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Reinaldo sonha renovar e avisa: 'Quero colocar uma dor de cabeça no Estevam'

Reinaldo sonha renovar e avisa: 'Quero colocar uma dor de cabeça no Estevam'
Recuperado de lesão, atacante revela que, na fase mais crítica de seu tratamento, pensou em deixar o Botafogo

Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro



No punho direito, Reinaldo usa uma pulseira com a frase “Vitória da fé”. As palavras estampadas no adereço, presente do companheiro Lucio Flavio, resumem o momento do atacante. Após quatro meses convivendo com uma lesão no tornozelo direito, ele finalmente se diz totalmente recuperado e pronto para voltar a ser o jogador que se destacou na campanha do Botafogo no Campeonato Carioca.

Em entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM, Reinaldo diz estar pronto para ser titular do Alvinegro (no vídeo ao lado, ele fala sobre a concorrência com o amigo Victor Simões). Mas o que hoje é confiança, até bem pouco tempo era pessimismo. O atacante revela: durante o tratamento, pensou em pedir que seu contrato com o Botafogo fosse rescindido e admite que temeu pelo seu futuro como jogador em 2009.

No entanto, Reinaldo diz estar bom do pé e da cabeça. Tanto que manifesta o desejo de renovar seu contrato com o Botafogo por mais um ano. Além disso, não esconde que, no momento de dificuldade pelo qual o time passa, cresce a vontade de fazer valer sua vocação para brilhar nos momentos decisivos, a começar pelo jogo contra o Cruzeiro, nesta quinta-feira, no Engenhão. Confronto considerado chave para a recuperação da equipe no Campeonato Brasileiro.

Após quatro meses entre idas e vindas do departamento médico, qual é o seu estado físico atual?

O melhor possível. Quando voltei pela primeira vez, não estava 100% clinicamente, mas foi bom ter aquela parada nas partidas contra São Paulo e Atlético-PR. Voltei muito melhor na parte física, e hoje meu sonho é começar uma partida, pois ganhei confiança e condicionamento. Quero colocar uma dor de cabeça no Estevam, mas sem querer ganhar no grito. Vou esperar a minha vez.

Você se mostrou extremamente triste quando, na véspera de voltar a ser titular, contra o São Paulo, sentiu novamente dores no tornozelo direito. O que passou pela sua cabeça quando voltou ao departamento médico?

Quando enfrentamos o Barueri, eu já não estava legal. Mas era um jogo importante, e eu não queria fugir do pau. Logo que entrei em campo, vi que daquele jeito eu não poderia continuar, pois prejudicaria a mim e ao time. Quando parei, muita coisa passou pela minha cabeça. Cheguei até a pensar que não voltaria a jogar como antes. Mas com fé em Deus e apoio de muitas pessoas, me recuperei. Agora estou preparado para voltar a ser o Reinaldo do primeiro semestre.


Gustavo Rotstein/GLOBOESPORTE.COM
Reinaldo usa pulseira com frase 'Vitória da fé', presente de Lucio Flavio


Como ficou sua cabeça no dia a dia do tratamento?

Houve de tudo. Fiquei desmotivado, muita coisa passou pela minha cabeça... Mas foi sensacional o carinho que recebi nos momentos em que estava muito para baixo. Via o time jogando, o tratamento não evoluía e as dores não sumiam. Cheguei a pensar que não voltaria a jogar neste ano, pois o tempo passava, não me recuperava e a pressão aumentava. Fiquei preocupado. Mas a comissão técnica foi fundamental para que eu reencontrasse a motivação. Meu pior momento foi quando, após dois meses parado, fiz um exame que mostrou que a lesão não tinha regredido quase nada.

E durante este período mais crítico do tratamento, pensou em deixar o Botafogo?

Quando estava machucado, pensei em chamar o presidente para uma conversa e dizer que, se achasse que não estava ajudando, rescindisse meu contrato amigavelmente. Mas depois, conversando com minha mulher, pensei que essa seria uma atitude covarde. Estava me recuperando e tinha a certeza de que voltaria fazer gols e a ajudar o Botafogo. O grupo também poderia sentir minha saída, pois sou muito querido, os jogadores me ouvem e me respeitam. Ainda tenho muito a dar ao clube, e hoje penso diferente. Estou animado e quero terminar a temporada bem para buscar uma renovação.

Então, sua ideia é ficar no Botafogo em 2010?

Estou esperando o André Silva (vice de futebol) passar por mim em General Severiano e me dar um toque (risos). Vai acontecer na hora certa, e, se não acontecer, serei grato ao Botafogo pelo que fez. Falo do clube com orgulho quando converso com amigos que estão fora do país. Diretoria, jogadores e estrutura são fora de série. Tenho três meses para mostrar o que sei, marcar o máximo possível de gols e renovar. Depende da diretoria, mas quero ficar no ano que vem.

Do lado de fora você acompanhou a troca de Ney Franco por Estevam Soares. Qual a sua análise sobre esse fato?

Fiquei chateado por não ter podido ajudar o Ney no Campeonato Brasileiro, já que ele me ajudou muito no Botafogo. Quando alguém fazia algum comentário sobre mim, comprava a briga. É um treinador do qual nunca vou esquecer. Os jogadores ficaram tristes, mas lembrei a eles que a diretoria estava sob pressão e precisou mudar. No entanto, acho que fizeram a escolha certa. O Estevam tem uma forma legal de trabalho e está cobrando bastante. Tem hora que a gente precisa ouvir umas verdades, e ele é o cara certo para isso.

Cheguei a pensar que não voltaria a jogar neste ano, pois o tempo passava, não me recuperava e a pressão aumentava"

Por que o Botafogo vem mostrando tanta irregularidade desde o fim do Campeonato Carioca? Você vê boas perspectivas para a equipe?

Se eu não tivesse me machucado e o Maicosuel ainda estivesse na equipe, além da chegada do Lucio Flavio e do André Lima, o Botafogo estaria brigando pelo título brasileiro. Mas no futebol não existe o “se”, isso é passado. Vejo o nosso grupo com condições de dar a volta por cima, e lógico que os reforços serão bem-vindos. A gente está falando muito, mas não está mostrando em campo. Nossa realidade é sair da zona de rebaixamento. Não podemos enganar o torcedor, porque nossa posição é incômoda. A pressão é enorme, mas temos condições de conseguir algo melhor.

Na sua opinião, o que falta para o Botafogo crescer?

A gente até faz bons jogos fora de casa, não sei se é porque existe menos pressão. O Grêmio, por exemplo, ainda não ganhou fora, mas atropela os adversários no Olímpico. Falta jogarmos com alegria no Engenhão, tentando dribles e chutes. Estamos muito pressionados em casa, e isso facilita para o outro time. Temos que jogar como os verdadeiros donos do Engenhão, fazendo do nosso campo um caldeirão. Isso tem que começar a partir do jogo contra o Cruzeiro, nesta quinta-feira.

Você acredita ter um papel no Botafogo que vai além da função que exerce dentro de campo?

Acho que sim, e lembro de uma história interessante. Antes do jogo contra o Santos, não tínhamos vencido no Brasileiro, e eu não estava assistindo aos jogos no Engenhão porque fazia tratamento e não tinha cabeça. Mas os jogadores pediram para que eu fosse ao estádio, pois sentiam falta das minhas palavras e da minha liderança. Naquele momento senti minha importância. Juninho, Lucio Flavio e eu temos uma palavra forte, e o grupo nos respeita. Tenho essa consciência.

Mesmo sem estar em plena forma física, você se mostrou importante para o Botafogo. No último domingo, marcou um dos gols no empate em 3 a 3 com o Corinthians, logo depois de entrar em campo. O Reinaldo cresce nos momentos decisivos?

Não vinha bem, mas fiz um gol sobre o Náutico, raspei a bola no gol do Alessandro sobre o Internacional e dei o passe para o gol da vitória sobre o Barueri. Ajudei o time a ganhar sete pontos. Mesmo não estando legal, consigo aprontar alguma coisa (risos). Lógico que não são todas as vezes. Aprendi muito nos lugares em que passei e com os títulos que conquistei. Jogadores consagrados me ensinaram muito, e procuro levar isso para o campo. Quando entro em campo, penso comigo: “algo de bom você vai fazer”. Procuro crescer nos momentos importantes, porque é quando o jogador aparece e não pode errar. Perdi alguns gols, mas não costumo ser aquele jogador que falha quando tem a bola do jogo.