Plantão
Demétrio Weber
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou nesta sexta-feira que apenas casos de pacientes em estado grave infectados pelo vírus H1N1 farão o teste de confirmação laboratorial e receberão remédio antiviral.
O ministro orientou as pessoas com sintomas de gripe a procurar a rede regular de saúde e não os 68 hospitais de referência no país. O objetivo é evitar filas nestes hospitais, reservando seus leitos para pessoas realmente infectadas e que corram risco de morte.
- Temos que preparar o sistema de saúde para que haja leitos para pessoas com gripe H1N1 - disse Temporão, lembrando que metade dos testes feitos pela Fiocruz deu negativo e outros 21% indicaram gripe comum.
O Ministério da Saúde informou que o grau de letalidade do vírus H1N1 é de 0,4%, o mesmo de uma gripe comum. O atendimento nos hospitais de referência só ocorrerá quando o paciente for encaminhado por um médico.
Em relação aos exames laboratoriais, o ministério entende que não há necessidade de confirmar todos os novos casos da doença já que 99,6% deles evoluem para cura, como nas gripes comuns. Uma rede de 62 unidades de monitoramento ficará responsável por fazer exames amostrais em bairros, escolas ou cidades onde haja surto da doença.
Temporão disse também que o número de casos de H1N1 deve aumentar por causa do inverno.
Segundo ele, a proporção de pessoas que contraíram o vírus no Brasil vem aumentando. Há três semanas, apenas 6% dos casos foram de pessoas que contraíram a doença no Brasil. Na semana passada, esse índice subiu para 30%.
Segundo o ministro, porém, o Brasil não vive uma situação semelhante da Argentina, nem do Chile.
Argentina: ministro estima 100 mil casos de gripe suína; país ultrapassa México e EUA
Isto é, no Brasil não há a chamada livre circulação do vírus já que a contaminação da doença ocorre em viagem ao exterior ou em contato com quem esteve em outro país.
No Rio Grande do Sul, o secretário estadual de Saúde, Osmar Terra, afirmou nesta sexta-feira que uma epidemia de gripe suína é "inevitável" no estado em função do número crescente de casos da doença na Argentina. O secretário disse, no entanto, que não há motivo para pânico, porque o índice de letalidade da gripe suína é menor que o da gripe comum.
- Como se trata de uma gripe leve, com menos danos que a gripe comum, não é necessário fechar a fronteira. O que nós vamos fazer é retardar ao máximo o surgimento da epidemia e com isso mantê-la mais controlada.
No Brasil, 756 pessoas foram contaminadas. Foram confirmados nesta sexta-feira 19 casos de infecção: sete em São Paulo, seis em Minas Gerais, dois no Rio, dois no Rio Grande do Sul, um no Paraná e um no Mato Grosso do Sul. Grande parte dos pacientes contaminados até agora já recebeu alta ou está em processo de recuperação.
Temporão disse que a política de vigilância sanitária segue inalterada nos portos, aeroportos e nas fronteiras. Ele continua aconselhando os brasileiros a não viajarem para a Argentina e Chile, que apresentam muitos casos de gripe suína.