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Presidente do Botafogo revela: “Recebi ameaças de morte”

Fúlvio Melo, Jornal do Brasil

RIO - Quando Botafogo e Palmeiras entrarem em campo, domingo às 17h, no Engenhão, muito mais que três pontos estarão em jogo. De um lado, os paulistas buscando o título brasileiro. Do outro, um time tentando evitar o segundo rebaixamento em menos de dez anos, diante de sua torcida e com jogadores como Jefferson, Juninho e Lucio Flavio identificados com o clube. Se vencer, o Botafogo permanece na Série A. Se empatar, terá de torcer pelo coirmão Fluminense. A derrota decreta o rebaixamento – palavra proibida no dicionário do presidente Maurício Assumpção. Em seu primeiro ano de mandato, a queda pode ser uma mancha histórica e irreversível. Na última quinta-feira, o presidente recebeu o JB para refletir sobre o seu primeiro ano à frente do clube e o fantasma do descenso.

Medo da queda

“Já estivemos em situação pior e nos livramos, como em 2004 (veja a memória abaixo). Vamos decidir em casa com o apoio da nossa torcida. Só precisamos vencer. Não tenho perdido o sono mas estou preocupado. Honestamente, sabia que teríamos um ano difícil. Queríamos fazer um Carioca digno e nos manter na primeira divisão. Assinei um compromisso prometendo não usar recursos do ano que vem. Se formos rebaixados, perderemos receita do Clube dos 13 (cotas de televisão) e patrocinador na camisa. Mas acredito na nossa permanência”.

Promessas não cumpridas

“Talvez minha principal frustração foi Marechal Hermes. Tinha o objetivo de iniciar as obras de um CT. Infelizmente, o terreno não é nosso. É do Estado. Acreditei que conseguiria resolver isso em seis meses, infelizmente não consegui. Precisamos revelar jogadores. O último jogador que o clube vendeu e teve algum retorno foi André Lima. Não conseguimos diminuir as dívidas, mas impedimos elas de aumentarem. Aos poucos vamos tentando melhorar as finanças do clube”.

Contratações em 2009

“Pegamos o time com apenas três titulares. Não tínhamos credibilidade para contratar. Não podíamos fazer exigências contratuais. Por exemplo, o Maicosuel tinha contrato de um ano e uma multa rescisória de 3 milhões. Oferecemos 2,5, os caras (Hoffeinheim) vieram e levaram. O mesmo aconteceu com o Jobson. Para mantê-lo era quase todo o dinheiro que conseguimos levantar do fundo. Mas nesse fim de ano já tivemos jogadores de Seleção brasileira ligando para nós”.

Troca de treinador

“Outro momento difícil. Cheguei a declarar que Ney Franco seria meu técnico durante o mandato, na derrota por 4 a 0 para o Goiás, no Engenhão. A pressão interna pela saída dele era muito grande. Conseguimos segurá-lo por algumas rodadas. Depois da derrota para o Atlético-PR não teve jeito. Trouxemos o Estevam, jogamos contra o próprio Palmeiras, em São Paulo, contra o Cruzeiro. Infelizmente, tivemos muitos erros de arbitragem contra nós. Não é o principal motivo. Mas se tirarem nove pontos de qualquer time terá impacto. Tivemos erros internos e serão resolvidos”.

Homem forte do futebol

“O André Silva (vice de futebol) é um dos amigos que fiz no futebol. Teve mérito enorme na montagem do elenco. A pressão para a saída dele existe. Talvez seja melhor descansar um pouco. Não é fácil trabalhar em seu emprego normal, o dia inteiro, e, ainda vir para o clube resolver problemas. Mas a saída dele ainda não está definida. Depende muito da permanência ou não na primeira divisão. Aliás, quem vai decidir se continua ou não será ele”.

Impeachment e ameaças

“Quando você está do lado de fora, tem ideias mirabolantes. Mas sentado na cadeira de presidente a coisa muda de figura. Essa história de impeachment é uma espécie de ameaça. O estatuto do clube não permite. Comunidades do Botafogo são criadas, divulgam o endereço do meu escritório. Na última segunda-feira recebi ameaças de morte. Ameaçaram quebrar meu escritório dentário. Resolvi não atender nenhum paciente. Não posso colocar em risco a vida dos meus pacientes. Não penso em contratar seguranças. Abri mão de muita coisa. Tenho uma casa de campo que não vou há mais de um ano. O caseiro não deve lembrar minha cara. Querem me fazer desistir, mas não vou largar tudo”.


Legado do primeiro ano

“Conseguimos trazer o Xoxô, antigo treinador de Remo. Hoje temos uma grande revelação em um dos esportes mais tradicionais de clube. Fizemos uma nova sauna para os associados e em breve teremos um restaurante na área das piscinas. Conseguimos dar início ao processo de viabilização do Stadium Rio (Novo nome do Engenhão). Mas a melhor coisa foi termos mapeados o quadro de funcionários do clube. Vamos ter um 2010 melhor com certeza“.

Crença na salvação

“Nas últimas semanas vi jogadores com a cara fechada. Se pudesse escolher, gostaria que o Alessandro (lateral-direito) marcasse o gol salvação. Nenhum deles merece cair, Lucio Flavio, Leandro Guerreiro, Juninho. Até o Jobson, que vai jogar no Cruzeiro, vai correr pela vitória, já que uma vitória nossa beneficia os mineiros. Não vou arriscar placar. Só quero escapar de qualquer jeito”.