outras modalidades.

Se os boleiros daqui estão reticentes quanto à novidade, o futebol italiano está aberto a ela. O ex-juiz Pierluigi Collina, atual chefe de comissão de arbitragem, afirmou que o país topa servir como cobaia para a experiência.

As mudanças que forem aprovadas passam a valer a partir de 1º de julho.

Oficialização do que já existe

As outras modificações nas regras são menos polêmicas e, em alguns casos, servem apenas para oficializar uma situação que já acontece com frequência. Permanecer na área técnica, por exemplo, já é uma realidade para o palmeirense Vanderlei Luxemburgo ou o atleticano Emerson Leão. Se a mudança vier, os treinadores agradecerão, e os juízes também. Seria o fim de um estresse para o quarto árbitro, que atualmente tem de pedir a toda hora para o treinador retornar para o banco de reservas.

Um intervalo de 20 minutos também não chega a ser uma grande novidade, já que os atrasos são costumeiros. Os atuais 15 minutos podem ser suficientes para quem está na arquibancada esperando, mas não para quem faz parte do jogo. Leo Moura diz que só dá tempo de descer para o vestiário, respirar e voltar.

A mesma opinião tem o árbitro Evandro Rogério Roman, do quadro da Fifa.

- Acho que a imprensa deve fazer o seu trabalho na saída para o intervalo. Mas, atualmente, depois de esperar a escolta policial e ir até o vestiário, tenho três ou quatro minutos antes de retornar. Então imagino a situação de um técnico, que tem de usar esse tempo para falar com os jogadores.


OUTRAS PROPOSTAS QUE SERÃO VOTADAS


- Os jogos em grama artificial precisariam do selo da Fifa Quality Concept for Football Turf.

Ele se chama atualmente Quality Concept for Artificial Turf.


- Se o jogador usar uma fita sobre o meião (para prender a caneleira, por exemplo), ambos teriam de ser da mesma cor.


- Seria incluída na regra o que já era uma determinação: o jogador que deixar o campo sem autorização do árbitro será considerado, para fins de impedimento, como estando na linha de fundo ou linha lateral.


- Atualmente, um time já precisa excluir um ou mais jogadores para igualar o número do adversário na disputa por pênaltis. Entraria na regra que o jogador a ser excluído não pode ser o goleiro.


Cinco minutos a mais de comerciais

É claro que também há o aspecto comercial. Cinco minutos a mais de descanso significam cinco minutos a mais para serem comercializados. Segundo o jornal inglês "The Guardian", custou R$ 1 milhão cada minuto de propaganda em uma emissora local na última Copa do Mundo.

A Federação Inglesa não gostou da proposta de intervalo de 20 minutos. Ela prevê protestos da torcida e diz que a ideia pode ser boa, mas apenas em lugares sem o mesmo frio da ilha britânica.

Entre as novidades principais, resta a quarta substituição em caso de prorrogação, que promete gerar menos polêmica. O torcedor brasileiro, no entanto, não deverá ver de perto a mudança, caso ela seja aprovada. A prorrogação não é usada nos principais campeonatos estaduais, na Copa do Brasil ou mesmo na Copa Sul-Americana e na Taça Libertadores.

Outra proposta de destaque já não é bem uma novidade no futebol mundial: a discussão do que pode ser feito para acabar com a dúvida de que a jogada terminou em gol ou não. A bola com chip, testada no Mundial Sub-17 de 2005 (no Peru), já fez parte da reunião da International Board antes. O que a Fifa quer ampliar agora é a utilização de assistentes atrás dos gols, a exemplo do que foi testado no último Europeu Sub-19, em 2008.


Divulgação/Site Oficial do Grêmio
Alex Mineiro não deve se preocupar: a paradinha não está em pauta na International Board

E a paradinha?

Polêmica no futebol brasileiro, mas não no europeu, a paradinha em cobranças de pênalti não entrou em pauta na reunião deste sábado na Irlanda do Norte.

- O europeu se acha dono do futebol e não liga para a América do Sul. É porque nunca aconteceu uma paradinha ou uma "paradona" lá. Mas a Confederação Sul-Americana já instruiu os árbitros a mandarem voltar a cobrança de pênalti nesses casos - disse Arnaldo Cézar Coelho, que tem o blog A Regra é Clara no GLOBOESPORTE.COM.


O que é a International Board

A International Board é a entidade que cuida das regras do futebol e suas mudanças. É formada por quatro integrantes da Fifa e um de cada uma das federações britânicas: Inglesa, Escocesa, Irlandesa e Galesa. Para que uma mudança seja aprovada, a proposta deve ter os quatro votos da Fifa, mais dois dos outros quatro integrantes.

A primeira reunião da International Board foi realizada em 1886, 18 anos antes da fundação da Fifa.


Algumas mudanças nas regras nos últimos 20 anos:


1979: o árbitro tem de erguer o braço para indicar que a cobrança de falta é indireta.


1982: é instituída a punição por sobrepasso do goleiro.


1986: o cobrador do pênalti precisa ser identificado.


1988: as traves devem ser brancas.


1990: fim do impedimento em cobrança de lateral e para o caso de um jogador na mesma linha do atacante (desde que haja outro adversário à frente).


1992: é proibido o goleiro pegar uma bola recuada por um jogador do mesmo time.


1994: é permitida uma terceira substituição, desde que o jogador a entrar seja o goleiro reserva.


1995: passam a valer três substituições, seja o goleiro reserva ou não.


1997: o goleiro pode se movimentar para os lados no momento do pênalti.


2000: o goleiro só pode segurar a bola por seis segundos.


2002: a publicidade só pode estampar a camisa do jogador, ficando proibida em calção, meia ou chuteira.


2003: a publicidade volta a ser liberada.


2004: é permitido o jogo em grama artificial. 2005: qualquer parte do corpo, excluindo-se os braços, serve como parâmetro para decidir um impedimento.

2007: fica proibida a exibição de camisas com conteúdo político, religioso ou pessoal