Zé Fogareiro – Antes de qualquer coisa, eu e toda a torcida mais apaixonada do Brasil te desejamos muita sorte. Seja bem-vindo ao Clube com a maior tradição do Rio de Janeiro. Bem, Maurício, estamos fechando o ciclo de uma diretoria que fez muito pelo Botafogo - e agradecemos bastante por isso - mas que mesmo assim insistiu em erros primários e repetitivos. Em sua gestão, o que você pretende fazer para acabar com essa imagem de amadorismo que, infelizmente, se instalou na direção do Botafogo?
Maurício Assumpção – Pretendo implantar um modelo de gestão profissional e participativa. Seguir o Estatuto do clube e fazer com que os departamentos tenham autonomia, mas ao mesmo tempo, sejam cobrados por meio de metas e produtividade.
Zé Fogareiro – É inevitável falar do Glorioso, hoje em dia, e não tocar no assunto “finanças”. Todos sabemos que a situação do Clube não é das mais confortáveis. Como torcedores, temos o sonho de nunca mais ver manchetes do tipo “Botafogo está com salários atrasados”. Na sua visão, há uma solução para isso? Se ela existe, qual é o atalho para chegarmos lá?
Maurício Assumpção – Solução existe, não será nada fácil. Ela passa por planejamento, redução de despesas e viabilidade de novas receitas.
Zé Fogareiro – Logo após o anúncio da nossa vitória na licitação do Niltão, vulgo Engenhão, o mesmo foi apontado como uma das grandes maneiras para a entrada de capital no Clube. Hoje, vemos um estádio utilizado e muito mal explorado. Como você pretende aproveitar os potenciais ainda adormecidos na nossa casa? Quais são eles?
Maurício Assumpção – As oportunidades comerciais do “Engenhão” realmente são grandes, mas no Brasil, poucos são os que têm experiência em administrar comercialmente um estádio como ele. Existe uma equipe trabalhando especificamente nesta área. A partir de janeiro, teremos novidades.
Zé Fogareiro – Quem (ou quais, não sei) será o responsável em comandar e responder por todo futebol do Clube no seu triênio? Para você, quais serão as principais funções desse(s) profissional(is)?
Maurício Assumpção – O Vice de Futebol será André Silva, trabalhando de maneira integrada com o Manoel Renha, que não aceitou um cargo fixo. O futebol do Botafogo será planejado por eles, cabendo a mim, “blindar” o trabalho deles.
Zé Fogareiro – Títulos. Essa é a parte mais gostosa de um planejamento, não é verdade? Você, como futuro presidente de um Clube grande como o Botafogo, sabe que será cobrado para engordar ainda mais a nossa sala de troféus. Sua direção terá algum projeto específico, visando uma competição, ou a proposta é montar um time forte para a temporada? Você acha que existe alguma possibilidade de nos protegermos contra a fatídica janela de transferências, no meio do ano?
Maurício Assumpção – Costumo dizer que não entro em competição nenhuma, foi assim no futebol de praia, apenas para fazer figuração. Sei que o primeiro ano será complicado, mas a intenção no segundo ano é ser Campeão Carioca e chegar a Libertadores de 2011, seja conquistando a Copa do Brasil (2010) ou ficando entre os quatros primeiros no Brasileiro (2010).
Zé Fogareiro – Na sua opinião, quais foram os erros e os acertos da última diretoria do Botafogo de Futebol e Regatas?
Maurício Assumpção – Não acho correto falar sobre erros. Só quem está lá sabe dos problemas que está enfrentando. Quando eu sair, ao final de 3 anos, é bem possível que digam que eu errei em algumas coisas. Os acertos principais foram: volta à primeira divisão e a conquista de um estádio.
Zé Fogareiro – Da arquibancada, a impressão que dá, é que falta um parceiro mais ativo no futebol do Botafogo, atividade que movimenta o Clube. Como vai funcionar o seu processo de captação de novos investimentos? Você pretende trazer outros patrocinadores?
Maurício Assumpção – Investimentos só chegam com planejamento, organização e credibilidade. Temos que construir isso.
Zé Fogareiro – Para finalizar, deixe aqui o seu recado exclusivo para toda a Torcida do Botafogo que, a partir de agora, deposita todas as esperanças no seu mandato de sucesso.
Maurício Assumpção – Acreditem e continuem do nosso lado, pois vocês fazem a grande diferença.
Zé, esperamos os campeonatos acabarem para, enfim, espinaframos quem tinha que ser espinafrado. Continuamos cobrando de quem deve ser cobrado. Mas entendo que é hora também de começarmos a proteger o nosso Clube de coração.
O excesso de exposição dos nossos problemas está beirando o linchamento público de alguns nomes. Isso respinga na imagem do Botafogo.
Vivemos em uma democracia – Graças a Deus, Buda, Alah e todos os outros. Cada um tem sua forma de pensar. Mas injustiças são sempre execráveis.
Podem criticar, mas tentar acabar com a Estrela Solitária, jamais. Por isso, acho que é hora de fecharmos as janelas e tentarmos resolver as coisas entre nós, que somos a alma do Botafogo.
Zé, é hora de nos unirmos. Animado com os novos ventos que soprarão em General Severiano, quero arrumar a casa, levantar a cabeça, colocar a faca entre os dentes (de novo) e partir para mais desafios.
Que o Maurício seja o estandarte da mudança, porque nome de fato histórico Botafoguense ele já tem. Excelente sinal. Te vejo no Niltão, no próximo sábado contra o patético do Paraná. Afinal, é sempre mais gostoso ganhar de rubro-negro.
Abração, Zé!