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Demitir os treinadores tem melhorado o desempenho das equipes no Brasileirão

Em oito casos de demissão, novos técnicos tiveram aproveitamento superior ao de seu antecessor. Atlético-PR foi o que mais se beneficiou

Felippe Costa e Klima Pessanha
Rio de Janeiro



Você acha que demitir técnico ajuda e melhora o desempenho do time no Brasileirão? O GLOBOESPORTE.COM, de calculadora na mão, foi atrás da resposta para descobrir o que vem acontecendo com os clubes que decidiram trocar o comando durante a competição. E verificou que esta opção tem surtido efeito neste ano.

De 13 demissões de treinadores no Brasileirão, em oito oportunidades o clube melhorou o seu desempenho após a troca, embora muitos ainda estejam no começo do trabalho. Há ainda outras situações interessantes. Em duas quatro situações em que os técnicos pediram demissão, o clube abandonado perdeu fôlego na disputa do Nacional.

Outro destaque fica para o grande aproveitamento do interino Jorginho, no Palmeiras, melhor do que os consagrados Vanderlei Luxemburgo, seu antecessor, e Muricy Ramalho, seu sucessor. O Verdão, mesmo com a demissão, é líder, seguido do São Paulo, outro que trocou de comando.


Clubes que conseguiram resultados positivos com a mudança


Clube Técnico demitido Novo técnico

Atlético-PR Geninho (6,6%) Waldemar Lemos (36,6%)
Flamengo Cuca (43,6%) Andrade (47,6%)
Coritiba René Simões (29,6%) Ney Franco (100%)
Vitória Carpegiani (46,3%) Vagner Mancini (50%)
Náutico Márcio Bittencourt (0%) Geninho (40%)
Santos Vagner Mancini (43,3%) Luxemburgo (66,6%)
São Paulo Muricy Ramalho (38,9%) Ricardo Gomes (74,3%)
Fluminense Vinícius Eutrópio (0%) Renato Gaúcho (20,8%)

Em algumas ocasiões a mudança surtiu efeito, e os clubes começaram a melhorar seus rendimentos logo nos jogos seguintes. O Náutico, depois do pedido de demissão de Waldemar Lemos, contratou Márcio Bittencourt. Ele não conseguiu nenhum ponto e foi substituído por Geninho, que já tem desempenho de 40%. No Santos, a troca de Vagner Mancini por Vanderlei Luxemburgo rendeu uma melhora de 43,3% para 66,6%.

Mas nem todos os times foram felizes ao demitir. O Santo André, por exemplo, trocou Sérgio Guedes, demitido com 40,5%, por Alexandre Gallo, que assumiu e hoje apresenta apenas 16,6% de aproveitamento com uma vitória e cinco derrotas. O Fluminense também tem uma fato interessante. Carlos Alberto Parrera foi demitido com 33% dos pontos. Vinícius Eutrópio assumiu, foi efetivado e não conseguiu nenhuma vitória. Depois, a diretoria viu uma melhora com Renato Gaúcho, que mesmo com cinco derrotas em oito jogos, tem um desempenho melhor, 20,8%.


Algumas equipes não tiveram resposta com a troca de treinadores


Clube Quem pediu demissão Novo técnico
Santo André Sérgio Guedes (40,5%) Alexandre Gallo (16,6%)
Botafogo Ney Franco (37,2%) Estevam Soares (16,7%)
Sport Emerson Leão (36,7%) Pericles Chamusca (0%)
Fluminense Parreira (33%) Vinícius Eutrópio (0%)
Palmeiras Vanderlei Luxemburgo (57,1%) Muricy Ramalho (50%)


Com Jorginho, Palmeiras traz retrospecto curioso


De todos os clubes que usaram um técnico interino até decidir a contratação de um oficial, o Palmeiras se destacou. Depois de substituir Luxemburgo, que saiu com 57,1% dos pontos disputados, Jorginho conquistou grandes resultados e deixou o time com 76%: cinco vitórias em sete jogos. Mesmo assim, a diretoria contratou Muricy Ramalho, que apresenta um desempenho inferior, 50%. Ou seja, quem teve o melhor aproveitamento do clube no Campeonato Brasileiro foi justamente o profissional que não tinha seu nome cogitado para comandar o time.

O Palmeiras, aliás, lidera a competição, seguido do São Paulo, outro clube que trocou de técnico. No Morumbi, saiu o consagrado Muricy Ramalho, hoje no Palmeiras, para a entrada de Ricardo Gomes. O aproveitamento saltou de 38,9% para 74,3%.

- Procuro não comparar os treinadores, mas o Ricardo Gomes é um ótimo profissional. É um treinador que conversa bastante com o elenco. Ele conta com o apoio de todo mundo aqui - disse o volante Arouca.


E quando o comandante é que abandona o barco?


Se demitir técnico tem melhorado o desempenho dos times, quando a situação é inversa a situação é equilibrada. Dos quatro pedidos de demissão deste Brasileirão, em duas oportunidades o desempenho dos times caiu após a saída do treinador e em duas melhorou.

O Náutico, que tinha 53,3% de aproveitamento com Waldemar Lemos, ficou com 0% no comando de Márcio Bittencourt após a saída do primeiro. No Barueri, Estevam Soares saiu com 51,9%, e o clube ainda nem achou substituto. Por enquanto, o interino Diego Cerri obteve metade dos pontos.

O Atlético-PR foi um dos que lucraram com um pedido de demissão. Depois que Waldemar Lemos saiu, com 36,6%, a equipe hoje é comandada pelo técnico Antônio Lopes, que voltou ao clube e apresenta um ótimo rendimento. Nos últimos cinco jogos, o Furacão obteve quatro vitórias e uma derrota. São 80% dos pontos disputados. No Sport, Nelsinho Baptista (11,1%) foi substituído por Emerson Leão (36,7%).


Os sobreviventes

Adilson Batista é um dos técnicos sobreviventes

Washington Alves/VIPCOMM
Dos 20 clubes que disputam a competição, apenas sete mantiveram seus treinadores até a 20ª rodada. Corinthians, Cruzeiro, Avaí, Goiás, Internacional, Grêmio e Atlético-MG estão apostando na continuidade e tiveram resultados positivos. O Galo se manteve na liderança por muito tempo e o Colorado está na zona de classificação da Libertadores ao lado do Esmeraldino que é o vice-líder.

Perguntado se o aspecto técnico é mais importante do que o ambiente, o diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf, opinou:

- O ambiente é fundamental. Você tem é que avaliar se a mudança vai ser benéfica para o clube. Muitas vezes vejo os clubes trocando de técnico só para dar satisfação. O Cruzeiro tem a característica de acreditar no trabalho do profissional. O Adilson, por exemplo, tem números ótimos - disse, por telefone, de Belo Horizonte.

No Avaí, o melhor exemplo da aposta na continuidade do trabalho. Com Silas desde o início, o time começou na parte intermediária da tabela, depois despencou e ficou na zona de rebaixamento por sete rodadas, sendo lanterna em três. Silas foi criticado, o time chegou a ser vaiado na Ressacada, mas a diretoria bancou o treinador, o time deu a volta por cima e hoje aparece em oitavo, a apenas dois pontos do G-4.


* Colaborou: Leandro Canônico