Gustavo Rotstein Rio de Janeiro
Em quase nove meses como vice de futebol, André Silva já recebeu muitos elogios no momento em que o Botafogo, com um elenco relativamente simples, disputava a final do Campeonato Carioca. Mas agora vive o outro lado da moeda, ouvindo críticas, um dia após a equipe ter retornado à zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
Mas apesar de novo no meio futebolístico, André Silva tem a consciência de que não pode ficar com tranquilo somente por, junto dos demais dirigentes do clube, manter os salários do Botafogo em dia.
Ele sabe, como torcedor alvinegro, que do jeito que está não pode ficar. Por isso, admite que, ainda nesta temporada, promoverá mudanças no elenco e até em outros setores do futebol do clube.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, André Silva faz uma análise do atual momento do Botafogo, agravado pela derrota por 2 a 1 para o Santo André, na última quarta-feira, e fala o que pode ser feito para solucionar o problema a tempo de evitar o pior.
GLOBOESPORTE.COM – Depois do que aconteceu na última quarta-feira, o que mais lhe preocupa neste momento?
ANDRÉ SILVA – Minha maior preocupação é não cair e, ao mesmo tempo, descobrir o que estamos fazendo de errado. Estamos trabalhando dentro do orçamento, com transparência e mantendo a disciplina dentro do elenco. Além disso, todos respeitam suas posições dentro do clube. Estamos conversando muito para sabermos o que precisa ser corrigido. Para mim e para a comissão técnica, parece que os jogadores não estão bem fisicamente. Vamos atacar em cima deste ponto.
Para você, está claro que o Botafogo precisa de reforços, ou os maus resultados não são reflexo da capacidade do elenco?
Acho que, com o time que tem, o Botafogo não era para estar nessa situação. Mas não sou louco de insistir em bater nessa tecla e ver a coisa degringolar. Lógico que é preciso uma mexida agora, e isso significa entrada e saída de jogadores. Tenho minhas opiniões em relação a isso, mas ainda vou conversar com o Estevam Soares.
Poderia haver mudanças no futebol que fossem além do grupo de jogadores?
Todo esse contexto está sendo analisado. Não apenas os jogadores, mas também o trabalho feito pelos departamentos que estão dentro do futebol. Com certeza não vamos errar no ano que vem, mas podem ocorrer mudanças ainda neste ano. Desde o início da gestão do presidente Maurício Assumpção, muito tem se falado sobre a importância de não se descumprir o orçamento estabelecido para o futebol, que tem como consequência o pagamento em dia dos salários.
Como administrar isso, no momento em que o Botafogo precisa de reforços?
A diretoria também está discutindo este assunto. É muito fácil aumentar o orçamento, mas o problema é não ter dinheiro para pagar os salários.
Ainda temos três meses até o fim do Brasileiro, e como seria lidar com jogadores indignados diante de possíveis atrasos?
Nosso desempenho em campo seria ainda mais prejudicado. Precisamos encontrar um meio-termo, e o nosso departamento financeiro está buscando uma saída.
O que mais o tem incomodado nesta primeira crise que você enfrenta como vice de futebol do Botafogo?
Não sou o senhor da verdade. Sou uma pessoa aberta a ouvir opiniões. Mas fico chateado com aqueles que minam o trabalho por baixo, muitas vezes usando a imprensa para isso. Acho que, se tivessem coragem, essas pessoas estariam no Botafogo quando não havia sequer um time, como aconteceu no início do ano. Agora, com um elenco montado, é fácil ter ideias. É preciso coragem para largar a vida pessoal e profissional em nome do amor a um clube. Mas não tenho vaidade ou ambição política. No dia que acharem que não posso mais contribuir, volto para a arquibancada e continuo aplaudindo o Botafogo.
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