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A falência do futebol carioca


Ninguém pode exigir do torcedor de futebol conscientização político-social, além de avançadas noções de economia. Mas dos dirigentes que têm nas mãos tanta força e se dizem instruídos, pode. É o caso do falido futebol do Rio de Janeiro, que tem um clube na segunda divisão (Vasco) e três passando vergonha pelos estádios do Brasil (Flamengo, Botafogo e Fluminense).
É possível que o exacerbado profissionalismo, aliado à crise econômico-financeira, já esteja fazendo suas primeiras vítimas (casos de Fluminense e Botafogo, principalmente), como já fez em passado recente com clubes tradicionais como América e Bangu, ambos fundados em 1904.

Apenas para fixar uma data para a decadência do futebol no Rio, pode-se dizer que começou quando Eduardo Viana (1939-2006) assumiu o comando da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Transtornado pelo poder, ele passou a dar força aos clubes do interior do estado que, diga-se de passagem, nem torcedores possuem.
O Campeonato Carioca, já mudado para Estadual, transformou-se numa competição cômica com a presença dessas agremiações que só têm compromissos por alguns meses do ano. E quando são chamadas a entrar em ação, valem-se de jogadores quase aposentados ou daqueles que foram deixados de lado pelos clubes grandes.

Em mais de 30 anos, só ouvi de um único e escasso dirigente, Francisco Horta, que o futebol do Rio estava destinado à falência caso não mudasse de rumo. Como Horta não conseguiu êxito em suas pretensões na Federação do Rio, está aí o resultado que ele já previa.
A cada ano que passa, os cariocas pagam espetáculos ridículos no imenso Campeonato Brasileiro. E não percebo entre os dirigentes – e mesmo entre os jornalistas – nenhuma voz que denuncie esse caminho destinado à falência. As críticas são apenas pontuais, limitando-se às más arbitragens, contratações erradas e técnicos incompetentes. No fundo, com as raríssimas exceções de sempre, todos são apenas torcedores, querendo ganhar partidas até com gols com a mão.

E o futebol do Rio, com o progresso das vias de acesso às praias mais distantes, ganhou mais um adversário. Num domingo de sol, qual o torcedor que irá trocar a diversão pelo risco de ir ao Maracanã e ser mais uma vítima das torcidas organizadas?
A situação chegou a tal ponto que foi preciso, de maneira arbitrária, que passasse a vigorar proibição às bebidas alcoólicas no entorno do estádio. Em poucas e resumidas palavras, os bares e restaurantes, que pagam impostos escorchantes ao estado, agora têm suas vendas limitadas, justamente nos finais de semana.
Quem terá coragem suficiente para encarar no Rio essa fase de obscurantismo no futebol?