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Família apela para o sentimentalismo por volta de Túlio Tanaka ao Brasil

Mãe sofre de saudade do filho, há 14 anos no Japão. Com incentivo do tio, que mora no Rio de Janeiro, destino do zagueiro deve ser o Botafogo

Por Thales Soares Rio de Janeiro
 
Túlio Tanaka, brasileiro naturalizado japonês (Foto: Getty Images) 
Túlio Tanaka, brasileiro naturalizado japonês, na
mira do Botafogo (Foto: Getty Images)
 
Neto de japoneses, Marcus Túlio Tanaka se transformou em personagem corriqueiro no futebol mundial. Nascido no Brasil, foi para o Japão estudar e jogar futebol aos 16 anos de idade. Tanto tempo fora do país fez sua família apelar para o lado sentimental na tentativa de trazê-lo de volta. Sua mãe Maderli sofre intensamente de saudade do filho, que está na mira do Botafogo e desembarca em São Paulo sexta-feira.

A família de Tanaka mora em Palmeira D’Oeste, terra natal do jogador, no interior de São Paulo. A aposta é que, apesar do contrato com o Nagoya Grampus ir até o fim de 2012, desta vez ele voltará ao Brasil para ficar mais perto dos pais, que sonham vê-lo defendendo a seleção japonsea na Copa do Mundo de 2014.

- O Japão é muito longe. A gente sente demais isso. O telefone tem que tocar todo dia aqui em casa para a gente falar pelo menos um pouquinho com ele. Ele está tanto tempo distante e queria que estivesse mais perto. Não tivemos convívio familiar, pois o Túlio foi embora muito jovem. Se ele jogar a Copa de 2014, será uma felicidade, uma surpresa muito agradável – comentou Paulo Tanaka, pai do jogador.
Um dos maiores incentivadores da volta de Túlio para o Brasil é o tio Cláudio Tanaka, que mora no Rio de Janeiro. Ele é pai de duas filhas, que também jogam futebol e gostariam de acompanhar o primo de perto. Afinal, trata-se de um jogador com uma Copa do Mundo no currículo.

- O tio dele sempre fala para ele ir jogar no Rio. Pelo menos, é mais perto que o Japão – brincou Paulo. – Não é que o Túlio esteja insatisfeito, mas queremos torcer por ele mais de perto.

Orgulhoso pelo currículo do filho, eleito seguidas vezes para a seleção dos melhores da J-League, Paulo só fica chateado ao falar sobre um lance que marcou a carreira de Túlio. Pouco antes da Copa do Mundo de 2006, num amistoso com a Costa do Marfim, chocou-se com Drogba, que se machucou na jogada.

- Fiquei muito triste, pois ele nunca foi violento, não tem isso no currículo. Nunca havia feito nada para denegrir sua imagem. A repercussão foi ruim para ele. Não passou de um lance normal de jogo. O Drogba e o técnico da Costa do Marfim reconheceram isso. Ele acabou fazendo uma boa campanha na Copa do Mundo de 2010 – comentou Paulo, lembrando que o Nagoya conquistou o primeiro título nacional no ano passado, o de estréia do seu filho no clube.

 

 Por incrível que pareça, houve dúvida na família Tanaka sobre a naturalização do filho. Na época, Maderli foi contra, mas acabou sendo convencida. Em 2004, quando o processo terminou, entrou na lista de convocados para a Olimpíada de Atenas e ficou decepcionado quando ficou fora da Copa do Mundo de 2006. Zico era o técnico do Japão.

- Quando ficou fora, queria até vir embora e largar tudo. Eu disse que deveria continuar. Acho que ele nunca falou com o Zico diretamente. O Túlio é muito reservado e não fala sobre os problemas. A gente sabe quando ele está chateado, ma sempre diz para deixarmos como está, que vai dar um jeito. Só depois soube de uma declaração do Zico dizendo que nunca chamaria o Túlio. Mas não ouvi isso – contou Paulo.

Como todo pai, ele procurou incentivar Túlio no começo de sua carreira. Depois de tentar a sorte no Brasil e não conseguir emplacar, embarcou no sonho japonês. Nem mesmo Paulo acreditava que pudesse chegar aonde está hoje, com prestígio internacional, jogando na seleção japonesa.

- As coisas já estavam escritas. Ele chegou a treinar no Cruzeiro, com Fábio Júnior e Geovani. O técnico era o Ney Franco. Ficou 40 dias, mas depois não foi chamado. Treinou no Mirassol e, então, veio o convite do Japão. Não achava que seria dessa forma. Imaginei que fosse estudar e jogar num time e ponta, mas não com tanto sucesso – revelou Paulo.