Família influente em Santos. Bem nascido. Surfista. Todos os dentes. Dois anos de administração. Um de Direito. Em 2001, foi eleito o jogador de futebol mais bonito do Brasil. Dinheiro, cultura, beleza. Proposta para jogar na Inglaterra. Lesão no joelho. Erro médico. Quatro anos sem poder esticar completamente a perna. E o mais inacreditável: jogando futebol. Nova operação e erro reparado. Tarde demais. O adeus à bola está muito próximo.
Este é o esboço da carreira de Rodrigo "Beckham". Aos 32 anos, quase trocando o futebol pela representação pela empresa inglesa que cuida dos amistosos da Seleção Inglesa e da Espanha. Consciente de tudo o que viveu, e do que poderia ter vivido, Rodrigo falou ao blog. Mostrou na prática como uma cirurgia mal feita pode truncar uma carreira, uma vida.
Vamos direto ao assunto, Rodrigo.
Que erro médico aconteceu com você?
Esse é um assunto mais do que delicado. Minha carreira está indo bem demais. Estava jogando no Atlético Mineiro quando tive um choque com o Jussiê. Sobrou para o meu joelho. Ficou inchado, mas não houve necessidade de cirurgia. Ou melhor, até teria de operar, mas não quis. Tinha uma proposta do Everton da Inglaterra. Fui lá e joguei mesmo com os ligamentos não estando 100%. Aguentei até uma partida contra o Liverpool. Lá o ligamento estourou. Eu vim para o Brasil e operei com o melhor cirurgião do Brasil. Jogadores da Seleção Brasileira vão até o Rio para operar com ele. Eu sei que ele é sensacional. Mas, comigo a operação deu errado. Já fiquei muito tempo revoltado. Agora, acho que foi o destino. O nome do médico eu não vou falar. Não adianta, Cosme, já passou. Mas ele sabe quem é.
Como a operação lhe prejudicou?
Atrapalhou os meus movimentos. Eu não podia esticar completamente a perna. Ou dobrar completamente o joelho. A operação deu errado. Eu sabia disso. Mas os médicos diziam que era impressão minha. Eles diziam que o cirurgião que me operou era muito bom para ter errado. Isso durou quatro anos. Até que um médico fez todos os exames mais detalhados e viu que eu precisava de nova operação. Fiz e agora estou perfeito. Mas, quatro anos depois.
Espera um pouco, Rodrigo... Nestes quatro anos você jogou. E por times grandes.
É verdade. Eu joguei e acabei com a minha imagem. Estraguei com tudo que fiz de bom antes de ter me machucado. Foi um erro. Mas, eu conversava com os médicos. Dizia que havia algo errado com o meu joelho. Só que ninguém me levava a sério.
Você voltou da Inglaterra, operou, jogou um pouco no Atlético Mineiro. E depois no Corinthians. Lá foi o seu maior fiasco?
Sim. Eu cometi um grande erro em ter aceitado jogar no Corinthians em 2004. Eu tinha uma proposta do São Paulo. Deveria ter ido para lá por causa da estrutura. Fui apresentado com um bando de jogadores. O Fábio Costa, Adrianinho, Piá e mais outros mais. Fui examinado por especialistas em joelho e aprovado para atuar no Corinthians. Não consegui jogar nada. Minha perna não esticava, meus movimentos estavam comprometidos. Para tentar compensar o desequilíbrio do corpo, esticava ao máximo meus músculos. Resultado: contusões musculares em seguidas e péssimo futebol. Foi horrível. Além disso, lá foi uma bagunça só. Cada jogador cuidava de si. Um caos. Aquele Corinthians foi péssimo para a minha carreira.
Então quer dizer que você passou quatro anos jogando com o joelho ruim?
Sim. E eu mesmo acabei me convencedo que era impressão minha. Eu sempre era aprovado nos exames médicos. Foi assim no Atlético Mineiro, no Corinthians, no Juventude, Atlético Paranaense e Vasco. Por isso não consegui render nem metade do que poderia nesses clubes. Sinto muito, de coração. Depois acabei fazendo a operação e voltei. Atuei pelo Boavista e pelo Fortaleza. Agora estou só treinando. O meu sonho é voltar a jogar no clube pelo qual me apaixonei. E de onde nunca deveria ter saído: o Botafogo do Rio.
No que você está trabalhando?
Nessas coincidências loucas da vida, eu fui chamado para representar a empresa que organiza os amistosos da Inglaterra e da Espanha. Por enorme ironia, essa firma pertence ao empresário do David Beckham. Não é sacanagem, não. É verdade. Quem iria imaginar que eu trabalharia com alguém tão próximo do Beckham. Sei...É muito engraçado.
Lógico que é. Você tem apelido de Rodrigo Beckham até hoje....
Foi outra coisa que ganhei no Corinthians. Muita gente para vender mais jornal me apelidou. E o apelido pegou pelo lado do mal. Eu estava péssimo no Corinthians. Era muito fácil satirizar, tirar sarro do Beckham. E no fim, estou eu aqui, ganhando dinheiro da firma do empresário do Beckham. É a vida...
Você abandonou a carreira?
Quase. Tenho 32 anos. Mas estou treinando em Santos como um louco. Eu quero ter o prazer de parar no Botafogo, que virou o meu clube do coração. Acho que mereço depois de tudo o que eu e a minha esposa sofremos nestes últimos anos...
Fonte: Blog do Cosme Rímoli - UOL
Este é o esboço da carreira de Rodrigo "Beckham". Aos 32 anos, quase trocando o futebol pela representação pela empresa inglesa que cuida dos amistosos da Seleção Inglesa e da Espanha. Consciente de tudo o que viveu, e do que poderia ter vivido, Rodrigo falou ao blog. Mostrou na prática como uma cirurgia mal feita pode truncar uma carreira, uma vida.
Vamos direto ao assunto, Rodrigo.
Que erro médico aconteceu com você?
Esse é um assunto mais do que delicado. Minha carreira está indo bem demais. Estava jogando no Atlético Mineiro quando tive um choque com o Jussiê. Sobrou para o meu joelho. Ficou inchado, mas não houve necessidade de cirurgia. Ou melhor, até teria de operar, mas não quis. Tinha uma proposta do Everton da Inglaterra. Fui lá e joguei mesmo com os ligamentos não estando 100%. Aguentei até uma partida contra o Liverpool. Lá o ligamento estourou. Eu vim para o Brasil e operei com o melhor cirurgião do Brasil. Jogadores da Seleção Brasileira vão até o Rio para operar com ele. Eu sei que ele é sensacional. Mas, comigo a operação deu errado. Já fiquei muito tempo revoltado. Agora, acho que foi o destino. O nome do médico eu não vou falar. Não adianta, Cosme, já passou. Mas ele sabe quem é.
Como a operação lhe prejudicou?
Atrapalhou os meus movimentos. Eu não podia esticar completamente a perna. Ou dobrar completamente o joelho. A operação deu errado. Eu sabia disso. Mas os médicos diziam que era impressão minha. Eles diziam que o cirurgião que me operou era muito bom para ter errado. Isso durou quatro anos. Até que um médico fez todos os exames mais detalhados e viu que eu precisava de nova operação. Fiz e agora estou perfeito. Mas, quatro anos depois.
Espera um pouco, Rodrigo... Nestes quatro anos você jogou. E por times grandes.
É verdade. Eu joguei e acabei com a minha imagem. Estraguei com tudo que fiz de bom antes de ter me machucado. Foi um erro. Mas, eu conversava com os médicos. Dizia que havia algo errado com o meu joelho. Só que ninguém me levava a sério.
Você voltou da Inglaterra, operou, jogou um pouco no Atlético Mineiro. E depois no Corinthians. Lá foi o seu maior fiasco?
Sim. Eu cometi um grande erro em ter aceitado jogar no Corinthians em 2004. Eu tinha uma proposta do São Paulo. Deveria ter ido para lá por causa da estrutura. Fui apresentado com um bando de jogadores. O Fábio Costa, Adrianinho, Piá e mais outros mais. Fui examinado por especialistas em joelho e aprovado para atuar no Corinthians. Não consegui jogar nada. Minha perna não esticava, meus movimentos estavam comprometidos. Para tentar compensar o desequilíbrio do corpo, esticava ao máximo meus músculos. Resultado: contusões musculares em seguidas e péssimo futebol. Foi horrível. Além disso, lá foi uma bagunça só. Cada jogador cuidava de si. Um caos. Aquele Corinthians foi péssimo para a minha carreira.
Então quer dizer que você passou quatro anos jogando com o joelho ruim?
Sim. E eu mesmo acabei me convencedo que era impressão minha. Eu sempre era aprovado nos exames médicos. Foi assim no Atlético Mineiro, no Corinthians, no Juventude, Atlético Paranaense e Vasco. Por isso não consegui render nem metade do que poderia nesses clubes. Sinto muito, de coração. Depois acabei fazendo a operação e voltei. Atuei pelo Boavista e pelo Fortaleza. Agora estou só treinando. O meu sonho é voltar a jogar no clube pelo qual me apaixonei. E de onde nunca deveria ter saído: o Botafogo do Rio.
No que você está trabalhando?
Nessas coincidências loucas da vida, eu fui chamado para representar a empresa que organiza os amistosos da Inglaterra e da Espanha. Por enorme ironia, essa firma pertence ao empresário do David Beckham. Não é sacanagem, não. É verdade. Quem iria imaginar que eu trabalharia com alguém tão próximo do Beckham. Sei...É muito engraçado.
Lógico que é. Você tem apelido de Rodrigo Beckham até hoje....
Foi outra coisa que ganhei no Corinthians. Muita gente para vender mais jornal me apelidou. E o apelido pegou pelo lado do mal. Eu estava péssimo no Corinthians. Era muito fácil satirizar, tirar sarro do Beckham. E no fim, estou eu aqui, ganhando dinheiro da firma do empresário do Beckham. É a vida...
Você abandonou a carreira?
Quase. Tenho 32 anos. Mas estou treinando em Santos como um louco. Eu quero ter o prazer de parar no Botafogo, que virou o meu clube do coração. Acho que mereço depois de tudo o que eu e a minha esposa sofremos nestes últimos anos...
Fonte: Blog do Cosme Rímoli - UOL