Estrangeiros com experiência em arenas vão ajudar a gerir Maracanã
Sem conhecimento no gerenciamento de complexos esportivos, empresas brasileiras se unem a grupos de fora para administrar palco da final da Copa
Sem muita experiência em gerenciamento de complexos esportivos, as
empresas brasileiras foram buscar em grupos estrangeiros a ajuda
necessária para gerir o Maracanã nos próximos 35 anos. Os dois
consórcios que disputam a concessão do estádio contam com corporações do
exterior.
O próprio edital de licitação exige que, para participar do processo, é
necessário, no mínimo, dois anos na administração de um estádio com
pelo menos 20 mil lugares.
Nesta quinta-feira, em sessão no Palácio da Guanabara, sede do governo
do Rio de Janeiro, dois consórcios apresentaram propostas, e ambos
contam com grupos estrangeiros. O "Consórcio Maracanã SA", formado pelas
empresas Odebrecht Participações e Investimentos, IMX Venues (de
propriedade de Eike Batista) e AEG Administração de Estádios do Brasil
(dos EUA), e o Consórcio "Complexo Esportivo e Cultural do Rio de
Janeiro", com as empresas OAS SA, Amsterdam NV (de origem holandesa) e
Lagardère Unlimited (da França).
- Não estou preocupado de onde são as empresas que vão gerir o
Maracanã. Estamos preocupados é com a qualidade do serviço que elas vão
prestas e com o conforto da população – disse o secretário estadual da
Casa Civil, Régis Fichtner.
Cobertura do Maracanã (Foto: Ricardo Moraes / Reuters)
Dona do Lakers no grupo de Eike
Eike Batista já contratou até o ex-diretor do Estádio
do Dragão, de propriedade do Porto (Ag. Estado)
do Dragão, de propriedade do Porto (Ag. Estado)
No caso do "Consórcio Maracanã SA", a Odebrecht (dona de 90% do grupo) e
a IBX (5%) foram buscar na americana AEG a experiência em gerenciamento
em arenas esportivas. A empresa, que tem sede em Los Angeles, opera
mais de 100 arenas em 14 países e é dona de clubes de futebol (Los
Angeles Galaxy) e de basquete (Los Angeles Lakers). A AEG ainda gerencia
eventos como o Grammy e turnês mundiais de artistas como Paul
McCartney, Black Eyed Peas, Bon Jovi e Rolling Stones.
No Brasil, além de tentar o Maracanã, AEG vai ajudar a gerenciar outros
três estádios. A Arena Pernambuco, também em parceria com a Odebrecht, a
Nova Arena Palmeiras, junto com a W Torre, e a Arena da Baixada, do
Atlético-PR. Os americanos têm 5% de participação no “Consórcio Maracanã”.
Além da parceria com a AEG, a IMX, de propriedade do empresário Eike
Batista, já contratou o português Luis Silva, ex-diretor do Estádio do
Dragão, do Porto, para ser o homem forte do Maracanã. Ele, inclusive, já
está morando no Rio de Janeiro.
Milionário francês e responsável por estádio do Ajax estão na disputa
No Consórcio "Complexo Esportivo e Cultural do Rio de Janeiro", a construtora brasileira OAS
também buscou parceiros estrangeiros para concorrer no processo de
licitação do Maracanã. A Amsterdam NV, por exemplo, é responsável por
gerenciar o Amsterdam Arena, estádio do Ajax, referência em grandes
eventos na Europa.
A terceira empresa do pool é a francesa Lagardère Unlimited , que é de
propriedade de Arnaud Lagardère, milionário famoso por namorar algumas
das modelos mais belas da Europa. A corporação, que atua em mais de 30
países, tem experiência em gerenciamento de eventos esportivos na área
de marketing internacional.
Francês Arnaud Lagardere é um dos interessados em ajudar na gestão do Maracanã (Foto: AFP)
Governo: experiência de fora é importante
Para Regis Fichtner, a concessão do Maracanã para a iniciativa privada é
fundamental, e a experiência de empresas estrangeiras em gerenciamento
de complexo esportivo de alta tecnologia é importante para que a arena
mantenha o padrão de qualidade ao longo dos anos.
- O governo tem outros desafios a enfrentar. Não tem como gerir um
equipamento desse nível e de alta complexidade tecnológica. O estado
priorizou a concessão do Maracanã para garantir mais avanços
tecnológicos e conforto. A adequação do Maracanã à Copa de 2014 é uma
coisa. A forma como o estádio será gerido é outra. Não há como o poder
público gerir o Maracanã com padrões internacionais. Nosso objetivo é
que o Maracanã seja o melhor complexo esportivo do mundo. É bom para o
Estado do Rio de Janeiro ter um complexo de lazer de padrão
internacional. O grande ganho do Maracanã é de melhoria de serviço para a
população - concluiu o secretário da Casa Civil.
As propostas dos dois consórcios estão sendo analisadas pelo governo do
Rio de Janeiro. Ainda não há data para anúncio do grupo vencedor. Como
os clubes de futebol foram proibidos de participar diretamente do
processo de licitação, o grupo vencedor terá de negociar com pelo menos
dois deles, como manda o edital. Caso a empresa não cumpra as
exigências, o governo do Rio de Janeiro pode abrir nova licitação.
Edital também estabelece que o consórcio vencedor terá como
compromisso a demolição do estádio de Atletismo Célio de Barros e do
parque aquático Julio Delamare e a remodelação do Museu do Índio, que
será o Museu Olímpico, localizados no complexo do Maracanã. No local, o
concessionário terá que construir áreas de entretenimento, museus do
futebol e olímpico e um amplo estacionamento. Além disso, terá de erguer
centros esportivos de atletismo e natação