Rio, 22 de Julho de 2009
Tive a grande honra de fazer uma breve entrevista com Manoel Renha, uma pessoa extremamente querida e respeita por mim, onde ele abriu uma exceção em sua agenda lotada, por estar sempre longe da mídia e por ser um homem literalmente low profile. Então, vamos lá:
Malu Cabral – A pergunta que não pode faltar e que óbviamente cai nas maiores entrevistas: quem é Manoel Renha?
Tive a grande honra de fazer uma breve entrevista com Manoel Renha, uma pessoa extremamente querida e respeita por mim, onde ele abriu uma exceção em sua agenda lotada, por estar sempre longe da mídia e por ser um homem literalmente low profile. Então, vamos lá:
Malu Cabral – A pergunta que não pode faltar e que óbviamente cai nas maiores entrevistas: quem é Manoel Renha?
Manoel Renha – Brasileiro, 52 anos, Engenheiro, casado, Botafoguense desde os 7 anos
MC – Renha, sei que não gosta de ser citado assim, mas sei que você é um empresário que ficou conhecido por ser um dos principais colaboradores e investidores no Botafogo na gestão passada. Voce pode citar as principais melhorias ?
MR – Ajudei a gestão passada de Maio/2003 até Dezembro de 2007.
Me afastei em 2008 por divergir de alguns pontos fundamentais.
No dia seguinte aquele lamentável episódio ao fim da Taça GB 2008, o Montenegro me chamou para uma reunião de emergência no Ibope, já que o Bebeto tinha dito que estava renunciando. À noite, quando lá cheguei a renuncia já tinha virado licença.
Avisei que ajudaria então durante esse período apenas. Ganhamos a Taça Rio, ele voltou da licença e eu saí.
A volta a primeira divisão em 2003, o CT João Saldanha em 2004 e o Engenhão em 2007, são com certeza os destaques.
MC – Ano passado, o botafoguense citava seu nome com o preferido para vir a canditato a presidência do Botafogo. Porque não aceitou? Era uma empreitada muito louca? E por que?
MR – Para ser presidente do clube hoje em dia é necessário dedicação integral.Seria impossível viabilizar com as minhas atividades profissionais atuais, acabaria não conseguindo fazer bem uma coisa nem outra.
MC – Quem conhece o Renha discreto, o desconhece nas arquibancadas como torcedor. Em 2006, como Vice de futebol, foi punido pelo STJD por invadir o campo indignado com a atuação do juiz Wilson Souza de Mendonça no jogo Botafogo e Internacional. É doído ver o time ser roubado e se sentir impotente?
MR – Com certeza. Você vai acumulando uma série de fatos e tem um dia que acaba saindo fora de controle.
MC – Você é supersticioso, Renha? Pode nos contar se tem algum tipo de pé de coelho ou algo diferente em dias de jogo pra dar sorte?
MR – Já fui, mas hoje em dia não sou mais. Recentemente coloquei alguns painéis no CT em General Severiano. Em um deles têm a seguinte frase:
“ A vitória final é conquistada após cada dia de treinamento”.
Acredito em trabalho, dedicação e comprometimento.
É na Segunda-feira que começa-se a ganhar o jogo de Domingo.
MC – Como você está vendo a gestão Maurício Assumpção?
MR – Maurício assumiu o clube em situação muito complicada. 4 meses de salários atrasados, praticamente sem elenco, divisões de base abandonadas ( uma das minhas principais divergências com a gestão anterior) , cotas de TV de 2009 e quase todo o contrato com a Liquigas , que também vai até Dezembro de 2009, já antecipados.
A dívida do clube chega perto a R$ 250 milhões. É um desafio enorme.
Acaba sendo nesse momento inicial uma gestão de sobrevivência.
Ele também está tendo que entender rapidamente o mundo do futebol.
É uma pessoa séria, dedicada e apaixonada. Vai errar e acertar, isso faz parte da função. Só quem está envolvido sabe avaliar bem as dificuldades e pressões. Torço por ele e para que tenha sucesso.
MC – Sabemos que você tem uma grande admiração e amizade pelo jogador Lucio Flávio. Uma parte da torcida foi contra a volta dele. O que tem a dizer sobre isso? Ele está indo embora mesmo do Botafogo? E a multa rescisória que consta em seu contrato? Ela é obrigatória? Muita gente não entende de contratos com jogadores.
MR – Acho o Lucio uma pessoa séria, dedicada e comprometida. A avaliação do atleta vai ao gosto de cada um. No meu modo de ver é muito positivo tê-lo no elenco.
Acho difícil alguém ser unanimidade. Respeito a opinião daqueles que foram contrários a sua volta embora não concorde.
Qualquer atleta tem uma multa contratual estabelecida. Se essa multa for paga , o atleta tem o direito de ir embora.
MC – Renha, como você está vendo o futebol carioca tão criticado?
MR – Acho que precisa melhorar muito. Nosso campeonato não deveria ter mais que 8 clubes. Você têm uma série de jogos deficitários e sem apelo algum.
O nível técnico é fraco e os resultados enganam. Haja vista a performance de nossos clubes nos últimos Brasileiros.
A Copa do Brasil, por seu um campeonato mais fácil, já que os clubes brasileiros que disputam a Libertadores não participam, acaba sendo a melhor chance de se conquistar um título nacional.
Os clubes cariocas tem que procurar sempre melhorar suas estruturas. O Botafogo nesse aspecto foi que mais evoluiu nos últimos anos.
MC – A arbitragem no Brasil continua não muito séria. O que você acha disso? Há luz no fim do túnel?
MR – A qualidade é muito baixa. Acho que deveria ser um órgão independente e os árbitros profissionais dedicados somente a essa atividade.
Deveriam ter remuneração adequada a função e exigido preparo técnico e físico condizente .
MC – Os jornalistas comentam que os salários dos jogadores aqui no Brasil são fora de propósito ...Como você vê essa questão?
MR – Isso é uma questão de oferta e procura. Se você tem um orçamento realista e adequado às suas receitas, sabe quanto pode e deve pagar.
O mercado regula o valor dos salários.
Não fosse a herança das dívidas altíssimas, as receitas com TV e patrocínio no uniforme são razoáveis para a média de salários pagos.
MC – Hoje, afastado há quase 40 dias do Botafogo com um cargo de diretor sem pasta, onde sempre era atuante e investidor, você continua com poderes cuidando da administração do fundo de investimentos para a contratação de jogadores. É mais fácil olhar o Botafogo de longe?
MR – Não, mas por outro lado é importante renovar de tempos em tempos a direção. Novas pessoas e novas idéias.
MC – Renha, o que você espera do Botafogo do fututo?
MR – Espero que sempre se trabalhe dentro de um orçamento realista e se invista nas divisões de base. Voltar a fazer atletas de qualidade e em quantidade é fundamental.
Que se estruture o clube e desenvolva-se um projeto de sócio torcedor semelhante ao do Internacional que tem quase 100 mil pessoas.
É triste constatar que não temos nem 1500 associados adimplentes.
MC – Com que olhos você vê a volta de Dodô ao Botafogo. Depois de Tulio Maravilha, ele foi nosso único ídolo. O Botafogo está necessitando de um ídolos com urgência e a torcida clama a volta do Dodô...e agora?
MR – Gosto muito do Dodô e acredito que tive com ele um relacionamento muito bom em suas passagens em 2006 e 2007.
No entanto, ele vêm de parado a praticamente 1 ano e já com certa idade. É um atleta que se cuida muito, mas tem que ser bem avaliada esse tipo de contratação, caso haja mesmo interesse.
MC – Quem você sonharia para ser nosso camisa 10 e quem você sugere ser nosso camisa 10?
MR – Maicosuel se identificou muito bem no clube, mas infelizmente veio a proposta da Alemanha e embora tenha-se feito uma oferta bastante competitiva a nível de Brasil, ainda foi inferior a de lá.
Riquelme
MC - O Renha torcedor é um botafoguense muito fanático?
MR – Com certeza
Renha, muito obrigada por tudo, obrigada por guardar esse tempo na sua agenda para essa entrevista pra mim.
Renha, muito obrigada por tudo, obrigada por guardar esse tempo na sua agenda para essa entrevista pra mim.
Um beijo no coração
Malu
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