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Leandro Guerreiro quer ser lembrado por títulos

Volante espera não ficar marcado só por longevidade no Bota

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Leandro Guerreiro renovou contrato com o Botafogo por mais três anos na última semana (Crédito: Cléber Mendes)


Pouquíssimos são como ele. Marcador dedicado em campo, fiel ao escudo alvinegro acima de tudo. Trazendo Nilton Santos como parâmetro, o volante mais aguerrido que o Botafogo já teve nas últimas décadas deu nesta semana mais um passo para perpetuar sua História no clube, ao estender seu contrato por mais três anos.

Em entrevista ao LANCENET!, Leandro Guerreiro, estrela solitária no coração da carente torcida, diz que não admite encerrar sua passagem por General Severiano sem levantar ao menos um troféu de expressão. Nem mesmo a péssima fase do time, lanterna do Brasileirão, o faz repensar.

Afinal, saiu aplaudido em meio às vaias depois da goleada para o Goiás, sábado, partida em que também confessou sua culpa, e que por tudo envolvido se tornou das mais marcantes.

LANCE!: Qual a razão principal para a renovação de contrato?

Não quero estar em qualquer outro lugar. Admiro aqueles que são fiéis aos clubes e marcam sua história. Além do Juninho Pernambucano, do Rogério Ceni, exemplos disso, me espelho no próprio Nilton Santos, que só jogou pelo Botafogo. É tão incrível vê-lo ser reverenciado até hoje. Também quero ser esse cara diferenciado. Mas preciso ficar marcado por títulos, e não só por tempo no Botafogo. É um clube que me acolheu. Cheguei desacreditado e olha o que construí. Espero renovar de novo em 2012.

L!: Como é a emoção de ser um ídolo da torcida? Contra o Goiás, foi emocionante, não?

A relação é incrível, nunca imaginei algo parecido. Esse jogo contra o Goiás vai ficar marcado para sempre. O resultado foi o pior possível, mas, mesmo com o meu erro no quarto gol, a torcida gritou meu nome na hora. Tive mais certeza ainda de que o Botafogo é o meu lugar. Ninguém está livre de erros, e a identificação criada ajuda. Foi muito emocionante, apesar de ser uma partida que não podemos repetir.

L!: E a responsabilidade? Acaba sendo bem maior?

Claro, me cobro muito. Até porque sinto o que o torcedor sente, sou um representante em campo. A responsabilidade é maior, mas não tenho medo de assumir. Só me dá mais determinação para superar as dificuldades.

L!: A péssima fase assusta a ponto de já temer o rebaixamento?

Nem pensamos nisso. Não tem como esse trabalho dar errado. O grupo tem qualidade, muita vontade e já se conhece bem. Não fizemos aquele bom Estadual à toa. Há tempo para recuperar e, se começarmos a subir, talvez não paremos mais. Mas sabemos que reforços são sempre necessários.

L!: Há algum momento em que você consiga se desligar do clube?

Nessas épocas ruins, não. O melhor é ficar mais em casa, não tem como botar a cabeça no travesseiro e não pensar no Botafogo. Minha filha (Manuela), de 6 anos, volta chorando para casa porque fazem piadinhas com ela na escola. O que vou fazer? Só explicar que é preciso se fazer de surda. E me encher de vontade de mudar.

L!: Você trabalhou dois anos com a outra diretoria. Como tem sido a relação com a atual?

Hoje, vejo um clube no caminho certo da reestruturação. Sei que, assim, não vai demorar para o Botafogo voltar a ser um dos maiores nesse aspecto. Eles fazem tudo às claras, pagam em dia e há projetos em prática. Pesa, também, eles ficarem quase todos os dias conosco. Na verdade, nem parecem diretores, que têm aquela imagem de engravatados. São amigos mesmo, dão conselhos e sofrem junto. Por isso, lutamos muito por eles em campo. A outra diretoria era mais afastada. Mas, no fim, o que dá uma levantada na credibilidade são os resultados, e nisso vamos ajudá-los, garanto.

L!: E o Guerreiro quarentão? Já decidiu o que fazer?

Ainda não pensei, nem sei se tenho perfil de treinador, que grita e gesticula tanto. Mas posso aprender até lá, quem sabe? Caso surgisse a oportunidade de me dedicar ao Botafogo, seria ótimo, estudaria com carinho. Até porque não pretendo me afastar, vou ficar por aqui torcendo.