Bebeto pagou dívidas, mas clube ainda deve
Presidente superou problemas, mas não deixará seu legado na melhor das condições
Engenhão poderia ter ajudado bem mais a diminuir o passivo
Carlos Monteiro RIO DE JANEIRO
Com a eleição de Maurício Assumpção, quinta-feira, em General Severiano, chega ao fim o ciclo de Bebeto de Freitas no Botafogo. Foram seis duros anos. Quando Bebeto chegou à presidência, em 2003, o Alvinegro vivia a pior fase de seus 104 anos de história.
Como se fosse pouco o atraso de quase cinco meses nos salários e o corte do fornecimento de água por falta de pagamento no Caio Martins, o clube vivia em tensão, por conta da queda para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Ex-jogador e treinador da Seleção Brasileira de vôlei vice-campeã olímpica em Los Angeles, Bebeto assumiu o Botafogo depois de uma rápida passagem pelo Atlético Mineiro, onde foi o executivo do departamento de futebol de 1999 a 2001. E ele deverá ser outra vez o homem-forte do futebol do Galo, em 2009.
O atual presidente, quando assumiu o clube, além dos cortes de água e de luz em algumas sedes, logo de cara enfrentou problemas com as contas da gestão anterior. O grupo de Mauro Ney Palmeiro, antecessor de Bebeto na presidência do Alvinegro, não declarara no balanço de 2002 a dívida de R$ 107.402.189,00 referentes a impostos federais, hoje pagos com recursos da Timemania.
Segundo o contador Washington Luiz Neira, responsável pelos balanços da gestão de Bebeto de Freitas de 2003 até hoje, o Botafogo faturou R$ 200 milhões e gastou R$ 164 milhões nesses seis anos. A diferença, R$ 36 milhões, foi utilizada, segundo Washington Luiz, para pagar dívidas deixadas pelas várias administrações anteriores.
Mas o legado de Bebeto de Freitas para Maurício Assumpção não é dos melhores. Hoje, segundo o contador alvinegro, a dívida do clube é de R$ 240.009.948,00.
O Engenhão, principal jóia da administração que chega ao fim, poderia ter ajudado bem mais a diminuir o passivo. Além de arrecadar pouco, o estádio custa caro.
O aluguel sai por R$ 30 mil e a manutenção gira na casa dos R$ 400 mil mensais.