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Jobson: 'Claro que tenho de ser punido, mas não banido, deixar de jogar futebol'

Em entrevista ao programa SporTV News, jovem atacante fala pela primeira vez a respeito dos dois exames antidoping que acusaram o uso de cocaína

GLOBOESPORTE.COM
Rio de Janeiro



Jobson quebrou o silêncio. Aos 21 anos de idade, o jogador que se destacou no Botafogo na reta final do Campeonato Brasileiro, falou com exclusividade ao SporTV News sobre a difícil situação por que passa (assista à íntegra da entrevista no vídeo ao lado). Flagrado duas vezes no exame antidoping por uso de cocaína, ele aguarda a data em que sentará no banco dos réus. Em jogo, a sua profissão. O atacante pode até mesmo ser banido do esporte (fique por dentro dos detalhes no fim desta matéria), mas vê um exagero na possibilidade de nunca mais poder jogar bola. Ao menos profissionalmente.

Passando as festas de fim de na sua cidade natal, Conceição do Araguaia, no Pará, Jobson confirmou o uso de cocaína, mas apenas uma vez, após a 36ª rodada do Brasileirão. Herói da vitória por 3 a 2 sobre o São Paulo, ao marcar o terceiro gol alvinegro no fim da partida, o jogador, que já tinha recebido o terceiro cartão amarelo, acabou expulso por tirar a camisa na comemoração. Suspenso automaticamente do duelo contra o Atlético-PR, no fim de semana seguinte, acabou, segundo ele, indo a uma festa em que fez uso pela primeira e única vez da droga.

- Fiquei empolgado com uma atriz. Não vou citar nomes porque não quero prejudicar ninguém. Estava fora do jogo e acabei usando, mas foi só aquela vez - diz Jobson, ciente de que não pode passar impune, mas também fazendo um apelo. - Lógico que eu tenho de ser punido, mas não como todos estão falando. Não tenho de ser expulso, banido, deixar de jogar futebol. A única coisa que eu sei fazer é jogar futebol.

A versão do atacante, no entanto, não bate com a data do primeiro exame, 8 de novembro. A partida diante do Furacão aconteceu no dia 22 do mesmo mês, ou seja, duas semanas depois. Assim, Jobson teria usado cocaína muito antes da festa que o próprio citou. Mas enquanto aguarda pela definição do futuro, ele se mostra arrependido diante da família (começou, em abril último, a construir uma casa para a sua mãe) e da primeira grande chance despediçada - o Cruzeiro havia acertado, junto ao Brasiliense, a compra de seus direitos econômicos. A direção da Raposa desistiu.

- Eu não fui o primeiro a errar, nem serei o último. Mas isso só me prejudicou. A negociação com o Cruzeiro deu para trás - lembra o jogador, que abre o sorriso ao falar da ajuda que passou a dar aos familiares. - Eles mesmos não esperavam por isso, mas é só o começo. Muita coisa ainda está por vir. Ainda tenho que terminar (a casa).

Entenda o caso

Jobson foi pego no exame antidoping realizado após a vitória por 2 a 0 do Botafogo sobre o Coritiba, no dia 8 de novembro, e o uso de cocaína acabou ratificado pela contraprova realizada pela Confederação Brasileira de Futebol. Sorteado para nova coleta, ao fim do jogo contra o Palmeiras, em 6 de dezembro, o atacante foi novamente pego por uso da substância proibida. O segundo teste para comprovar ou não mais um caso de doping, no entanto, não foi feito, uma vez que a CBF não fez a solicitação. Ele está suspenso preventivemente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por 30 dias, e o julgamento deverá ser marcado para janeiro.

O futuro do atacante, por enquanto, pode ser considerado uma incógnita. Aos 21 anos, ele pode ser banido do esporte, mas ao mesmo tempo pode pegar um gancho mais "leve": até quatro anos de suspensão. As leis mundiais antidoping preveem que um atleta seja banido do esporte se for condenado duas vezes por uso de substância proibida. No entanto, existe a possibilidade de a pena ser somente agravada, e assim Jobson poderia pegar uma suspensão de até quatro anos. Esta será linha de defesa traçada para o jogador, ou seja, que os dois

casos sejam transformados em apenas um, acabando com o risco de reincidência.