Maracanã: grupo faz protesto, e processo de licitação atrasa
Cerca de 400 pessoas vão ao Palácio Guanabara reclamar contra 'venda' do estádio. Deputados discutem, e abertura dos envelopes demora a começar
Um grupo de cerca de 400 pessoas, segundo os organizadores da
manifestação, protestou na manhã desta quinta-feira em frente ao Palácio
Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, nas Laranjeiras, na Zona
Sul da cidade, contra o processo de licitação do Complexo do Maracanã, e
acabou atrasando em uma hora e 25 minutos o início da abertura dos
envelopes.
Entre os manifestantes, índios, estudantes e sindicalistas. A passeata,
que saiu às 7h do Largo do Machado, conta com carro de som, muitas
bandeiras e tambores. O trânsito na rua Pinheiro Machado, em frente ao
Palácio Guanabara, está parcialmente fechado. O grupo exibia a faixa "O
Maraca é nosso" e fez coro com o grito "Não vai ter Copa".
Protesto em frente ao Palácio Guanabara contra a licitação do Maracanã (Foto: André Durão)
A abertura do envelope com o nome das empresas aptas a participar do
processo de licitação estava marcada para as 10h (de Brasília), mas
atrasou. A Comissão Especial de Licitação instituída para cuidar do
processo é formada por Luiz Roberto Silveira Leite (presidente) e Angela
Leite (primeira-secretária), ambos da Casa Civil, e Sandra Vigné Lo
Fiego, representante da unidade de PPP (parceria público-privada) da
Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).
O presidente da comissão alegou falta de segurança, e os manifestantes
acabaram barrados pela polícia. Os deputados estaduais Marcelo Freixo
(PSOL) e Janira Rocha (PSOL) reclamaram bastante, houve discussão com a
comissão e a abertura dos envelopes atrasou cerca de uma hora. Quatro
representantes acabaram sendo liberados para entrar no evento.
Policiais tentam controlar os manifestantes na frente da sede do governo (Foto: Guilherme Pinto/Ag O Globo)
- O edital garante o acesso à população. Isso é uma ilegalidade - disse
Freixo, um dos principais opositores ao processo de licitação do
Maracanã.
O “Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas" marcou a caminhada pela
internet, reuniu as pessoas no Largo do Machado e depois seguiu em
direção a Laranjeiras. Em seu perfil no Facebook, o grupo se diz contra a
"venda" do Maracanã pelo estado.
A manifestação nesta quinta começou de forma pacífica, mas por volta
das 9h30m (de Brasília) algumas pessoas tentaram invadir o jardim do
Palácio, e a polícia teve que agir com spray de pimenta para controlar a
situação . Em novembro do ano passado, audiência pública do edital de
licitação do Maracanã foi marcada por muita confusão e protestos, com um segurança sendo atingido por uma sacola plástica com fezes atirada por um índio contra representantes do governo.
De acordo com o edital, a empresa vencedora da licitação vai controlar o
estádio, além do ginásio Maracanãzinho, pelos próximos 35 anos. Como os
clubes de futebol foram proibidos de participar diretamente do processo
de licitação, o consórcio terá de negociar com pelo menos dois deles.
Caso a empresa não cumpra as exigências, o governo do Rio de Janeiro
pode abrir nova licitação.
O protesto causa problemas no trânsito de Laranjeiras (Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo)