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CBF patrocinou congresso de delegados da PF

Entidade deu R$ 300 mil a evento realizado em 2009. Atual superintendente no Rio fazia parte da diretoria da ADPF

Ricardo Teixeira (Foto: Pedro Kirilos)  
Relações perigosas: Teixeira já apoiou entidades de classe de juízes e policiais (Foto: Pedro Kirilos)
 
Daniel Leal
Rio de Janeiro (RJ)
 
Responsável por instaurar a investigação contra o presidente da CBF Ricardo Teixeira, a pedido do Ministério Público Federal, o superintendente da PF no Rio, Valdir Lemos de Oliveira, era primeiro-tesoureiro da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) em 2009 quando a CBF foi a principal patrocinadora do IV Congresso Nacional da entidade.

Na época, Lemos, então secretário de Segurança Pública do DF, veio ao Rio para o encontro com Teixeira que definiu o apoio da CBF. Os dois seguem mantendo boa relação. Em 5 de maio, o cartola esteve na sede da Superintendência da PF no Rio para prestigiar a posse de Lemos.

RELEMBRE:

- Ricardo Teixeira será investigado pela Polícia Federal
- Sigilo bancário de Ricardo Teixeira pode ser quebrado
- CBF banca torneio de juízes federais na Granja Comary
- Presidente da OAB condena pelada de juízes na CBF
- CNJ diz que vai investigar torneio de magistrados

O evento dos delegados federais foi realizado em novembro de 2009, em Fortaleza. A entidade deu R$ 300 mil à organização. Teixeira, inclusive, foi convidado a participar de um painel sobre a Copa do Mundo de 2014, que foi incluído pelos organizadores na pauta do encontro.

Além do apoio ao congresso, Teixeira convidou os delegados para um torneio na Granja Comary, local de treinamento da Seleção, em Teresópolis (RJ). ADPF e convidados arcaram com as despesas de hospedagem e transporte. A CBF cedeu gratuitamente suas instalações.

Presidente da ADPF em 2009 e atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar nega conflito de interesses.

- Além da CBF, o congresso contou com o patrocínio de várias outras instituições, conseguidas graças à importância dos vários temas tratados, entre eles o combate à corrupção, ao turismo sexual, à lavagem de dinheiro, à pirataria e à pedofilia - disse Avelar, por e-mail.

Hoje, a ADPF já não possui relação com a CBF. Em nota, a atual diretoria diz que "não realizou nenhuma parceria" com a entidade.
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MP já enviou o ofício pedindo a investigação

Depois de acatar representação criminal contra Ricardo Teixeira, impetrada pelo Partido Republicano Brasileiro por irregularidades cometidas pelo presidente da CBF, o procurador da República no Rio Marcelo Freire remeteu semana passada ao superintendente da PF Valmir Lemos de Oliveira o requerimento para abertura de inquérito policial.

O dirigente, nos termos do ofício de Freire, será investigado por suposta remessa ilegal de dinheiro do exterior para o Brasil. O MP quer saber se os US$ 9,5 milhões que Teixeira teria recebido de uma empresa de marketing esportivo, em negociação com a Fifa, entraram ilegalmente no país.
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CBF também ajudou coral de delegados em 2010
A CBF também patrocinou viagem do coral de delegados aposentados da Polícia Federal para participação de evento na Argentina, de 2 a 7 de novembro do ano passado. O valor do apoio não foi revelado.

Em nota, a coordenação do coral afirmou que o patrocínio foi pontual. "O coral informa que não possui parceria com a Confederação Brasileira de Futebol. O patrocínio da CBF ao coro de vozes, realizado em 2010 para o evento Cantapueblo, na Argentina, foi única e exclusivamente de caráter cultural", afirmou o grupo.

O coral ressaltou que recebeu apoio de outras instituições para viajar à Argentina, inclusive da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf). A coordenação do grupo disse ainda que, apesar de utilizar as dependências da ADPF para ensaios, não possui qualquer vínculo administrativo com a associação.
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PARCERIA REVOLTA JUÍZES

A CBF desagradou muitos magistrados ao convidar juízes e juízas federais para um torneio de futebol na Granja Comary, de 11 a 13 de novembro próximo. Hospedagem e material esportivo serão bancados pela entidade.

A convocação para o evento foi feita pelo juiz da 2ª Vara de Execuções Fiscais de São João de Meriti (RJ), Wilson Witzel, diretor de esportes da Associação dos Juízes Federais (Ajufe).

O OConselho Nacional de Justiça (CNJ) ainda não se manifestou oficialmente, mas poderá analisar o caso. A Ajufe, no entanto, não acredita na possibilidade. Segundo a associação, a parceria tem "caráter institucional" e faz parte do projeto social João de Barro.

"A licitude da parceria institucional entre a Ajufe e CBF (...) é incontestável e idêntica à realizada entre a CBF e o próprio Conselho Nacional de Justiça", diz a Ajufe.