Juninho e Alecsandro brilham, Vasco bate o Botafogo e dorme na liderança
Em clássico equilibrado no Engenhão, Seedorf vê time ser derrotado pela segunda vez seguida, após jogada de raça do maestro cruz-maltino no fim
No duelo dos maestros, aquele que suportou até o fim saiu vencedor. Em
jogada de raça, Juninho Pernambucano deu assistência para Alecsandro
marcar o único gol do clássico contra o Botafogo, aos 41 minutos do
segundo tempo, e fez o Vasco dormir na quarta-feira na liderança do
Campeonato Brasileiro. São 29 pontos contra 28 do Atlético-MG, que entra
em campo nesta quinta para enfrentar o Santos no Independência.
Em sua segunda partida, o holandês Clarence Seedorf teve boa atuação,
correu e participou mais do jogo do que na estreia, mas não foi capaz de
se destacar e foi substituído aos 30 minutos do segundo tempo. O
Botafogo estaciona por ora na oitava posição, com 17 pontos, e acumula
quatro rodadas sem vencer na competição - e a segunda derrota seguida.
Após a partida, os torcedores vascaínos saudaram Juninho com a música
que faz referência a ele e com os gritos de "é o nosso rei". O meia
ficou em campo, voltado para a arquibancada do Engenhão, de braços
abertos.
- Não tem preço. A gente não imagina que só vai atingir isso no
finalzinho da carreira. Acho que é isso aí é que me motiva, lógico, para
continuar jogando, continuar lutando - afirmou Juninho, que deu o passe
para Alecsandro, artilheiro do campeonato, marcar seu oitavo gol.
Antônio Carlos, que no lance do gol abriu os braços depois que Juninho prendeu a bola com os dois pés, reconheceu sua falha.
- A culpa foi minha, eu saí jogando errado no primeiro lance - disse o
zagueiro, que no campo de defesa deu um passe nos pés de Felipe.
O clássico teve público de 17.778 pagantes (21.812 presentes), com
renda de R$ 489.125. No próximo sábado, pela 13ª rodada, o Vasco visita o
Inter no Beira-Rio, às 18h30m, e o Botafogo recebe o Figueirense, às
21h.
Alecsandro aponta para Juninho após marcar o gol da vitória (Foto: Marcelo Sadio / Flickr do Vasco)
Alternância e Vasco mais efetivo
Diante do panorama do início do jogo, era de se esperar que o Botafogo,
aclamado pelo técnico cruz-maltino como um adversário de difícil
encaixe para o Vasco, pudesse ser superior de novo, a exemplo dos outros
dois encontros de 2012. Renato, na área, e Vitor Júnior, de longe,
criaram as primeiras chances e inflamaram a torcida. Seedorf, que desta
vez substituiu Fellype Gabriel, e não Andrezinho, posicionou-se à
esquerda e recuado em relação à estreia, no domingo. Ajudou a reduzir os
espaços de Juninho, Carlos Alberto e dos laterais. Assim, o adversário
no início não mantinha a bola no campo de ataque.
Essa estrutura, porém, não durou muito mais do que dez minutos. A
começar pelo alto, o Vasco começou a destruir o esquema de Oswaldo de
Oliveira. De cabeça, Alecsandro parou em milagre de Jefferson, à
queima-roupa, tentativa que se repetiria mais tarde, novamente sem
sucesso, só que por cima da meta. Logo depois, Nilton acertou chute de
longe de pé esquerdo, que também parou nas mãos do goleiro.
Assustado, o Botafogo perdeu o controle da partida, passou a errar
passes antes mesmo de as jogadas chegarem a Vitor Júnior, Andrezinho e
Elkeson, o trio avançado. Aos 14 minutos, veio o lance mais bonito da
etapa: Carlos Alberto deixou Lucas e Márcio Azevedo no chão com um
drible e acertou a trave. Neste momento, já havia a inversão dos números
gerais - 54% a 46% em posse de bola. Era o Vasco que mandava. Ainda
assim, os minutos seguintes foram de bola mais presa entre as
intermediárias e pouca evolução e ritmo, deixando o duelo morno.
Para estender a lista de lances desperdiçados, Wendel concluiu torto,
sozinho na área, após Juninho achar Carlos Alberto, e este lhe passar a
bola. Ao apito final, a equipe cruz-maltina somava nove finalizações,
contra duas do rival - que, por sua vez, até melhorou nos 15 minutos
derradeiros, com Seedorf mais ousado, em busca de assistências. Nada que
tirasse o sono do goleiro Fernando Prass, mero espectador em grande
parte do tempo.
Pouco ritmo e decisão no fim
Na volta do intervalo, a única mudança ocorreu por ordem clínica e
técnica. Saiu Lucas Zen, com cartão amarelo e dores no joelho esquerdo,
para a entrada de Jadson. Mas o vascaíno Wendel logo pediu para ser
substituído e deu lugar a Fellipe Bastos. Mas a alteração fundamental
para o clássico foi a de postura do Botafogo, que se adiantou e tornou a
equilibrar as ações no Engenhão.
No entanto, três das investidas acabaram em impedimento, provando a
eficiência da linha de defesa do Vasco. O restante se limitou a
cruzamentos afastados por Dedé e Douglas. Pela esquerda, Márcio Azevedo
fez um pouco mais: arriscou direto, sem ângulo, e Prass afastou com os
pés, aos 11 minutos. Do outro lado, Bastos obrigou Jefferson a espalmar
uma bola no cantinho, e ainda houve reclamação de um suposto pênalti de
Lucas em Carlos Alberto.
Aparentando cansaço, a equipe de São Januário recuou. Cristóvão agiu e
fez duas trocas: Carlos Alberto por Felipe - pela qual foi chamado de
burro pela torcida - e Eder Luis por Barbio. No embalo, aos 29 minutos,
Oswaldo sacou Seedorf, que chegou a jogar com uma pequena badagem na
cabeça após choque e, desta vez, já foi bem mais participativo, para
lançar Fellype Gabriel.
O Botafogo, então, tentou estabelecer uma pressão, mas não era
organizado o suficiente. Já o rival parecia não ter meio-campo com a
nova formação, embora Auremir, em jogada individual, tenha deixado
Alecsandro em boas condições na pequena área - o atacante não alcançou. O
ritmo que a partida havia perdido, porém, foi reencontrado, com fortes
emoções. Os goleiros entraram em ação em lançamentos no mano a mano com
as defesas.
Até que, depois de erro na saída de bola de Antônio Carlos, Felipe
tocou para Barbio, que passou rapidamente para Juninho na área. Mesmo
caído, o ídolo vascaíno venceu os zagueiros e conseguiu passar a bola
para Alecsandro, que, sozinho, concluiu com precisão, aos 41. No
desespero do empate, o Botafogo partiu para cima e só teve um gol
anulado, por impedimento, marcado pelo mesmo Antônio Carlos.