Com sonho de retomar faculdade de Educação Física e adepto do surfe, zagueiro elogia estilo de vida carioca e planeja permanecer do Botafogo
Danny Morais em Florianópolis, onde o Botafogo
pega o Avaí (Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
pega o Avaí (Gustavo Rotstein / Globoesporte.com)
Não foi uma decisão fácil deixar o conforto da casa dos pais em Porto Alegre e a estrutura do Internacional. Mas era necessário. Ávido por crescimento, ele optou por seguir para o Botafogo, um clube que ainda buscava um título, enquanto no Beira-Rio se acostumara com as conquistas. Mas valeu a pena. Afinal, assim como em sua formação educacional e até nos momentos de lazer, Danny Morais quer fugir do comum.
Vivendo os últimos meses de seu contrato de empréstimo com o Botafogo, o zagueiro de 25 anos faz uma avaliação positiva. Se por um lado deixou o Internacional com sua estrutura e títulos internacionais, no Botafogo experimentou o crescimento como homem e profissional. Isso somado ao gosto pelas praias e o hábito do surfe, fizeram a experiência no Rio de Janeiro ter sido proveitosa. Mas ele não tem dúvidas de que sua missão em General Severiano e na Cidade Maravilhosa não chegaram ao fim.
- No Inter há muitos jogadores e a estrutura é diferente. No Botafogo o grupo é menor, então o atleta tem uma parcela maior. São jogadores que começaram o ano desacreditados, mas que mostraram seu valor e desejam chegar ainda mais longe - disse ele, que neste domingo será mais uma vez titular do Alvinegro na partida contra o Avaí, em Florianópolis, pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro, sonhando com o título.
Como foi sair do conforto da sua cidade e do Internacional para defender um outro clube e viver em outra cidade?
Foram 11 anos no Inter, e estava acostumado a ter casa e família sempre por perto. No ano passado já morava sozinho, mas sempre vivi com meus pais. Lógico que a gente sente a diferença, mas menos mal que estou no Rio, onde sempre recebo visitas. Precisava de uma experiência diferente, que me fez crescer como jogador e pessoa e que se reflete nas conquistas que já tive em pouco tempo.
Deixar o Beira-Rio, onde tudo era conhecido, para defender o Botafogo e viver no Rio de Janeiro representaram choques culturais?
No Inter conhecia todos os profissionais e sabia tudo o que acontecia. No Botafogo entendi que há pessoas diferentes e com pensamentos que não são como os nossos. É bom para estar preparado para o tudo o que acontece. Quanto à cidade, o Rio é maior e não faz tanto frio. O clima interfere no estilo de ser e no modo de as pessoas agirem. Sempre gostei de praia e do estilo de vida do carioca.
Aliás, você gosta de surfar nos momentos de folga...
Comecei quando ainda era criança, quando minha família passava as férias de verão na praia. Temos casa em Santa Terezinha, mas também vou a Atlântida. Mas é um hobby, uma brincadeira que deixo para as férias, pois não gosto de misturar. Minha vida é o futebol e sei que vou sofrer cobrança se algo der errado. Prefiro me preservar.
Por falar em praia, você escolheu o bairro do Leblon para morar. Por quê?
Havia visitado o Rio algumas vezes e sempre fiquei na Zona Sul. Antes de alugar o apartamento – o que foi muito difícil –, fui conhecer a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, onde moram a maioria dos jogadores. Mas treinávamos mais em General Severiano, e preferi ficar mais perto porque havia menos trânsito. Para mim, que vem de fora, o Leblon é mais Rio de Janeiro mesmo. Lá me senti bem.
Ficar no Leblon, no Rio de Janeiro e no Botafogo no ano que vem são do seu interesse?
Tenho contrato longo com o Internacional e ainda é difícil falar, porque depende do Inter. No momento em que ele manifestarem interesse, será difícil falar outra coisa. Mas no Botafogo me senti bem, no decorrer do ano fui crescendo dentro e fora de campo, criando amizades e atuando bem. Meu interesse é ficar.
Na sua avaliação, qual o ganho que teve no Botafogo, um clube que inicialmente não teria o mesmo alcance de títulos do Internacional?
Resolvi encarar o desafio porque precisava de uma mudança e fiquei satisfeito, pois troquei um clube de títulos por outro. Aqui venho jogando mais, sinto que tenho um papel diferente. No Inter há muitos jogadores e a estrutura não é a mesma. No Botafogo o grupo é menor, então o atleta tem uma parcela maior. São jogadores que começaram o ano desacreditados, mas que mostraram seu valor e desejam chegar ainda mais longe.
Sentiu que a troca representou um risco?
Não foi algo arriscado, mas uma decisão em que pesei algumas coisas e que tomei com a consciência tranquila. Tudo que se faz no Botafogo é valorizado por estar num grande centro do país. Sair do Inter não foi uma atitude errada e nem uma aposta. Queria jogar e fazer uma boa temporada. Se estivesse lá poderia não ter disputado a Libertadores, mas desde que cheguei ao Botafogo não pensei no Inter, e por isso tem dado certo.
Você cursou a metade da faculdade de Educação Física. Que benefícios esse fato raro a um jogador de futebol lhe trouxe?
Tive que trancar a faculdade por causa da mudança, mas quando me estabelecer novamente, tenho a intenção de terminar. Nunca fiz pensando em ser professor, mas como algo aliado ao esporte e que pode trazer benefícios à minha profissão. É fundamental não apenas jogar futebol, mas ter inteligência para se expressar. Além disso, ajuda no momento de fazer escolhas de clube e de cidade.