Engenhão tem outros problemas estruturais além da cobertura
Sistema elétrico deficiente, parte hidráulica enferrujada, equipamentos eletrônicos com defeitos e argamassa ruim estão na lista de reclamações
O defeito na cobertura do Engenhão, que fez o prefeito Eduardo Paes
interditar o estádio por tempo indeterminado, é apenas um dos diversos
problemas estruturais que foram detectados tempos após a construção do
estádio. Sistema elétrico deficiente, hidráulico enferrujado,
equipamentos eletrônicos com defeitos e argamassa de péssima qualidade
também atormentam os responsáveis pela manutenção do Engenhão desde que o
clube ganhou a licitação para administrar a nova casa em 2007.
Uma das situações mais visíveis de falta de uma boa construção foi a
série de apagões que o estádio sofreu em 2011, só naquele ano foram
quatro. O motivo? Falha na construção e, consequentemente, na execução
do sistema elétrico.
Argamassa ruim faz azulejos despencarem no estádio. Operário recoloca (Foto: Fabio Leme)
Os refletores do estádio são servidos pela energia que vem da fonte da
Light, quando sofre um curto ou uma queda de luz, a energia se apaga
acionando, automaticamente, o no-break (eletro-eletrônico, cuja
principal função é fornecer energia ininterrupta aos equipamentos, mesmo
na ausência total de energia proveniente da rede elétrica).
Quando acionado, o no-break é capacitado para segurar a energia dos
refletores por até cinco minutos. Ao final desse período, caso a energia
elétrica natural não retorne, o no-break envia toda a sua carga, de uma
vez só, para os geradores. Como a capacidade de carga do gerador é
subdimensionada, ele não aguenta e desarma de novo. O ideal seria ter
mais no-breaks para que a divisão de energia fosse feita aos poucos.
O sistema hidráulico também atormenta o dia a dia dos administradores
do estádio. Os torcedores que costumam frequentar o Engenhão, quando vão
aos banheiros, identificam que a água sai na cor marrom, e isto se dá
porque os canos internos estão enferrujados, já que não se trata de
tubos de PVC, mas sim de ferro. Para resolver o dano, uma obra completa
no sistema teria que ser feita.
Estádio é de 2007. Problema da cobertura causou interdição (Foto: Ivo Gonzalez / Agencia O Globo)
Uma curiosidade que ocorre quando o estádio tem público superior a 20
mil pessoas. Nesse caso, o sistema de água não consegue irrigar todos os
banheiros e há falta d'água, mesmo com os reservatórios completos. A
distribuição é interrompida.
Em sua última coletiva, o presidente Maurício Assumpção chegou a
exemplificar um caso ocorrido na semifinal da Taça Guanabara, entre
Botafogo e Flamengo, devido a esse problema de instalação.
- Eu tive diversos problemas nos camarotes nessa partida. Muitos deles
não tinham água, que não chegava – contou o mandatário alvinegro.
Funcionando com diversos riscos em seu monitor, os dois telões do
estádio, assim como os placares eletrônicos, foram se desgastando com o
passar dos anos. Isso aconteceu devido à baixa qualidade dos produtos,
de acordo com o diretor executivo do clube, Sérgio Landau.
- Todos são de baixíssima qualidade. Quando procuramos a empresa que os
vendeu, ninguém resolveu o problema e falaram que não tinham como
consertar. Nem quem vendeu trabalhava mais lá – reclamou o dirigente
alvinegro, que tem ligação direta com a manutenção e ações no estádio.
Operário trabalha na manutenção do estádio do Engenhão (Foto: Fabio Leme)
A troca dos aparelhos chegou a ser cogitada e negociada, mas a alta
taxa para importar dois telões e dois placares eletrônicos impediram a
compra. Cada telão custaria aos cofres do clube US$ 250 mil (cerca de R$
500 mil a peça) e cada placar eletrônico, R$ 250 mil. Com os impostos, o
montante chegaria a mais de R$ 2,5 milhões.
Constantemente pode-se observar nas estruturas do Engenhão paredes sem
ladrilhos. Com a má qualidade da argamassa aplicada, o clube tem que
diariamente fazer um trabalho de manutenção para recolocar os azulejos.
- Se cair um, dois azulejos, o Botafogo coloca de volta, não tem
problema. Isso é manutenção. Mas se cai uma coluna inteira, daí é
problema de construção. Só que se cair na cabeça de alguém, o problema
vai ser do clube. Por isso, nós nos adiantamos e consertamos para depois
cobrar de alguém – detalhou o presidente Maurício Assumpção em
entrevista na semana passada.
ssada.