Com reuniões privadas em em grupo, diretoria busca entendimento entre as partes em nome da evolução da equipe em campo
Em campo, os jogadores do Botafogo ainda tentam o melhor desempenho. Mas nos bastidores, a busca por entrosamento é ainda maior. Preocupada com o festival de especulações internas sobre problemas de relacionamento de atletas com o técnico Joel Santana, além de alarmada com as más atuações nas últimas partidas, a diretoria decidiu agir em algumas questões pontuais para tentar dar um basta antes que seja tarde demais.
Na manhã do último sábado, o vice de futebol André Silva esteve no treino da equipe, no Engenhão, e convocou uma reunião somente com os jogadores, sem a presença da comissão técnica. Entre outros assuntos, classificou como inadmissível a atuação da equipe na primeira partida contra o River Plate-SE, em Aracaju – reforçando as palavras do gerente Anderson Barros ainda no vestiário do Batistão, três dias antes. Além disso, lembrou o empenho da diretoria nas recentes contratações – muitas delas após duras disputas com outros clubes cariocas – e o cumprimento dos compromissos em relação a salários. Por isso, cobrou o fim de qualquer tipo de vaidade. Todos os jogadores pareceram concordar, pois não houve contestação ao discurso.
Abraço coletivo ao técnico Joel Santana, na última quarta-feira, foi visto pelo Botafogo como sinal de entendimento entre todas as partes (Foto: Ag. Estado)
Ao mesmo tempo que percebeu ruídos na comunicação entre jogadores e o técnico Joel Santana, os dirigentes alvinegros procuraram identificar os motivos. Confirmou-se que alguns atletas não concordam com certos pontos da filosofia de trabalho do treinador, mas que não havia nenhuma restrição ao nível pessoal. Imediatamente, o treinador e as principais lideranças do grupo foram chamados para conversas privadas, em busca de um entendimento.
Depois do treino, na tarde do último sábado, André Silva foi visto com Loco Abreu num restaurante da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Pessoas presentes ao local afirmam que o almoço durou cerca de três horas. No Botafogo, fala-se que foi apenas mais um capítulo da tentativa de diversas correntes do departamento de futebol de colocar o atacante e Joel Santana em sintonia. Sabe-se que o treinador recentemente também se mobilizou para dar fim a qualquer tipo de desentendimento que possa haver entre ambos.
Jogadores comemoram vitória nos pênaltis:
celebração efusiva no vestiário (Foto: Ag. Estado)
celebração efusiva no vestiário (Foto: Ag. Estado)
Em General Severiano, entretanto, todos sabiam que o verdadeiro teste seria a partida contra o modesto River Plate. Uma inédita eliminação na primeira fase da Copa do Brasil decretaria o fim da era Joel Santana e instalaria uma enorme crise. A disputa de pênaltis era, por si só, de enorme tensão. Mas somou-se a isso os xingamentos da arquibancada direcionados ao treinador e à diretoria. No entanto, o que poderia debilitar o grupo serviu para fortalecê-lo. Após a vitória, os jogadores improvisaram um abraço coletivo no comandante, dando início a uma comemoração ainda mais efusiva no vestiário do Engenhão.
- Acho que o que a torcida fez acabou sendo bom, porque o nosso clima no vestiário foi o melhor possível. Como sempre, nós rezamos, mas foi de uma maneira diferente, com mais união. Todos falaram que estavam juntos e que seguiríamos assim até o final - afirmou um integrante do grupo alvinegro que pediu anonimato.