Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro
Assim como Copacabana, o Maracanã é a casa de Joel Santana. E foi mais uma vez naquele palco que o treinador conquistou no último domingo seu 11º título de turno, que em maio pode se transformar no sétimo troféu do Campeonato Carioca. À beira da praia mais conhecida do Rio de Janeiro, ele pôde, mais relaxado, relembrar mais um momento de glória e pensar no futuro e no reconhecimento que deseja para si.
Joel Santana ajeita a camisa para a entrevista
Acostumado a celebrar muitos títulos no Maracanã, Joel Santana não esconde a vontade de ser eternizado. Mesmo em tom de brincadeira, lembrou as conquistas no estádio e, por isso, disse achar por bem ganhar um espaço na Calçada da Fama.
- Todas as sedes dos clubes têm a minha história. Já ganhei muito no Maracanã. Bem que poderiam colocar minha prancheta ou qualquer outra coisa minha na Calçada da Fama - brincou.
No lugar do laptop, a prancheta. Em vez das palestras, a conversa antes das partidas. São atitudes como essas que fazem Joel Santana celebrar mais uma conquista e se orgulhar de ser um treinador sem os vícios de muitos dos colegas de profissão.
- Cada um tem a sua maneira de trabalhar. Eu gosto de fazer anotações à beira do campo para fazer minhas observações aos jogadores nos intervalos das partidas. Está tudo arquivado e, se quiser, posso achar tudo o que foi feito durante um ano campeão, por exemplo. Sou à moda antiga mesmo, com orgulho.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Joel Santana:
Dia seguinte à vitória
"Muitas pessoas me ligaram, mandaram mensagens e não tive tempo de agradecer, por causa de muitos compromissos. Ainda preciso cuidar da minha saúde, por isso acho que ainda vou dar uma pedalada hoje. O futebol é desgastante, e a vida não é feita só de rosas. Mas fico feliz por ver, em menos de um mês, que as coisas estão bem desenvolvidas no Botafogo."
Estrela
"Não invento nada. Minha maneira de jogar é a mesma, mas cheguei a ela depois de experimentar e ver que as coisas deram certo. Venho conquistando títulos utilizando o mesmo sistema, fazendo alguma diversificação de acordo com os jogadores que tenho. Sinto a necessidade de fazer um livro contando os bastidores do que passei. É fácil falar depois das vitórias, mas também já perdi. Infelizmente trabalhei em alguns clubes no momento errado."
Botafogo
"A gente sente que está bem em um clube pelo roupeiro, e não pelo presidente. Desde que cheguei fui muito bem recebido por todos no clube, que tem uma boa estrutura. O time do Botafogo está encaixando, está ficando bom. Quero ganhar com gol de cabeça, de barriga... O que fica no futebol é o resultado final. Daqui a dez anos vai estar escrito que fomos campeões da Taça Guanabara. O pôster está aí."
Sequência da temporada
"Ainda preciso conversar sobre isso com diretoria e comissão técnica. Não se pode definir da noite para o dia o planejamento da Taça Rio e da Copa do Brasil. Priorizar é relativo, pois como vai ficar se a gente perder para Vasco e Fluminense? A torcida quer vitórias. O mais importante é mantermos os pés no chão e sabermos que ainda não temos a “abelhinha dourada”. A classificação para a final foi importante, mas falta o título. No segundo turno os adversários estarão de olho, porque sabem que, se errarem, o Botafogo leva."
Reforços
"Se eu falar muito disso, enfraquece o nosso grupo. Mas será preciso de peças de reposição, principalmente no Campeonato Brasileiro. Apenas agora vou conversar com as pessoas que me envolvem, pensar no que precisamos e também analisar aqueles que não estão correspondendo."