Departamento jurídico assume derrota e desiste de lutar pelos pontos perdidos no TJD-RJ, que considerou irregular a escalação de Jéferson
Thiago Lavinas Rio de Janeiro
Alexandre Cassiano/AGÊNCIA O GLOBO
Cena do julgamento no Pleno do TJD-RJ, a segunda derrota vascaína nos tribunais
O Vasco retirou no fim da tarde desta quinta-feira o recurso que havia impetrado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) questionando a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD-RJ) de tirar seis pontos do clube por ter escalado o meia Jéferson na derrota por 2 a 0 para o Americano, na estreia no Campeonato Carioca. Com isso, a competição não corre mais o risco de ter os jogos da fase final anulados, e o clube assume a derrota no caso.
A decisão foi tomada pela diretoria, que quis dar um ponto final na história. Segundo explicação da assessoria de imprensa cruzmaltina ao GLOBOESPORTE.COM, o recurso foi retirado porque ele só seria julgado pelo STJD após a final da Taça Guanabara, entre Botafogo e Resende, e o Vasco não quer mais tumultuar o Estadual.
Com isso a história parece ganhar um ponto final. Nesta semana, dois integrantes do departamento jurídicojá haviam deixado os seus cargos devido ao caso. Martinho Miranda e Diogo Nolasco pediram o desligamento do clube. Segundo informações do jornal Extra, eles foram contra a escalação do meia Jéferson na partida contra o Americano - o Vasco havia conseguido uma liminar na Justiça do Trabalho.
O assessor jurídico, Luiz Américo, que na época bancou a escalação do meia junto ao departamento de futebol, nega que a saída dos dois advogados foi por causa da discordância no caso. Na versão do clube, os dois teriam pedido o desligamento para cuidar de projetos pessoais.
O assessor jurídico, Luiz Américo, que na época bancou a escalação do meia junto ao departamento de futebol, nega que a saída dos dois advogados foi por causa da discordância no caso. Na versão do clube, os dois teriam pedido o desligamento para cuidar de projetos pessoais.
Quatro derrotas na Justiça Desportiva Toda a confusão aconteceu porque o Vasco resolveu escalar o meia na primeira rodada da Taça Guanabara após conseguir uma vitória na Justiça do Trabalho, onde recuperavou os direitos federativos do jogador.
Mas o atleta não estava com o nome no Bira, o boletim informativo de registros da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), como determina o regulamento. Na véspera da partida, uma decisão da Justiça do Trabalho de Brasília obrigou a Ferj a anular o contrato do jogador com o Vasco e, aliado a isso, retirar o nome de Jéferson do Bira.
A liminar obtida pelo clube da Colina no dia da estreia dava ao ele novamente os direitos federativos do jogador, mas não garantia a inscrição no Carioca. O nome de Jéferson só voltou a aparecer no Bira três dias depois da partida.
Por isso, a Justiça Desportiva puniu o clube com a perda de seis pontos, o que acabou tirando o Vasco das semifinais da Taça Guanabara - o time se classificaria em primeiro lugar do Grupo A, com 14 pontos, três a mais que o Fluminense, que acabou como o mais bem colocado.O Vasco passou a contestar a decisão, mas sofreu quatro derrotas na Justiça Desportiva.
No dia 12 de fevereiro, a quarta comissão disciplinar do TJD-RJ considerou o clube culpado por quatro votos a um. A diretoria vascaína recorreu. E no julgamento no Pleno do TJD-RJ sofreu nova derrota, por sete votos a um. O departamento jurídico do clube, por intermédio de Luiz Américo, teve ainda dois pedidos de efeitos suspensivos negados. Primeiro no TJD-RJ. Depois no STJD.
A Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RJ) ainda abriu inquérito para investigar se o Vasco violou o artigo 231 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que proíbe "pleitear, antes de esgotadas todas as instâncias da Justiça Desportiva, matéria referente à disciplina e competições perante o Poder Judiciário, ou beneficiar-se de medidas obtidas pelos mesmos meios por terceiro".
A pena seria a eliminação do clube do Campeonato Carioca. Mas o Vasco ainda não foi denunciado pelo auditor, que tem 15 dias para estudar o caso.