Médico não desiste de Jobson e diz que álcool é o maior problema
Roberto Hallal, que tratou o jogador durante três meses em 2012, ainda acredita na recuperação do ex-paciente: 'Ele precisa de ajuda'
Roberto Hallal (E) conversa com Jobson em treino
do ano passado (Foto: Thales Soares)
do ano passado (Foto: Thales Soares)
Durantre três meses no começo do ano passado, o médico Roberto Hallal, torcedor do Botafogo, acompanhou de perto os passos de Jobson.
Ele o levou até mesmo para conhecer o cantor Roberto Carlos, procurando
tirá-lo do ambiente ao qual o jogador estava acostumado a frequentar.
Hoje, ao ver o atacante sem clube, fora dos planos do São Caetano, time para o qual havia sido emprestado, o psicanalista lamenta a situação do ex-paciente, cujo retorno foi recusado pelo Botafogo, mas não desiste.
Hallal diz que Jobson precisa entender a necessidade de receber ajuda
especializada. Para o médico, o álcool é o maior inimigo do jogador, que
chegou a se envolver com drogas e foi suspenso por doping em 2011.
- Pessoas que usam tóxicos precisam de longos tratamentos. Mas em três
meses comigo o Jobson deixou de usar, mostrando que se tratava de um
usuário que não chegava a estar no vício, mas a questão do álcool
atrapalhava - disse Roberto.
Apesar de reconhecer o problema com a bebida, o médico não trata Jobson
como alcoólatra. Para ele, é muito mais uma questão social, e não há
como fazer um julgamento moral do comportamento do jogador, de 25 anos
de idade.
- O incentivo ao uso do álcool é algo terrível. Todo mundo está
comprometido de alguma maneira com o álcool, até mesmo no esporte, com a
propaganda do álcool. O alcoolismo não tem programa. Conseguimos quase
eliminar o tabaco no Brasil e ning
Jobson está emprestado ao São Caetano até o fim do ano, mas o clube
paulista já disse que não vai mais utilizar o jogador. O Botafogo não
aceita a devolução e um novo destino está sendo procurado. A situação é
mais um agravante na busca pela sua recuperação.
No clube paulista, ele voltou a enfrentar problemas fora de campo:
primeiro foi parar na delegacia, acusado de violência contra sua mulher,
e depois foi detido por desacato. Anunciado como grande reforço do São
Caetano no início deste ano, o atacante em momento algum conseguiu se
firmar como titular.
- A última vez em que falei com ele foi antes de ir para o São Caetano.
Ele precisa de ajuda e, se tivesse um pouco de humildade, pediria. Não
faz isso até por falta de orientação cultural. As respostas dele são
muito primitivas. Se experiência corrigisse, ele já teria mudado. Nada é
mágico. Ele não consegue ter uma vida regrada. Se aceitasse uma ajuda
por esse nível, poderia estar em campo e render o que se espera de
alguém que faz esporte coletivo - disse.
A decisão do Botafogo de recusar a volta do jogador não foi condenada
por Roberto Hallal, que entendeu a atitude do presidente Maurício
Assumpção. Mesmo com todos os problemas, ele não desiste de Jobson.
- O presidente fez o que achou que deveria na época e desistiu. Eu não
desisti. Enquanto o ser humano está vivo dando manifestação de erro,
está deixando rastros de humanidade. Uma mudança de cultura demora
muito. Entendo as urgências do clube em torno do atleta, que não tenha o
tempo necessário que o Jobson exige - comentou o psicanalista.
Jobson tem contrato até 2015 com o Botafogo. O jogador já passou por
Bahia, Atlético-MG, Barueri e São Caetano desde que assinou pela
primeira vez com o clube carioca em 2009