No mesmo dia, no mesmo horário, globais alvinegros escolhem mesmo jogo como o mais marcante: coisas que só acontecem com o Botafogo
Reza a lenda: há coisas que só acontecem com o Botafogo. A máxima pode servir até para o momento de se escolher o jogo inesquecível. Dois artistas, em entrevistas marcadas para o mesmo dia e mesmo horário - às 16h de uma sexta-feira -, criaram mais uma coincidência para os torcedores supersticiosos. O 18 de abril de 2010 ainda está bem vivo na memória e foi especial para dois globais: o humorista Hélio de la Peña, do Casseta & Planeta, e a atriz Nathalia Dill, que recentemente interpretou a personagem Vitória da novela das 18h, "Escrito nas estrelas".
Os dois estavam no Maracanã, e saíram de lá com o grito de campeão carioca, entalado há três anos. A vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo garantiu a Taça Rio e o título estadual, além de quebrar a sina de vices. O triunfo com dois gols de pênalti, com o goleiro Jefferson em dia de herói por defender outra cobrança, deu o ingrediente a mais de drama para os alvinegros.
- Odeio pênaltis. É oito ou oitenta. Um gol tão dado que o jogador fica com a obsessão de fazer. Se marcar, não fez mais que obrigação. Se perder, a autoestima do time baixa. Nas outras finais com o Flamengo, o Bruno pegava, e o Flamengo saía campeão. Dessa vez, não conseguiu. Quando o Jefferson defendeu o do Adriano, pulei como se fosse um gol. Fiquei otimista. Senti que naquele dia o Botafogo seria campeão. O Jefferson e o Loco Abreu foram demais. Há três, quatro anos, era a mesma história. Nas vezes que eu fui, ou o time empatava ou perdia. Mas acabamos com a praga - afirmou Nathalia, no Projac, na Barra da Tijuca.
Hélio de la Peña não tinha essa convicção toda do título. Ficou bem tenso no momento da cobrança da penalidade do Imperador. O início da partida já fora frenético. Acompanhado apenas da mulher - não queria dividir a preocupação com os filhos e o jogo - e vestido com a "camisa da sorte" de Nilton Santos, o humorista explodiu de felicidade com o título.
- Quando o juiz deu pênalti, pensei: “Já vi esse filme”. A torcida deles tinha certeza que iam empatar, e o Adriano também. Só que ele não sabia que do outro lado tinha um goleiro de seleção. Foi só o Jefferson pular e pegar para eu não lembrar de mais nada depois disso. Só lembro que acordei depois de três dias (risos) - disse, no escritório do Casseta & Planeta, em Ipanema, Zona Sul do Rio.
Cavadinha de Loco Abreu
Nathalia foi ao Maracanã com a amiga Helena e lembra que a colega, amante também de vôlei, estava otimista naquele dia porque, na véspera, o Osasco tinha dado fim a uma série de vices ao bater o Rio de Janeiro na final feminina. Mais uma superstição alvinegra. Nada que diminuísse a tensão da atriz. Nathalia confessou que quando vai a estádios sente-se menos à vontade.
- Pode parecer loucura, mas acho que na TV a partida de futebol é mais emocionante. Você tem o replay, o zoom no lance, no jogador, assiste a tudo com mais detalhes, que passam mais despercebidos no local. Além disso, prefiro torcer sozinha, no quarto. Fico ali concentrada. E não gosto de ver gente que torce por outro time. O problema é que os torcedores sempre xingam o seu clube ou cantam coisas, e não tenho essa coisa da rivalidade. Vou ali para torcer pelo Botafogo, e pronto.
O humorista costumava assistir aos jogos no camarote da Ferj, mas desistiu justamente para evitar encontro com torcedores rivais. Antes, na vitória sobre o Vasco, foi para a arquibancada. Deu certo. Aí, resolveu repetir a dose. Pelo visto, a última mania permanecerá por um tempo. A vitória com sofrimento aumentou a superstição.
- O jogo começou tenso. Até a hora do gol, né? Aí foi só emoção. Herrera bateu no meio, rasteiro, mas quase que o Bruno pegou com o pé. Foi um alívio. Como alegria de botafoguense dura pouco, o Flamengo logo empatou. E foi bem com aquele Vagner Love. Deu muita raiva. Fiquei vendo-o comemorar com aquelas trancinhas pintadas de vermelho e preto só para irritar, cheio de marra. Só que a gente tinha o Papai Joel. Não dava para ser vice de novo. Com certeza chamou a rapaziada no intervalo.. Então, veio o momento. A cavadinha do Loco Abreu. Linda. Nessa hora, a torcida do Flamengo já gritava “Vice de novo”. Eu daria tudo para estar ali no meio para ver a cara deles. Ia ser muito bom, um imenso prazer.
- Sempre gostei também de vôlei, e passei a curtir mais futebol quando virei Botafogo. Era muito fã do Dodô, um excelente atacante, foi meu ídolo. Agora, adoro o Jefferson, e acho o Loco Abreu demais. Por causa dele, torci muito pelo Uruguai na Copa do Mundo. Na verdade, eu entrei também naquela onda pela América Latina, queria também que a Argentina tivesse chegado mais longe.
Do contra
De família toda vascaína, Hélio de la Peña confessa que quis ser do contra. Principalmente após uma goleada de 4 a 0 sobre os cruzmaltinos quando ainda era menino, com 7, 8 anos. Começava ali a veia cômica e de torcedor.
- Não dava para perder essa oportunidade de zoar todo mundo lá em casa. Era irresistível! Fui praticamente obrigado a virar botafoguense. O Jairzinho sempre foi o meu ídolo. Tudo bem que o Garrincha está no Olimpo também. Mas ídolo, para mim, é aquele com quem você tem uma identificação. Era do nível de eu ouvir o nome dele na escalação do rádio e ficar tranquilo, ter a certeza de que iríamos vencer. Ele deu um show na primeira Copa do Mundo que vi pela televisão, em 1970. Tinha um cabelo black power, que parecia com o meu. Isso não tem como apagar da memória.
- Eu tinha um ingresso a mais para a arquibancada. Resolvi fazer um sorteio no Twitter. Quem me mandasse primeiro um DM com “Eu quero” ganhava. Uma menina que usava @fenoga ganhou. Nunca a tinha visto mais gorda. Nem mais magra. Aliás, ela estava até muito bem, para o meu gosto (risos). Nós nos encontramos num shopping na Tijuca.
FLAMENGO 1 X 2 BOTAFOGO Bruno, Leonardo Moura (Petkovic), David, Ronaldo Angelim e Rodrigo Alvim; Toró (Vinícius Pacheco), Maldonado, Willians e Michael (Fierro);
Vagner Love e Adriano Jefferson, Fahel, Antônio Carlos e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Renato Cajá (Edno), Túlio Souza (Caio) e Somália; Herrera e Loco Abreu
Técnico: Andrade Técnico: Joel Santana
Gols: Herrera aos 23 minutos e Vagner Love aos 45 minutos do primeiro tempo; Loco Abreu aos 27 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Renato Cajá, Somália, Alessandro, Túlio Souza, Fábio Ferreira, Leandro Guerreiro e Fahel (Botafogo); Bruno, Toró, Maldonado, Vagner Love, Vinicius Pacheco, Rodrigo Alvim, David (Flamengo).
Cartões vermelhos: Maldonado (Flamengo) e Herrera (Botafogo)
Data: 18/04/2010. Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca.
Auxiliares: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massara dos Santos.
Público: 50.303 pagantes / 60.748 presentes. Renda: R$ 1.677.565,00
Os dois estavam no Maracanã, e saíram de lá com o grito de campeão carioca, entalado há três anos. A vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo garantiu a Taça Rio e o título estadual, além de quebrar a sina de vices. O triunfo com dois gols de pênalti, com o goleiro Jefferson em dia de herói por defender outra cobrança, deu o ingrediente a mais de drama para os alvinegros.
Hélio de la Peña e Nathalia Dill vibraram com a defesa de Jefferson no pênalti cobrado por Adriano e a cavadinha de Loco Abreu: time pôs fim à sina de vices contra o Fla (Fotos: Divulgação / Globoesporte.com)
- Odeio pênaltis. É oito ou oitenta. Um gol tão dado que o jogador fica com a obsessão de fazer. Se marcar, não fez mais que obrigação. Se perder, a autoestima do time baixa. Nas outras finais com o Flamengo, o Bruno pegava, e o Flamengo saía campeão. Dessa vez, não conseguiu. Quando o Jefferson defendeu o do Adriano, pulei como se fosse um gol. Fiquei otimista. Senti que naquele dia o Botafogo seria campeão. O Jefferson e o Loco Abreu foram demais. Há três, quatro anos, era a mesma história. Nas vezes que eu fui, ou o time empatava ou perdia. Mas acabamos com a praga - afirmou Nathalia, no Projac, na Barra da Tijuca.
Hélio de la Peña não tinha essa convicção toda do título. Ficou bem tenso no momento da cobrança da penalidade do Imperador. O início da partida já fora frenético. Acompanhado apenas da mulher - não queria dividir a preocupação com os filhos e o jogo - e vestido com a "camisa da sorte" de Nilton Santos, o humorista explodiu de felicidade com o título.
- Quando o juiz deu pênalti, pensei: “Já vi esse filme”. A torcida deles tinha certeza que iam empatar, e o Adriano também. Só que ele não sabia que do outro lado tinha um goleiro de seleção. Foi só o Jefferson pular e pegar para eu não lembrar de mais nada depois disso. Só lembro que acordei depois de três dias (risos) - disse, no escritório do Casseta & Planeta, em Ipanema, Zona Sul do Rio.
Cavadinha de Loco Abreu
Nathalia foi ao Maracanã com a amiga Helena e lembra que a colega, amante também de vôlei, estava otimista naquele dia porque, na véspera, o Osasco tinha dado fim a uma série de vices ao bater o Rio de Janeiro na final feminina. Mais uma superstição alvinegra. Nada que diminuísse a tensão da atriz. Nathalia confessou que quando vai a estádios sente-se menos à vontade.
- Pode parecer loucura, mas acho que na TV a partida de futebol é mais emocionante. Você tem o replay, o zoom no lance, no jogador, assiste a tudo com mais detalhes, que passam mais despercebidos no local. Além disso, prefiro torcer sozinha, no quarto. Fico ali concentrada. E não gosto de ver gente que torce por outro time. O problema é que os torcedores sempre xingam o seu clube ou cantam coisas, e não tenho essa coisa da rivalidade. Vou ali para torcer pelo Botafogo, e pronto.
O humorista costumava assistir aos jogos no camarote da Ferj, mas desistiu justamente para evitar encontro com torcedores rivais. Antes, na vitória sobre o Vasco, foi para a arquibancada. Deu certo. Aí, resolveu repetir a dose. Pelo visto, a última mania permanecerá por um tempo. A vitória com sofrimento aumentou a superstição.
- O jogo começou tenso. Até a hora do gol, né? Aí foi só emoção. Herrera bateu no meio, rasteiro, mas quase que o Bruno pegou com o pé. Foi um alívio. Como alegria de botafoguense dura pouco, o Flamengo logo empatou. E foi bem com aquele Vagner Love. Deu muita raiva. Fiquei vendo-o comemorar com aquelas trancinhas pintadas de vermelho e preto só para irritar, cheio de marra. Só que a gente tinha o Papai Joel. Não dava para ser vice de novo. Com certeza chamou a rapaziada no intervalo.. Então, veio o momento. A cavadinha do Loco Abreu. Linda. Nessa hora, a torcida do Flamengo já gritava “Vice de novo”. Eu daria tudo para estar ali no meio para ver a cara deles. Ia ser muito bom, um imenso prazer.
Nathalia foi fã de Dodô. 'Agora, adoro o Jefferson e o
Loco Abreu' (Foto: Márcio Mará / Globoesporte.com)
O momento inspirado do atacante uruguaio também marcou a primeira grande euforia de Nathalia. Afinal, a opção pelo Botafogo não foi dos tempos de criança. Primeiro, quando muito menina, era Flamengo até Renato Gaúcho fazer o gol de barriga do título carioca do Fluminense em 1995, na vitória por 3 a 2. Depois, virou tricolor, mas só passou a se considerar torcedora de verdade quando seguiu o gosto do avô e de algumas amigas.Loco Abreu' (Foto: Márcio Mará / Globoesporte.com)
- Sempre gostei também de vôlei, e passei a curtir mais futebol quando virei Botafogo. Era muito fã do Dodô, um excelente atacante, foi meu ídolo. Agora, adoro o Jefferson, e acho o Loco Abreu demais. Por causa dele, torci muito pelo Uruguai na Copa do Mundo. Na verdade, eu entrei também naquela onda pela América Latina, queria também que a Argentina tivesse chegado mais longe.
Do contra
De família toda vascaína, Hélio de la Peña confessa que quis ser do contra. Principalmente após uma goleada de 4 a 0 sobre os cruzmaltinos quando ainda era menino, com 7, 8 anos. Começava ali a veia cômica e de torcedor.
- Não dava para perder essa oportunidade de zoar todo mundo lá em casa. Era irresistível! Fui praticamente obrigado a virar botafoguense. O Jairzinho sempre foi o meu ídolo. Tudo bem que o Garrincha está no Olimpo também. Mas ídolo, para mim, é aquele com quem você tem uma identificação. Era do nível de eu ouvir o nome dele na escalação do rádio e ficar tranquilo, ter a certeza de que iríamos vencer. Ele deu um show na primeira Copa do Mundo que vi pela televisão, em 1970. Tinha um cabelo black power, que parecia com o meu. Isso não tem como apagar da memória.
Do lado do ídolo Maicosuel, Hélio de la Peña curte boa fase alvinegra (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
A decisão contra o Flamengo marcou o Casseta alvinegro de outra forma. Twitteiro, De la Peña ainda deu um jeito de inovar.- Eu tinha um ingresso a mais para a arquibancada. Resolvi fazer um sorteio no Twitter. Quem me mandasse primeiro um DM com “Eu quero” ganhava. Uma menina que usava @fenoga ganhou. Nunca a tinha visto mais gorda. Nem mais magra. Aliás, ela estava até muito bem, para o meu gosto (risos). Nós nos encontramos num shopping na Tijuca.
FLAMENGO 1 X 2 BOTAFOGO Bruno, Leonardo Moura (Petkovic), David, Ronaldo Angelim e Rodrigo Alvim; Toró (Vinícius Pacheco), Maldonado, Willians e Michael (Fierro);
Vagner Love e Adriano Jefferson, Fahel, Antônio Carlos e Fábio Ferreira; Alessandro, Leandro Guerreiro, Renato Cajá (Edno), Túlio Souza (Caio) e Somália; Herrera e Loco Abreu
Técnico: Andrade Técnico: Joel Santana
Gols: Herrera aos 23 minutos e Vagner Love aos 45 minutos do primeiro tempo; Loco Abreu aos 27 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Renato Cajá, Somália, Alessandro, Túlio Souza, Fábio Ferreira, Leandro Guerreiro e Fahel (Botafogo); Bruno, Toró, Maldonado, Vagner Love, Vinicius Pacheco, Rodrigo Alvim, David (Flamengo).
Cartões vermelhos: Maldonado (Flamengo) e Herrera (Botafogo)
Data: 18/04/2010. Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
Árbitro: Gutemberg de Paula Fonseca.
Auxiliares: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massara dos Santos.
Público: 50.303 pagantes / 60.748 presentes. Renda: R$ 1.677.565,00